Previsão das Ondas

Chegada da massa polar

No domingo e segunda, novo ciclone se forma nas Malvinas e produz grande ondulação de sul, afirma oceanógrafo Heitor Tozzi.

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Boas ondas no sábado no litoral capixaba e energia fraca no litoral Nordeste e bem fraca no litoral Norte.

Todos acompanharam as chuvas no Rio Grande do Sul, e isso se deu porque a Alta subtropical estava muito quente e não tivemos nenhuma massa polar para acabar com o calor. Finalmente a massa de ar polar veio e acabou com a frente estacionada e movimentou a circulação atmosférica.

Como consequência da massa polar, um ciclone extratropical se formou na região sul e levou grande parte da nebulosidade e das chuvas para o mar. Uma pequena parte da frente fria ainda foi para a região sudeste provocando ventos fortes, chuvas e granizo.

O granizo também é formado devido ao contraste térmico entre a massa polar e massa quente subtropical, e assim, tivemos várias ocorrências por todo sul e sudeste do Brasil.

As chuvas no Sul passaram, pelo menos neste fim de semana, mas elas poderão voltar daqui uns dias. Isso porque vai voltar a esquentar depois dessa frente fria se dissipar. Fato que pode demorar uns 15 dias até o calor voltar e uma nova frente quente e úmida seja empurrada na direção sul.

Preocupa-me saber que as pessoas não foram avisadas, o que tentamos fazer aqui.

Quando o verão chegar e as massas de ar frio não forem tão frias quanto no inverno, a concentração de nuvens e umidade poderá ocorrer novamente e teremos mais chuvas torrenciais.

Geralmente no verão a ZCAS (Zona de Convergência do Atlantico Sul) se forma na região sudeste, e a zona de chuvas migra para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ano passado começou até mais cedo, em novembro, mas estávamos regidos pelo fenômeno da La Niña.

El Niño trará chuvas, e com a ZCAS se formando na região sudeste, as nuvens de chuva vão migrar para esta região. Sem pânico, mas com muita precaução, vamos deixar claro que chuvas torrenciais provocam inundações e não queremos mais tragédias. Portanto, quem avisa amigo é, estejam preparados para as chuvas que devem ocorrer neste verão.

No momento, a próxima forte tempestade deve ainda se formar na região Sul, repetindo o ciclo de chuva na mesma proporção que o calor vai aumentar. Penso que isso venha ocorrer daqui a 15 dias. Melhor seria que as frente frias passassem com mais regularidade e não deixassem o calor aumentar muito, isso evita que as chuvas sejam muito fortes e devastadoras.

O ciclone desta quarta para quinta-feira foi previsto aqui por nós, e acabou limpando a engenharia que estava estacionada e segura pela alta subtropical.

Domingo, um novo ciclone se forma na região das Malvinas e vai gerar uma nova e forte ondulação de Sul.

Caros internautas, esta será a regra daqui pra frente, muito calor, muita evaporação, muitas chuvas. Para limpar, só os fortes ciclones com ventos intensos.

Cartas de pressão atmosférica ao nível do mar (1000 hPa) para sexta, sábado, domingo e segunda-feira. Vemos a massa polar invadindo o sul do brasil e empurrando o ciclone formado na quinta-feira para mar aberto. No domingo e segunda, uma novo ciclone se forma nas Malvinas e produz uma grande ondulação de Sul (Fonte: www.wxmaps.org).

Previsão das Ondas

Região Sul: Ondulação de sul vai ser rápida, de sul nesta sexta-feira e vira para sudeste em 12 horas. A tempestade de quinta-feira foi rápida e com ventos fortes, inclusive com bastante granizo, a zona de geração começou junto à costa gaúcha e abriu para mar aberto.

As melhores condições são justamente nesta sexta-feira e podem se prolongar no sábado com direção de sudeste.

Neste sábado teremos ondas perfeitas com altura significativa de 1,5 metro em quase todo o litoral Sul e com vento terral.

Domingo já teremos uma influência de ventos do quadrante leste, e uma nova tempestade se forma na região das Malvinas. Esta ondulação chega na segunda com 1,5-2 metro e sobre para 3 metros na terça-feira, quando provavelmente teremos um mar épico, grande e perfeito.

Mapas de ondas pra sexta e sábado mostram ondulação de sul/sudeste incidindo sobre a regiões sul e sudeste do Brasil, e uma forte energia indo na direção de Jeffrey´s Bay. Boas ondas no sábado no litoral capixaba e energia fraca no litoral Nordeste e bem fraca no litoral Norte. Domingo melhora no Nordeste e baixa no Sudeste. O terceiro quadro já mostra a nova ondulação na terça-feira dia19/09. (www.windy.com).
Região Sudeste: Ondulação de sul roda rápida para sudeste e fica até sábado, domingo baixa, e só volta a subir na quarta-feira.

O mar não vai ficar muito alto, teremos ondas com altura significativa de 1,5 metro nesta sexta-feira e sábado, baixando no domingo e quando vira novamente para leste.

As melhores condições são nesta sexta-feira, com ondas de 2 metros de altura significativa.

Sábado já baixa para 1,5 metro de sudeste e domingo 1 metro de sudeste/leste. No domingo a energia das ondas se concentra na costa capixaba e no litoral norte do Rio de Janeiro.

Amigos me falaram que tem dado boas ondas na praia do Peró e praia do Pecado, condição que deve prevalecer neste fim de semana.

Região Nordeste: A ondulação diminui a influência neste sábado e domingo, voltando a subir na segunda-feira, quando as ondas chegam de sudeste com 1,5-2 metros.

A costa nordeste tem sido palco de boas ondas, o problema é o vento maral na maioria das vezes. A dica é aproveitar o período da manhã, geralmente com ventos mais fracos.

Itacaré e a região entre Ilhéus e Itaparica tem boas ondas no domingo, e segunda deve ser o melhor dia.

Mesma situação para o litoral entre Pernambuco e Rio Grande Norte, quando a ondulação de sudeste chega domingo com 1,5 metro e sobe para 2 metros na segunda-feira.

Região Norte: A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) está muito ao norte, porém as vezes recebe uma influência maior dos alísios de nordeste. A ondulação de leste se mantém constante com 0,5 metro durante o fim de semana, período curto entre 7 e 9 segundos.

Na terça-feira há previsão para chegada de uma ondulação de norte com 11 segundos de período de pico e 1 metro de altura. Essa ondulação deve gerar condições surfe nas praias mais expostas, como Salinas (PA).

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.