Dica de pro

7 picos pra aprender a surfar

Chloé Calmon apresenta os melhores picos no Brasil para você começar sua jornada no surfe.

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Chloé Calmon desfruta de toda a diversão e alegria que somente o surfe pode proporcionar.Arquivo pessoal / Chloé Calmon
Chloé Calmon desfruta de toda a diversão e alegria que somente o surfe pode proporcionar.

Aprender a surfar pode gerar um monte de dúvidas e ansiedades, a começar por onde aprender, já que nem sempre a praia que você frequenta é a ideal. Pensando nos iniciantes, o Waves, junto com Chloé Calmon, separou uma lista com sete ótimos picos para longboard, com ondas mais cheias, um pouco mais lentas e, portanto, mais seguras para quem ainda está começando, para que o aprendizado se transforme em momentos inesquecíveis de prazer e alegria.

Região Nordeste

Água quentinha, praias maravilhosas e boa infraestrutura de turismo. Nordeste é tudo de bom e tem várias opções de picos seguros.

Chloé Calmon durante a conquista do título de Campeã Brasileira em Jericoacoara.

Praia Principal – Jijoca de Jericoacoara – Ceará

Característica da Onda: Direitas, pequenas e longas.
Tipo de Fundo: Misto – areia e pedra.

Visual paradisíaco, ótima estrutura para turismo, água quente. Jericoacoara oferece ondas pequenas (porém extensas). É palco tradicional do Campeonato Brasileiro de Longboard, no qual Chloé Calmon foi campeã em 2020. “Jeri é o paraíso para surfistas de longboard e iniciantes. É uma onda longa, normalmente pequena, com fácil arrebentação, sem corrente”, revela Chloé.

Se em parte do ano o litoral do Ceará recebe forte influência dos ventos alísios, fazendo a cabeça dos kitesurfistas, durante o verão e outono eles ficam bem mais amenos, melhorando a condição para o surfe. A melhor época para surfar em Jeri é de Janeiro a Abril, quando as ondulações aumentam e o vento fica mais fraco.

Jericoacoara (CE) oferece boas condições para a prática do longboard.

Praia do Madeiro – Tibau do Sul – Rio Grande do Norte

Característica da Onda: Direitas extensas e perfeitas.
Tipo de Fundo: Misto – areia e pedra.

A Praia do Madeiro fica a três quilômetros do Centro da Pipa, vila no município de Tibau do Sul (80km de Natal). O acesso é fácil por estrada asfaltada. A praia oferece escolinhas e tem excelente infraestrutura para passar o dia. Conhecida por suas direitas intermináveis, ganhou o coração dos longboarders de todo o Brasil.”É bem comum dividir o outside com golfinhos”, diz Chloé.

A onda do Madeiro é bem constante, tanto no verão quanto no inverno. Quebra sobre uma bancada de pedra com areia e, por isso, é muito perfeita. Essa característica ajuda o surfista iniciante a entender onde deve se posicionar. A presença de várias escolinhas de surfe leva muita gente para a água e o crowd pode ser um dificultador.

Dica de Pro: “A Praia do Madeiro é cercada por falésias. Precisa descer uma escada bem longa para ir surfar – normalmente a galera deixa as pranchas nas escolinhas na praia para não ter que subir e descer os degraus com a prancha”, explica Chloé Calmon.

Ondas perfeitas da Praia do Madeiro, na Pipa (RN).Cícero Júnior
Ondas perfeitas da Praia do Madeiro, na Pipa (RN).

Região Sudeste

Várias opções de fundo de areia, praias de fácil acesso, bonitas, e geralmente com boa infraestrutura.

Praia D’Ulé – Guarapari – Espírito Santo

Característica da Onda: Direitas e esquerdas, curtas e cavadas.
Tipo de Fundo: Areia.

Localizada no município de Guarapari, a cerca de 35km de Vitória via Rodovia do Sul, a Praia D’Ulé tem ondas potentes. Elas são mais desafiadoras para o iniciante do que o restante das indicações. Em geral, o estado do Espírito Santo é famoso pelas ondas pesadas e tubulares. Mas escolha um dia de ondulação pequena e aproveite a areia fofa nos cerca de 4 quilômetros de extensão de praia próxima a uma reserva ambiental. No beach break quebram direitas e esquerdas. A melhor época é o inverno, com ondulação de Sul. Cuidado com algumas pedras submersas! No verão, costuma ficar flat.

Direitinha na Praia do Ulé.

Praia da Macumba – Rio de Janeiro

Característica da Onda: Cheias e extensas.
Tipo de Fundo: Areia.

A Praia da Macumba, quintal de Chloé Calmon – principal nome do longboard feminino brasileiro na atualidade – fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, logo depois do Recreio dos Bandeirantes, a cerca de 45km do centro da cidade. A orla oferece ótimas escolinhas de surfe, há vários quiosques, serviços, e é bom chegar cedo para estacionar o carro. Praia extensa, areia branca e fina, água fria e límpida. Diferente da maioria dos picos cariocas, a onda é cheia e longa.“Até meio metro é uma onda para iniciantes. Acima desse tamanho, é ideal para nível intermediário por conta da arrebentação,” diz Chloé, “Dá onda praticamente o ano todo. De maio a outubro pode ficar frio, é preciso usar um Long John, no máximo 3/2 mm”.

A Praia da Macumba recebe ondulações de praticamente todas as direções e, por isso, é bem constante. No outono e primavera as condições ficam melhores, especialmente com swells de Sul e Sudeste. É recomendável estar com bom condicionamento físico, porque as ondas quebram longe da areia. Por ser um dos melhores picos do Rio de Janeiro, o crowd é grande – mas ainda assim, um aprendizado: “quem já surfou na Macumba sabe que é um crowd animal. Ter crescido na praia da Macumba me deixa preparada para encarar qualquer crowd”, afirma Chloé Calmon.

Chloé Calmon se diverte em casa, na praia da Macumba.Arquivo pessoal
Chloé Calmon se diverte em casa, na praia da Macumba.

Praia da Baleia – São Sebastião – São Paulo

Característica da Onda: Direitas e esquerdas, cheias e extensas.
Tipo de Fundo: Beach Break.

Praia extensa de areia batida, bonita, ambiente familiar e com pouca estrutura de serviços, pois fica em área residencial. A Praia da Baleia, a cerca de 150km da capital, é destino de muitos surfistas paulistas (por isso pode ficar crowdeada) e oferece condições para diferentes níveis de experiência: o canto direito é o mais difícil, com ondas maiores; o meio tem boas ondas para surfistas intermediários; e o canto esquerdo, mais protegido, tem ondas menores, ideais pra quem está começando. 

As melhores estações são a primavera e o outono, e o pico depende de ondulações de Sul e Sudeste. “A praia é bonita e limpa, com picos variados, espalhados por toda a extensão. Rolam esquerdas e direitas”, comenta a campeã brasileira.

Praia da Baleia oferece boas ondas para iniciantes.

Posto 2 – Santos – São Paulo

Característica da Onda: Direitas e esquerdas, cheias e extensas.
Tipo de Fundo: Areia.

A 60 quilômetros da capital do Estado São Paulo, Santos é um dos berços do surfe no Brasil. Foi lá que, em 1938, Osmar Gonçalves, Thomas e Margot Rittscher surfaram as primeiras ondas no Brasil. É uma praia urbana, de grande extensão com várias bancadas. Para iniciantes, o pico ideal é no Posto 2, ao lado do Quebra-Mar, pois as ondas são cheias, mais lentas, abrem bastante e o crowd é mais amigável.

A carioca Chloé Calmon, vice-campeã mundial de longboard, é fã do pico: “É como se fosse minha segunda casa. É uma onda muito boa pra longboard”, diz. “As direitas são mais longas, mas há esquerdas também. Vale uma roupa de borracha no inverno”. É possível também contar com a primeira escolinha pública de surfe.

Direitas muito longas em Santos (SP).

Região Sul

Barra da Lagoa – Florianópolis – Santa Catarina

Característica da Onda: Direitas e esquerdas, cheias e manobráveis.
Tipo de Fundo: Areia.

A praia da Barra da Lagoa, ao Leste de Florianópolis, não é um pico muito constante, mas ainda assim adequado para iniciantes e oferece boa infraestrutura de serviços e escolinhas. O canto esquerdo da praia é o ideal para o surfe. Fundo de areia com águas cristalinas e frias, é mais frequente no outono e inverno. As ondas da Barra da Lagoa dependem de swells de Leste ou Nordeste para abrir direitas e esquerdas, mas atenção: quando o mar sobe, o pico fica crowdeado e não é tão bom pra quem está começando.

Direitinhas perfeitas na Barra da Lagoa, em Florianópolis (SC).