Previsão de Ondas

Maraca vai bombar

Segundo Heitor Tozzi, oceanógrafo especialista em previsão de onda do Waves, Saquarema deve receber boas ondas para as finais da etapa do CT no Brasil.

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Ciclone se prepara para rodar de terça para quarta feira e gerar ondas para o Campeonato de Saquarema.

Depois de uma semana de marolas de Rossby, finalmente um ciclone se prepara para rodar, está previsto para terça ou quarta-feira na frente do Rio da Prata e que vai abrir para o meio do Atlântico Sul, organizando a geração de ondas de S-SE.

Comentamos em outras matérias sobre a frequência de 15 a 30 dias das tempestades mais fortes do Atlântico Sul. No inverno, então, não tem erro. Porém, El Niño é um sobe e desce que gera incertezas na direção predominante da zona de geração das ondas.

O tempo firme ajudou a esquentar as águas do oceano e preparar a pista para este ciclone que vai transitar e espremendo a alta subtropical que tenta se manter na região sudeste.

Também já tínhamos avisado da dificuldade de prever as tempestades durante o período de El Niño, quando os ciclones predominam na região das Malvinas e, com sentido para leste, muitas vezes seguindo a deriva do vento oeste.

Eu esperava ver uma ondulação forte de SW, rodando para S e intensificando de SE, mas não é bem isso que a previsão está dizendo. A ondulação de W-SW vai passar batida e a alta vai dominar até quarta-feira.

No entanto, um ciclone vai se formar na altura do Rio da Prata vindo do Rio Grande do Sul e Uruguai (fez calor no sul), e intensificar nesta terça de madrugada, rodando forte na quarta-feira.

A World Surf League deve colocar os competidores na água na tarde de quinta-feira (quarta talvez, mas acho improvável), com uma primeira ondulação de E-SE com 1 metro que vai virar para S antes de voltar para SE.

O período começa com 11 segundos e aumenta para 12 na sexta, mas começa a baixar e voltar a subir no sábado. Quinta a ondulação chega com 2-2,5 metros (vento de S-SE), sexta o melhor dia com 1,5-2 e vento muito favorável e baixa no sábado para 1-1,5m (vento também deve ser favorável embora mais forte). O melhor dia é sexta-feira, quando as condições devem ser mais perfeitas.

Previsão das Ondas

Região Sul: Vamos ter ondas de S-SE na quarta, fim de tarde, na região entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, virando para S-SE na sexta, enquanto o ciclone se afasta da costa, garantido ondas boas até sábado.

Uma nova ondulação chega no domingo. Porém, mais fraca, gerada mais afastada da costa. Domingo inclusive toda a costa vai rolar aquele mar clássico de Sudeste com pouco vento e sol.

Os melhores picos no Rio Grande do Sul são as plataformas de Atlântida e Torres e Cidreira, Guarita e Molhes de Torres e o Cassino. Em Santa Catarina, na quinta e sexta, Ferrugem Silveira e Rosa (Garopaba), Mole, Joaca, Campeche (Floripa), Atalaia, Barra Velha e São Chico (região norte). No domingo, as ondas melhores quebram em Moçambique, Mole, Lomba do Sabão (Floripa), Ferrugem, Barrinha e Rosa Norte.

Previsão com dados da NOAA em Floripa (mais próxima da zona de geração) indica uma ondulação rápida gerada ao norte do Rio da Prata. Esta condição é chave pois só teremos ondulação na quinta de S com 2-2,5 metros, sexta de S-SE com 1,5-2 m, e vira para SE no sábado para 1-1,5 m. O período de pico vai ficar entre 12-11 segundos.

Mapas de pressão atmosférica em superfície para terça, quarta e quinta, mostram a passagem do ciclone pela região do Rio da Prata e Sul do Brasil, que vai rodar ainda nesta terça para quarta-feira, gerando uma ondulação de S-SE (Fonte CODA).
Mapas de temperatura e umidade relativa e ventos em 850 hPa para quarta, quinta e sexta, mostram a roda do vento de sul para sudeste acompanhando a geração das ondas de S-SE com a chegada de um cavado mais forte na região do Rio da Prata e Sul do Brasil. Sexta e sábado as condições devem ser melhores, embora a brisa marinha esteja presente (Fonte: CODA).
Previsão com dados da NOAA em Floripa (mais próxima da zona de geração), indica uma ondulação rápida gerada ao norte do Rio da Prata. Esta condição é chave pois só teremos ondulação na quinta de S com 2-2,5 metros, sexta de S-SE com 1,5-2 m, e vira para SE no sábado para 1-1,5 m. O período de pico vai ficar entre 12-11 segundos.

Região Sudeste: Quinta é o dia da ondulação maior, mas as melhores condições serão na sexta e sábado. Porém, termos uma nova subida de SE no domingo mais para o meio dia e à tarde.

A primeira ondulação chega na quinta com 2-2,5m e vai caindo para 1,5-2 na sexta e 1-1,5 no sábado, com período entre 12-11 segundos nos melhores dias.

No litoral do Rio de Janeiro, teremos condições excelentes para Saquarema, o Maracanã do Surfe, na sexta e sábado, mas principalmente sexta o vento será mais fraco com o afastamento do ciclone no sul.

Barra da Tijuca, Prainha, Arpoardor, Leme e, claro, em São Conrado, teremos excelentes ondas na sexta e um pouco mais baixas no sábado, virando e subindo de SE no domingo.

No litoral de São Paulo, essa ondulação de SE quebra em praticamente todos os picos. Então, sexta, sábado e domingo, quem mora em Sampa pode descer que vai pegar boas ondas. As praias de Guarujá, Ubatuba e Maresias, assim como litoral Sul vão garantir o fim de semana da galera.

Região Nordeste: A máquina continua ligada de E-SE, pois a alta subtropical não deu trégua. O vento que está atrapalhando e gerando marolas misturadas à ondulação. A região Norte da Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte vem recebendo ondulações com altura de 1,5 quase constante, e séries maiores.

A dica é a manhã, período com menos vento, mas a maré é outro item que deve ser considerado, e estamos saindo da quadratura para marés cheias. Chove também nas manhãs de quarta, quinta e sexta. Surfe garantido nas praias do Frances, Porto de Galinhas, Cabedelo e Baia Formosa.

Região Norte: Época de ventos fortes e paralelos à costa são a pedida para os Kite Surfistas, mas o modelo diz que teremos períodos de boas ondas durante as marés secas. Então, com Lua crescendo para cheia, podemos encontrar algumas boas ondas nos cantos das praias, e aí, Titanzinho e Paracuru sempre estão entre os picos mais constantes.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.