Previsão das Ondas

Ciclone no cone Sul

Previsão de ondas grandes nas regiões Sul e Sudeste nesta sexta-feira, segundo oceanógrafo Heitor Tozzi.

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Itamambuca, em Ubatuba (SP), deve ter boas ondas neste final de semana.

O ciclone vai rodar pouco afastado da costa do Uruguai e do Rio Grande do Sul, com uma pista de geração de ondas na quarta e uma pista de grandes ondas de sudeste. Nossa previsão é de ondas na sexta-feira, com as ondas de 11-10 segundos de período de pico, entre 2 metros de altura significativa nas costas sul e sudeste do Brasil.

A penetração de alta polar nesta quinta-feira vai proporcionar excelentes condições de ondas e ventos, na sexta, sábado e domingo.

No sábado, as ondas entram de sudeste ainda com pressão de sul, e a altura das ondas baixa para 1,5 metros nas séries, 10-11 segundos de período de pico.

Domingo, a ondulação baixa com 1 metro nas séries, 10 segundos, pois vai perdendo a pressão devido ao afastamento rápido do ciclone.

A previsão tem mudado bastante de um dia para outro e este ciclone vem aumentado de intensidade dia após dia, desde que apareceu na previsão de sexta-feira passada.

Quanto às ondas, nada muito diferente, e dessa vez com possibilidade de ventos melhores para a formação das ondas na zona de arrebentação.

As simulações do modelo GFS me fazem pensar no oceano liberando muito calor e ainda massa de ar frio chegando do Pacífico, uma condição de outono na primavera.

Assim, o ciclone vai transitar rápido, porém, podemos ter alguma resistência da alta tropical na passagem deste ciclone, que pode não estar sendo exatamente como na previsão.

Previsão das Ondas

Região Sul: As ondas estão leste/nordeste já num regime pré-frontal na terça. Nesta quarta o vento vai rodar para sul com a formação do ciclone, e por enquanto muito chuva, porém. vemos muitas nuvens baixas, e poucas nuvens altas. Ainda temos muita chuva na passagem desta frente-fria pelo Rio Grande do Sul, pois o ciclone sai justamente do continente para dentro do oceano.

Ondas de sul e ressaca na sexta devido à pista de geração próxima da costa. Um período de pico na casa de 11-10 segundos e altura significativa de 2 metros. Condição favorável para as praias de que seguram bem a ondulação de sul, como Praia da Cal e Praia do Cassino (RS), Cardoso, Rosa e Silveira (SC).

Sábado e domingo a ondulação de sudeste determina a condição nas praias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas domingo já deve baixar para 1 metro de altura.

As plataformas de pesca do Rio Grande do Sul e as praias do Silveira, Praia Mole, Joaquina, Rio Tavares (SC), Matinhos e Guaratuba (PR) devem ter outro fim de semana com ondas boas na faixa de 1,5 metro diminuindo para 1 metro no domingo, porém, dessa vez esperamos que o vento terral favoreça uma arrebentação mais perfeitas das ondas.

Região Sudeste: A ondulação de leste/sudeste permanece até quinta-feira, quando a nova ondulação de sul deve chegar ao litoral sudeste do Brasil.

Fim de semana teremos novamente boas ondas para região e esperamos que dessa vez o vento terral prevaleça para gerar uma arrebentação mais perfeita, pois a previsão indica a entrada de uma alta polar já na quinta-feira.

Praia Grande, Itamambuca e Félix em Ubatuba, além do Guarujá e litoral Sul de São Paulo devem apresentar ondas com altura entre 1,5 e 1 metro durante o fim de semana. Sexta é o dia com maiores ondas, portanto, teremos outro fim de semana com ondas boas.

No litoral do Rio tem esta condição que sobe de sul na quinta e fica bom na sexta, devendo proporcionar boas ondas de 2 metros na Prainha, Canto do Recreio, Barra da Tijuca, São Conrado, Leblon e Itacoatiara.

No sábado, a ondulação vira para sudeste e Arpoador, Leme, o meio das praias de Itacoatiara e São Conrado devem ser os melhores picos. Condição que também fará do domingo um dia de boas ondas, embora um pouco menores.

No litoral do Espírito Santo, ainda temos ondas boas vindas de leste, pois o anticiclone tropical, gerou uma ondulação de bom tamanho que vai entrar em conflito com a ondulação de sul na sexta-feira.

As ondas sobem de sul/sudeste no sábado, e domingo a ondulação de sudeste domina a costa capixaba, pois o ciclone corre rápido para oceano aberto e proporciona uma ondulação bem consistente de 1,5 metro e período de 11-12 segundos.

Região Nordeste: A ondulação de sudeste, ainda conforme falamos, fica ainda até quinta-feira com 0,5 a 1 metro e 10 s-11 segundos de período.

Ondas de sudeste com leve componente de sul chegam no sábado com 11 segundos 1 metro de altura significativa e 1,5 metro na série.

Ondas perfeitas no domingo, principalmente durante a maré seca para enchente, nas praias ao Norte de Salvador (BA) e principalmente entre Recife (PE) e Baia Formosa (RN), quando o pico da ondulação de sul de 13 segundo e 1 metro de altura significativa encosta no extremo norte da região Nordeste.

Praias de Caraiva, Olivença, Itacaré e até Stella Maris e Praias do Forte, na Bahia, quebram ondas boas no sábado. Domingo, a condição fica melhor nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio grande do Norte, com a entrada de uma segunda ondulação de sudeste/leste.

Região Norte: Ondulação de norte com 13 segundos e 0,5 a 1 metro nesta quarta e quinta-feira, sempre um pouco maior na maré enchente.

Sexta baixa para 12 segundos e sábado para 10 segundos, porém, domingo uma nova ondulação de norte de 16-17 segundos chega com força e provavelmente esta nova ondulação vai quebrar com 1,5 metro de altura significativa.

Salina e Algodoal e inclusive Mosqueiro, no Pará, devem quebrar boas ondas domingo, assim como, na costa de Alcântara e também na costa do Lençóis no Maranhenses.

Estas ondulações vindas norte são mágicas, porém às vezes difíceis de monitorar. São ondas que dependem muito da intensidade da Zona de Convergência Intertropical, que as vezes barra a entrada dessa ondulação. Mas os modelos estão prevendo boas ondas para a região do Ceará ao Pará durante todo o fim de semana, mais pressão da ondulação reservada para domingo. Vamos confirmar isso na sexta.

 

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.