Previsão de Ondas

Cordilheira intensifica ciclones

Oceanógrafo Heitor Tozzi, especialista em previsão de ondas, explica que no Rio Grande do Sul e Santa Catarina mar sobe neste sábado, com 2,5-3 metros,. Domingo, ondulação chega à região sudeste.

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Zona de geração nas Malvinas garante ondulação de sudoeste no domingo e de sul na segunda e terça-feira (Fonte: www.wxmaps.org).

Em Teahupoo, Taiti, o pico da ondulação de sudoeste rolou na quarta-feira e ainda tivemos uma ondulação de sul-sudoeste na quinta. A tendência é virar para sul nesta sexta e sábado, depois a virada para sudeste. E um outro ciclone se forma neste domingo para segunda. Bem menor que o anterior, diga-se de passagem, mas numa orientação mais favorável ao pico.

Alguns usuários mais experientes perguntaram sobre a direção da ondulação de Teahupoo, que a melhor direção é de sudoeste-sul, e não de sul-sudeste. Diria que depende da ondulação, pois a que entrou na quarta-feira foi grande. Um ciclone bem grande, vindo de sul/sudoeste e depois sul, para enfim, uma ondulação de sul/sudeste. Penso que dura até sábado, mesmo tendo uma componente de sudeste.

Já a próxima ondulação terá dois dias de sudoeste, crescer e virar para sul. Talvez passe bem mais rápida e próxima da costa, o que pode não favorecer a direção dos ventos.
Por isso, se eu fosse o head-judge, colocaria as baterias nesta sexta e sábado, porque depois, somente na terça-feira teremos uma nova ondulação de sudoeste.

O ciclone anterior colocou ondas para cinco dias, quarta, quinta, sexta, sábado e, talvez, domingo. Enquanto o próximo ciclone pode colocar ondas para três dias (terça, quarta e quinta). Ah, mas tem uma componente de sudeste no domingo, e daí (?), se a ondulação for mais pesada e o vento favorável, ainda podemos ter campeonato.

Penso que domingo não, ou não todo dia. E assim acho bom garantir as baterias nesta sexta e sábado e depois retomar na terça e quarta. Talvez falte um dia (?), veremos.

O Pacífico não é o Atlântico, pois não tem a influência da Cordilheira dos Andes, e lá as ondulações são mais duradouras. Aqui, as tempestades são mais rápidas e intensas, como se a circulação tropeçasse na cordilheira e corresse para dentro do Atlântico. Resumindo, a cordilheira funciona como um fator intensificador dos ciclones.

Na América do Sul temos uma nova ondulação de sudoeste, virando para sul e sudeste e mantendo as ondas ainda ativas neste fim de semana, principalmente na região sul e nordeste.

A previsão para o Atlântico Sul é muito diferente, mas a ondulação já rodou para leste, com 8 segundos e 1,5 m. Uma segunda ondulação de fundo de S-SE com 11 segundos e 1 metro fica até domingo. Segunda-feira uma nova ondulação de sul invade as regiões sul e sudeste, e terça chega à região Nordeste.

No domingo baixa geral, enquanto o sul recebe uma ondulação de sudoeste, que vira para sul e cresce de tamanho na segunda-feira.

Zona de geração nas Malvinas garante ondulação de sudoeste no domingo e de sul na segunda e terça-feira (Fonte: www.wxmaps.org).

Ciclone extratropical nas Malvinas, com gradiente e zona de geração de sudoeste neste sábado e de sudoeste-sul no domingo.

Muitas vezes o que mostra na carta de pressão ao nível médio do mar, não é exatamente o que vai acontecer, mas esperamos que a circulação meridional prevaleça com nas duas últimas tempestades.

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina já sobe neste sábado, com 2,5-3 metros, e domingo a ondulação chega à região sudeste, provavelmente à tardinha. Na segunda, São Paulo e Rio de Janeiro e Espírito Santo com ondas de 3 metros na série. Terça-feira, a ondulação chega ao Nordeste ainda com bastante força, 2,5-3 metros período de 13-14 segundos.

Com ondulação forte de sul na segunda-feira, serão privilegiadas as praias de Itacoatiara, Leme, São Conrado, Saquarema no Rio de Janeiro; Pitangueiras e Tombo, no Guarujá; região de Vitória, Vila Velha e Guarapari, no Espírito Santo. Novamente clássico de sul com vento terral, dias que ficam na memória.

Previsão das Ondas

Região Sul: O ciclone nas Malvinas vai colocar, novamente, ondas grandes em todas as praias expostas para ondas de Sul. Mar grande acima de 2 metros com direção de sudoeste no sábado, rodando pra S e crescendo para 2,5 a 3 metros de altura significativa no domingo.

Mesma ondulação de uma semana atrás. O vento sudoeste-sul deixa um aspecto de ressaca no sábado no Rio Grande do Sul, provavelmente até o Farol de Santa Marta, com ondas 2,5-3 metros e 13 segundos.

Domingo, mar grande, com altura significativa entre 2,5-3 m para Rio Grande do Sul e Santa Catarina, vento maral e corrente de sudoeste moderada no RS e mais fraca em SC. Assim, Ilha do Mel e Matinhos, no Paraná, podem ser um excelente pedida para este domingo.

Segunda-feira deve ser o dia do clássico grande de sul-sudeste, com ondas de 2 a 2,5 metros. Mas não deve durar muitos dias, porque a alta pressão vai entrar novamente e dominar o sul e sudeste do Brasil. A ondulação vira para sudeste na terça e quarta, proporcionando os melhores dias para os iniciantes, com vento ainda favorável e ondas perfeitas.

Ciclone extratropical se prepara para rodar na madrugada desse sábado 12/08/2023 e vai gerar ondas de domingo no sul até quarta no nordeste (www.windy.com).

Região Sudeste: A chegada da nova ondulação de sudoeste no domingo à tarde, mar de sudeste na sexta-sábado, perde força com a virada para leste dos ventos pré-frontais. Segunda, a ondulação encosta no sudeste, e até domingo o mar de sudeste perde força.

No sábado pela manhã ainda temos uma força de sudeste, enquanto o ciclone se propaga para leste das Ilhas Malvinas. Boas ondinhas com vento terral. Domingo baixa, mas quem quiser pegar ondinhas pode buscar na Joatinga, Leme, Arpoador e Prainha, no Rio de Janeiro, onde pode ter brincadeira pela manhã.

Domingo à tarde vira para sudoeste, com altura significativa de 2 metros no início e maré meteorológica, possivelmente, no fim de tarde e madrugada. Segunda sobe para 2,5-3,0 metros, algumas séries maiores. Já na terça, a condição da ondulação se estabiliza em 2,0-1,5 m, antes de começar a baixar na quarta-feira.

A ondulação de sudoeste-sul deve encaixar melhor nas praias do litoral norte de São Paulo e no Rio de Janeiro na segunda e terça-feira. No Rio, São Conrado, Canto do Recreio, Ipanema, Leme, Itacoatiara e Saquarema; em São Paulo, Guarujá, Mongaguá e Itamambuca recebem bem essa ondulação.

No Espírito Santo vai rolar o clássico com bom tamanho, 2,0-2,5 metros na terça e quarta. Guarapari, Vila Velha e Regência devem quebrar altas ondas.

Região Nordeste: A ondulação de sudeste, mar meio picado por causa dos ventos da Alta Tropical, geram vagas misturadas a uma ondulação de sudeste.

Terça-feira vira para sul, com ondas de 2 a 2,5 metros, mas essa condição deve durar um dia, no máximo a manhã de quarta-feira, pois estamos chegando ao final do inverno e os ventos alísios de sudeste ficam mais constantes e podem manter a condição de mar picado.

Sexta, a direção das ondas vai rodar bastante, sábado e domingo sudeste-leste, segunda sudoeste fraco misturado a leste (mar baixo), e terça sobe de sul. Infelizmente a condição de vento maral permanece e, por isso, prefiram o surfe no período da manhã.

A altura significativa vai abaixar para 1,5 na quinta-feira, e rodar para sudeste, condição mais típica, e o vento contínua de moderado a forte.

Região Norte: Ondulação de norte entrou com altura entre 1-1,5 metro, oscilando bastante com a influência da maré.

Uma ondulação poderosa gerada na costa da África entre as Ilhas do Cabo Verde e Madeira, proporciona boas ondas com período de pico na casa dos 17 segundos.

Neste sábado, as ondas entram de Norte, com altura significativa de 1,5 metro, mas pode ter séries maiores. Assim, até a praia do Mosqueiro, na Grande Belém, deve quebrar.

O vento leste está previsto para entrar no domingo, o que deve prejudicar a formação das ondas e fazer o mar diminuir de tamanho.

Domingo ainda terá ondas com 15 segundos e varando entre 1,5-2 metros no domingo. Assim, as praias de Salinas, Algodoal, Coroa Grande, Alcântara e Foz do Rio Parnaíba vão ter boas ondas no fim de semana.

A condição será boa, com ondas de altura variando entre 1,-1,5 até terça-feira. Os horários de maré seca no turno da manhã devem favorecer as melhores ondas.

Previsão para Teahupoo

Ondas de sul nesta sexta-feira e sábado com 2,5-2 metros entre 13-11 segundos, geradas pelo cinturão depressivo do Pacífico Sul. Este ciclone extratropical foi bem grande e atuou numa superfície grande do oceano. Domingo, ainda de sul, mas com componente de sudeste, deve baixar para 1 metro com 1,5 na série.

Domingo é prevista uma nova pressão de sul-sudeste, com período de 11-12 segundos, e altura significativa de 1,5 metro na série. Essa condição de ondas vai baixar na segunda-feira, quando uma nova ondulação de sudoeste começa a ser fabricada, assim o campeonato pode recomeçar na quarta e quinta.

Segunda, um novo ciclone começa a se formar a sudoeste de Teahuppo, o que faz subir de na terça e quarta-feira. Todavia, este ciclone vai ser bem menor, quase a metade do ciclone anterior. Esse próximo não terá a mesma força de sul que o anterior, o que tira a possibilidade de uma componente de sul-sudeste no final do ciclo.

Teahupoo pode quebrar de sul/sudeste, mesmo que a direção preferencial seja de sudoeste/sul. O que eu quis dizer e não deixei claro, é que depende muito da intensidade do ciclone.

O ciclone extratropical de quarta-feira atuou numa região muito extensa do Oceano Pacífico, com gradiente forte de sul vindo desde a Antártida. Por isso, ainda no domingo podemos ter campeonato se as condições de sul-sudeste se mantiverem perfeitas, vento terral e tal. Improvável, mas possível.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.