Previsão das Ondas

Ciclone extratropical poderoso

Ciclone no litoral gaúcho gera ondas grandes. No domingo, novo ciclone se forma na região do Rio da Prata e gera mais ondas no domingo e segunda.

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Imagens do Ciclone Extratropical de quarta e quinta mostram o “olho”, centro de baixa pressão junto a costa do Rio Grande do Sul e subindo para Santa Catarina. O vento Sul derrubou muitas arvores em todo o litoral gaúcho.

Falamos que vinha um ciclone pancada e, antecipadamente, ele veio de quarta para quinta! Na segunda, os modelos não previam esse ciclone na posição e intensidade que ele ocorreu, somente na terça-feira ele apareceu e deu origem a várias previsões.

Gráfico mostra a altura máxima de 6,67 metros na boia oceanográfica instalada na entrada do Porto de Rio Grande, RS (Projeto SIMCOSTA).Reprodução
Gráfico mostra a altura máxima de 6,67 metros na boia oceanográfica instalada na entrada do Porto de Rio Grande, RS (Projeto SIMCOSTA).

Isso mostra que a situação das águas quentes do El Niño está presente no Atlântico Sudoeste, fornecendo energia e umidade para os ciclones extratropicais. Lembrando que dia 16/06 tivemos o primeiro ciclone fechando o outono, e agora aproximadamente 30 dias depois, temos esse segundo.

As águas no Oceano Pacífico ao sul do Peru já estão mais para o norte, próximas do Equador, possibilitando a passagem de vórtices de ar frio sobre a cordilheira e, assim, a formação de ciclones junto a costa gaúcha e uruguaia, na latitude de 33°S.

Antes disso, tivemos um forte transporte de calor na direção da região da confluência das correntes Brasil-Malvinas, ventos quentes pré-frontais (antes da frente fria) de Leste/Nordeste criando condições de energia para alimentar o ciclone. Quando a baixa pressão atravessou os Andes e adentrou o Atlântico Sul, onde uma frente fria estava já formada, gerou o gatilho para a formação deste ciclone extratropical.

Ventos fortes geram ondas grandes e podemos esperar uma ressaca na costa gaúcha e catarinense, bem como, ondas grandes na costa sudeste. A boia oceanográfica instalada no canal do Porto de Rio Grande marcou nesta quinta-feira a altura máxima de 6,67 metros, a maior altura registrada neste ano, e provavelmente nos últimos anos.

Como dissemos, o Atlântico acordou, e parece que pulou da cama quente e vai mandar uma sequência de fortes tempestades, uma atrás da outra, gerando ondas como nunca vimos antes. Preparem-se!

Previsão das Ondas 

Região Sul: Ressaca! Nesta sexta e sábado a ressaca é forte, e as condições melhoram no domingo e segunda.

As ondas passaram de 5 metros na boia da entrada do porto de Rio Grande, o que indica que até sábado somente a parte de dentro dos molhes de Rio Grande, Tramandaí e Torres vão aguentar a ondulação. Corrente muito forte não vai deixar os mais experientes com vontade de remar ao longo da costa gaúcha.

Em Santa Cataria, as lajes de Jaguaruna, Gamboa, Itapema, Penha, bem como Silveira, Matadeiro, Campeche, Santinho, Inglese, Brava e Navegantes vão ter ondas grandes, acima de 3 metros. Domingo é que vai baixar para 1,5 e ficar perfeito. E vai virar para Sudeste logo na saída do ciclone para o mar.

A previsão diz que teremos uma nova tempestade já na sequência, no domingo.

Região Sudeste: As ondas chegam a 4,5 nesta sexta-feira, e começa a diminuir no sábado, quando a direção vira pra Sudeste. Ondas grandes de SE-E até sábado, com virada nas condições no domingo.

O mar se mantém bom e perfeito com ondas de 1,5 metro durante domingo. E uma nova ondulação de Sul deve chegar já na segunda-feira.

No litoral do de São Paulo, as praias de Maresias, Paúba, Maluf, Tombo, Central de Ubatuba, e até Camburí devem segurar essa ondulação de sexta e sábado. Já no domingo fica bom em quase todo lugar voltado para sudeste, mas a ondulação deve ficar com 1 metro e 1,5 só nas praias mais expostas.

No Rio de Janeiro, a ondulação chega bem grande nesta sexta, com altura significativa de 4 metros. A boa pedida sãos as praias mais protegidas, Grumari, Copacabana e Peró. Laje do Shock em Itacoatiara, Itaipuaçu, Maçambaba e a laje do Sorriso. No sábado, já fica bom em quase todas as praias.

Posto 3 da Barra, Prainha, São Contado, Itacoatiara, Saquarema e a Praia do Forte devem ser bons destinos para surfistas mais experientes. Vento é bom e favorável a um mar perfeito e com ondas excelentes.

No domingo, as ondas já baixam para 1,5-1 metro, favorecendo um domingo de boas ondas e o sol já deve voltar a brilhar. Vento bom, também deve deixar as ondas perfeitinhas para todos, assim Arpoador, Leme, Joatinga, Barra da Tijuca, Reserva e Prainha vão quebrar ondas perfeitas.

Na segunda e terça, uma nova ondulação deve chegar com altura de 2 metros, segundo os modelos utilizados pelo Windy.com.

As ondas sobem e descem durante o fim de semana. Gráficos (ww.w.windy.com) mostram que a ondulação do ciclone vai gerar ondas no litoral na sexta, sábado e domingo>

Os modelos mostram a formação de um novo ciclone extratropical no domingo, que vai gerar uma nova ondulação para a região sul, e para segunda e terça para a região sudeste.

As ondas sobem e descem durante o fim de semana. Gráficos (ww.w.windy.com) mostram que a ondulação do ciclone vai gerar ondas no litoral na sexta, sábado e domingo.

Região Nordeste: Mar cresceu no sul e deu uma amenizada nas condições do nordeste. A ondulação de Sul começa a chegar no sábado com 2-2,5 metros, mas deve ser no fim de tarde.

No domingo, vira para S-SE e já baixa para 1,5 metro, algumas séries maiores. O litoral sul da Bahia, como Caraíva e Itacaré vão quebrar melhor que no litoral mais ao norte, onde a influência do vento Leste-Sudeste não deve favorecer muito.

O melhor dia é domingo, com ondas de 1-1,5m de SE. Na segunda, ainda com boas ondas de até 1 metro, mas deve diminuir enquanto uma nova ondulação é fabricada no sul do Brasil.

Na região bem mais ao norte, de Pernambuco ao Rio Grande do Norte, ainda recebe uma ondulação de Leste. Isso pode proporcionar ondas grandes no domingo e segunda, com duas ondulações chegando de direções diferentes. A altura significativa das ondas deve ficar em 1,5 metro, com os pontais de pedra quebrando um pouco maiores que as praias menos expostas.

O vento Leste-Sudeste que deve ser um problema no período da tarde.

Região Norte: A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a ondulação de leste ainda tem boa influência. Isso favorece a formação de boas ondas no domingo e segunda-feira, quando teremos o pico da ondulação na costa do Ceará ao Pará.

Eu pessoalmente tenho dificuldades de confiar nas minhas previsões para a região norte, por isso peço aos meus leitores que me passem um retorno sobre os meus comentários.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.