Previsão das Ondas

Ciclones de primavera

Ciclone grande no Sul nesta sexta, outro na segunda para terça-feira, garantem ondas por toda a semana. Ciclone também no Hemisfério Norte gera ondas para região Norte.

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Imagem infravermelho do ciclone extratropical da última quinta-feira (INPE www.mapsat.inpe.br).

Neste fim de semana, a linha de instabilidade traz chuvas e boas ondas de sul e virando para sudeste para a regiões Sul e Sudeste, principalmente no sábado e domingo. Região Nordeste com ondulação de sudeste/leste, e região Norte com ondulação de norte.

Na região Sudeste pode-se formar um ciclone de segunda para terça-feira, depois de três dias de chuvas.

A primavera de El Niño trouxe tempestades semelhantes ao outono de La Niña, com os ciclones próximos da costa sul-americana. As baixas pressões intensas, às vezes vindas do continente na forma de linha de instabilidade, abrem para o oceano e iniciam a geração de ondas na pista criada pelos ciclones.

O ciclone extratropical da última quarta-feira, por exemplo, entrou em oclusão junto à costa de Mar del Plata, Argentina, e trouxe ventos fortes para o Rio Grande do Sul e Uruguai no momento que rodou (ciclogênese) no oceano.

Desta vez, foi um ciclone extratropical dos grandes mais ao sul do Rio da Prata, e com mais de 3 mil km de raio.

A frente fria avançou de Santa Catarina para Paraná e São Paulo, e nesta sexta começa a influenciar no Rio de Janeiro e Espírito Santo (imagem de satélite no infravermelho, que realça as nuvens mais altas).

Nas cartas de pressão ao nível do mar, vemos a baixa pressão ao sul do Rio da Prata se afastando nesta sexta-feira, enquanto a frente fria alcança o Rio de Janeiro. A zona do El Niño traz chuvas concentradas nas regiões Sul e Sudeste, e todo o cuidado é pouco durante as inundações.

A instabilidade vai aumentar na região Sudeste, provocando chuvas torrenciais e granizo, quando o anticiclone subtropical cortar a ligação da frente com o ciclone.

O próximo ciclone, tudo indica, será muito semelhante a este último, porém mais intensidade junto à costa do Uruguai e do Rio Grande do Sul.

Boas notícias para o feriado de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil! Já aparece na previsão para as regiões Sul e Sudeste, uma ondulação excelente de sul que vai rodar para sudeste entre os dias 12 e 15 de outubro de 2023.

Previsão das Ondas

Região Sul: Ondulação de sul com 1,5 metro de altura significativa nesta sexta-feira, e cerca de 2 metros de altura, na maioria dos picos com boa convergência da energia das ondas.

Em Santa Catarina, as ondas de leste brigam com a nova ondulação de sul que chega no fim de tarde, a resultante é um mar de sudeste de 1-5-2 metros de altura significativa.

De sábado para domingo a ondulação roda para sudeste e cresce, chegando a 2,5 metros de altura significativa e série maiores de 3 metros nos picos mais expostos. De domingo para segunda a ondulação vira para leste, com a influência da linha de instabilidade posicionada entre São Paulo e Rio de Janeiro.

As ondas ficam acima de 1,5 metro todo o fim de semana, porém o vento maral deve atrapalhar o surfe nas praias de Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, a previsão é de sol e vento maral moderado a fraco.

Região Sudeste: A competição entre as altas pressões continua e ondulação de leste com componente de sudeste ainda está presente nesta sexta-feira.

Prevalece a ondulação de sudeste sobre a ondulação de sul, mesmo com o modelo indicando que as duas terão quase a mesma intensidade. Fato que os ventos devem ser mais fracos com a aproximação da frente fria na região sudeste. O ciclone se afasta rápido, o que direciona a ondulação principal no sentido zonal oeste-leste.

Sábado está previsto vento terral fraco, e ainda duas ondulações incidindo ao mesmo tempo com alturas de 1,5 metro na série, algumas praias como Itacoatiara, Prainha, Arpoador e Leme terão condições extremamente boas para o surfe no estado do Rio de Janeiro. Em São Paulo, essa ondulação vai quebrar boa no Guarujá, São Sebastião (Maresias, Paúba), Vermelha, Itamambuca e Félix, em Ubatuba.

Uma pequena subida na energia das ondas no domingo, talvez no fim de tarde, deve garantir um fim de semana clássico.

Na segunda, sobe na costa capixaba, embora a ondulação de sudeste/leste não tenha parado de colocar ondas de 1 metro de altura. Vai subir de Sudeste novamente. chegando a 2 metros de altura significativa.

Região Nordeste: Giro forte do anticiclone subtropical mantém as ondas de leste/sudeste ligadas até quarta-feira. Aquele sobe e desce no ritmo das marés, com 1,5 de altura significativa durante a maré seca e 1 metro na média.

Ondulação muito constante, acompanhando o giro da alta subtropical. A partir desta sexta-feira já começa a ter mais componente de sudeste, e as ondas vão recebendo mais energia até terça-feira.

O vento oscila entre leste e nordeste, moderado a fraco (8-15 nós). As ondas não param em nenhuma das praias desde a costa sul da Bahia até o Rio Grande do Norte com o melhor dia neste sábado e domingo.

Na quarta, as ondas de leste com um componente de sudeste ficam com altura de 1 metro.
No feriado deve subir de sul no sábado e domingo, quando chega a ondulação fabricada na região sul.

Região Norte: Na sexta-feira, a previsão indica uma intensidade maior da ondulação de norte que deve ter seu pico de intensidade no sábado. Depois o período fica em 12 segundos, até chegar uma nova ondulação de 14 segundos.

A ondulação cresce mesmo e ganha força na terça e quarta-feira, com ventos fracos a moderados de leste. Esse deve ser o melhor dia.

Ondulação de Norte prevista para sábado e domingo. Subida nas ondas e vento fraco previsto para terça e quarta-feira.

O horário da maré seca deve favorecer a melhor arrebentação das ondas. Esta ondulação de norte aparece com altura de 1 metro e séries maiores desde o sábado até segunda-feira.

Na terça-feira, deve passar de 1,5-2 metros e 15 segundos de período de pico. Condição muito boa para Algodoal, Salinas e inclusive na região de Mosqueiro, no estado do Pará.
Boas ondas!

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.