Previsão de Ondas

Brasil ok, Teahupoo nem tanto

Oceanógrafo Heitor Tozzi apresenta previsão de ondas animadora para o Brasil. Porém, previsão para Teahupoo, onde acontece etapa do CT, é de mar abaixo das expectativas.

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Cartas de pressão atmosférica ao nível do mar em 1000 hPa, para terça-feira, dia 08/08/2023, com base na previsão do GFS. Zona de geração nas Malvinas vai garantir ondulação de sudoeste-sul na terça, quarta e quinta de sul, sexta e sábado de sudeste (Fonte: www.wxmaps.org).

Altas! Mais de cinco dias de ondas boas, porque nesta quarta ainda tem onda por este Brasil. No Nordeste, a previsão segue igual ainda, com as lajes de pedra e coral funcionando com direção sul-sudeste. Vai receber uma nova ondulação acima de 2 metros no meio da semana e outra no fim de semana.

A previsão está indicando uma renovação da intensidade da ondulação com outro ciclone passando nas Malvinas, e podemos esperar outro para o fim de semana, 12 e 13 de agosto.

A máquina de sul ligou e colocou uma ondulação grande, com mais de 3 metros de altura significativa em algumas praias do Sudeste, como Itacoatiara, Leme, São Conrado e Saquarema no Rio de Janeiro; Pitangueiras e Tombo, Guarujá, em São Paulo; região de Vitória, Vila Velha e Guarapari, no Espírito Santo. Aquele fim de semana que fica na memória.

Esse último ciclone entrou varrendo desde o Oceano Pacífico, apontado no sentido meridional, favorecendo toda uma circulação atmosférica e oceânica que vai manter a porteira aberta do Atlântico Sul por mais uns dias.

E vem outra tempestade com praticamente as mesmas características na terça-feira no Sul e quarta-feira no Sudeste. A alta pressão polar entra pela Patagônia Argentina, com o ciclone entre as Ilhas Malvinas, Sanduiche e Georgia do Sul, forma uma zona geração paralela a costa da América.

Cartas de pressão atmosférica ao nível do mar com base na previsão do GFS. Baixa pressão bem ao sul que está indo embora nas Ilhas Sanduiche e Georgia do Sul nesta quarta-feira, gera ondas boas de 1,5-2 metros na quinta, sexta e sábado.

Na região Nordeste, os ventos alísios de sudeste mantem a geração de ondas misturadas com a ondulação de Sul que chegou. Sexta-sábado, um novo ciclone vai se formar na região das Malvinas, e já aparece na circulação da onda de Rossby sobre o Pacífico. A pista de vento de geração de ondas de Sudoeste na sexta e ciclone extratropical de sul previsto para no sábado (Fonte: www.wxmaps.org).

Agora temos o final da alta polar colocando vento terral, que foi forte no Sul e na Ilha de Floripa, uma de instabilidade no Rio Grande do Sul. Um ciclone no Sul em função da piscina de água quente que se formou na região sul do Rio da Prata gera ondas para quinta, sexta e sábado.

Sobe primeiro no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na quarta em São Paulo e Rio de Janeiro, e sexta no litoral do Espírito Santo e Norte do Rio e Sul da Bahia.

Nordeste tem recebido ondas de duas zonas de geração distintas, mas relacionadas, então recebe ondas toda essa semana, o problema é o vento que deve prejudicar a formação das ondas. No sábado deve ser o melhor dia.

Para dissipar essa piscina de calor, veremos então uma sequência de ciclones fortes nas Malvinas. Assim, os ciclones no sul do Brasil podem começar a voltar, e podemos esperar tempestades e chuvas no Sudeste a partir do equinócio da primavera, outubro, novembro e dezembro. Então, se preparem para os fortes ciclones que devem subir das Ilhas Malvinas em direção a região sul

Cartas de pressão atmosférica ao nível do mar em 1000 hPa, para sábado dia 12/08/2023, com base na previsão do GFS. A baixa pressão ao sul do Rio da Prata se forma de sexta-para sábado, e a ondulação só deve chegar na segunda e terça-feira da próxima semana (Fonte: www.wxmaps.org).

Previsão das Ondas

Região Sul: Mar grande acima de 2 metros com direção de sudoeste rodando para S é o que vai rolar nesta terça e quarta-feira no Rio Grande do Sul e depois em Santa Catarina.
Este ciclone vai colocar ondas grandes em todas as praias expostas para direção sul, muito ruim para os principiantes, que vão ter que escolher os picos mais protegidos.

No Rio Grande do Sul, aquele jeito de ressaca 2,5-3 metros e 13 segundos. Mesmo que a ondulação venha de longe, o vento sudoeste-sul gera um aspecto de mar mexido.

As ondas podem aparecer um pouco menores e mais mexidas ainda na terça e quarta, com altura significativa entre 2-2,5 m para Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com mais corrente costeira e vento maral, porque este ciclone jogou a frente fria na direção da região sudeste do Brasil.

A ondulação vira para  sudeste na quinta e sexta, quando devem ser os melhores dias e vento favorável. Enquanto um novo ciclone se prepara para rodar no sábado. Isso significa que o mar não vai baixar muito, teremos um vento pré-frontal mais forte de leste na sexta fim de tarde e sábado.

Em Santa Catarina, as praias da Barra da Lagoa, Ferrugem, Silveira, Campeche, Santinho Barra da Lagoa e Matadeiro (a praia mais protegida do vento na Ilha de Floripa), Matinhos e Ilha do Mel, no Paraná, só que dessa vez com influência do vento maral, que não tivemos na ondulação do fim de semana.

Gráfico de altura significativa e período de pico feitos pelo colega João Dobrochinsky, mostram ondulação grande de 14-12 segundos e 2-3 metros toda a semana. As ondas devem ficar entre 1,5-2 metros com series maiores em Florianópolis (Fonte: NOAA).

Região Sudeste: Chegada da nova ondulação de sudoeste na quarta-feira à tarde, enquanto isso o mar grande do fim de semana perde força com os ventos pré-frontais, pois a frente fria se organiza na região.

Na terça-feira ainda temos uma ondulação de sudeste, mar em transição com influência de vento leste em São Paulo e de nordeste no Rio de Janeiro. A ondulação boa deve ocorrer na quinta, fim de tarde, sexta e sábado com boas ondas. Domingo, o vento roda forte para leste, quando começa uma instabilidade pré-frontal na região sul.

A ondulação de sudeste fica até quarta-feira muito boa por sinal, quando entra a ondulação de sudoeste-sul que deve encaixar melhor nas praias do litoral norte de São Paulo melhor na sexta e sábado.

A zona de geração ao sul do Rio da Prata significa ondas mais limpas e período bem definido. O vento deve ser o único fator ruim nas praias do Rio de Janeiro, pois esta ondulação chega com influência de frente fria e deve prejudicar a formação das ondas.

Na sexta, os melhores picos devem ser Prainha, Grumari, São Conrado, Posto 3 da Barra, Posto 8 de Ipanema e Copacabana, quando a condição do vento fica melhor.

Região Nordeste: A ondulação de sul vira na terça, conforme previsto anteriormente. Ondas de 2 a 2,5 metros devem quebrar nas lajes de fora, com vento sudeste maral moderado a forte. Isso gera uma condição de ressaca nas praias mais expostas ao vento.

O maior dia na semana será quinta à tarde, com altura significativa de 2,5-3 metros e período de pico de 16 segundos para quebrar grande algumas lajes de coral mais afastadas.

A altura significativa vai abaixar para 1,5 a 2 metros e 13 segundos de período na sexta, mas o vento continua maral moderado a forte.

Há uma mistura de duas ondulações distintas, o sudeste que está mais picotado com a ondulação mais limpa de sul. Infelizmente, a condição de vento maral prevalece a semana toda.

Região Norte: A ondulação de norte entrou com altura de 1 metro, porém o período muito curto de 10 segundo indica que não foi uma ondulação muito boa pela ação dos ventos alísios de sudeste.

Os horários de maré seca e sem vento no turno da manhã devem favorecer as melhores ondas. Fica um sobe e desce com influência de maré. Na semana vamos receber uma nova ondulação de Norte na quarta-feira, e sexta-feira um pouco maior, fazendo um sábado de boas ondas de 1 a 1,5 metro.

As praias da foz do Rio Parnaíba, Pecém e Paracuru, no Ceará, devem quebrar em condições regulares devido ao vento. Já no litoral do Maranhão, a região de Alcântara tem boas ondas e no Pará é Salinas que sempre pode reservar um bom surfe.

A maré pode ser um fator mais influente na condição das ondas e quarta-feira pela manhã podemos ter a melhor condição. A dificuldade continua sendo os ventos alísios que sopram de moderado a forte nessa época do ano.

Previsão para Teahupoo

Ondas de sul-sudeste com 2,5 metros e 13 segundos, geradas pelo cinturão depressivo do Pacífico Sul, tem o pico nesta quarta-feira dia 10/08.

Lembrando que Teahupoo quebra bem de sul/sudeste, e essa deve ser a condição de início da etapa da WSL. A direção favorável, com ondas vindas de sul-sudeste com 1,5 metro na sexta e sábado dia 12/08/2023, a altura significativa fica entre 1-1,5 metro.

Domingo, dia 13/08, é prevista uma nova pressão de sudeste, com período de 11-12 segundos, e altura das ondas entre 1,5-2 metros na série. Não sobe muito, pois o ciclone está mais afastado da costa, mas é um mar limpo com vento bom.

Essa condição de ondas deve baixar na terça-feira e, provavelmente, quarta/quinta uma nova ondulação deve ser gerada na região do Oceano Antártico.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.