Conheça o projeto

Escola sustentável em Bali

"Green School" promove educação ambiental com práticas sustentáveis e criativas em Bali, Indonésia, com estruturas de bambu, ônibus movidos a óleo de cozinha e muito mais.

0
Projeto acontece em Bali, Indonésia.

Bambus em meio à selva. Nas paredes da Green School, em Bali, ilha na Indonésia, as plantas são a matéria-prima principal. Da construção às práticas de ensino, o respeito à natureza é o que move essa escola, que pratica a sustentabilidade de forma bastante original junto a seus alunos.

“A Green School é quase inteiramente feita de bambu, que é uma árvore nativa de Bali e de rápido crescimento, e foi projetada para ser colocada no coração de uma selva sem perturbar seu ecossistema”, explica o líder de ensino e aprendizagem Sal Gordon, em entrevista a Ecoa.

A história começa em 2006, quando seus fundadores, o casal John e Cynthia Hardy, concebem a ideia da escola. Após anos adotando o estudo domiciliar, eles queriam proporcionar a suas filhas uma escola em que realmente acreditassem no modelo de ensino. “A inspiração inicial nasceu quando John leu o manifesto educacional ‘Three Springs’, do teórico Alan Wagstaff, e ficou tão tocado pela visão de comunidade de aprendizagem holística que a criou em Bali”, conta Gordon.

Wagstaff, que inspirou a linha de ensino pedagógica adotada pela Green School, defende em seu manifesto que o ensino seja apresentado em quatro dimensões, sendo essas: emocional, social, espiritual e intelectual.

Gordon lembra que o ponto crucial para que o casal tirasse o projeto do papel foi o acesso ao documentário norte-americano “Uma Verdade Inconveniente”, que pretende educar seu público para os impactos do aquecimento global.

“Isso os obrigou a aceitar seu chamado à ação e criar uma escola que educa para a sustentabilidade. Então, em colaboração com artesãos, arquitetos, permacultores, acadêmicos e filósofos, a Green School Bali foi inaugurada em setembro de 2008”, conta o líder de ensino da organização.

Escola promove educação ambiental.

Sustentabilidade na prática desde o jardim de infância

Longe de testes padronizados, como os aplicados nas escolas formais, na Green School, os alunos que vão do jardim de infância ao ensino médio são levados a praticar e a agir sobre o que estão aprendendo.

“Os alunos são incentivados a desenvolverem uma relação com a natureza desde cedo e a entenderem sua responsabilidade na conservação e regeneração do nosso meio ambiente”, explica o líder de ensino.

“Os pais dos alunos concordam conosco quando dizemos que testes padronizados, aprendizado mecânico e regurgitação de informações não são a medida do verdadeiro potencial de uma criança. E é isso que eles procuram, um modelo de educação que valorize seu filho mais do que a sua capacidade de memorização”, continua.

Para Gordon, o aprendizado na Green School acontece olhando tudo pela lente da sustentabilidade — e agir na prática ajuda a encontrar a solução para problemas reais, entendendo, por exemplo, o funcionamento dos ecossistemas da natureza para geração de comida.

“Nosso ambiente de aprendizagem é um campus sem paredes, feito quase inteiramente com bambu, e cercado por jardins de permacultura, onde os alunos plantam e cultivam seus próprios alimentos. Isso oferece a eles muitas oportunidades de se conectar com a natureza e entender seus ecossistemas”, continua.

Economia circular da energia ao combustível

Para além da comida produzida — e que chega ao prato — pelos próprios estudantes, a energia consumida pela escola também é gerada de forma sustentável, graças ao “poderoso rio” que atravessa a região, nas palavras de Gordon.

“O poderoso rio Ayung atravessa nosso campus e aproveitamos o seu poder para produzir nossa própria eletricidade através de um hidro-vórtice no campus. Também contamos com uma fazenda de painéis solares”, destaca.

A escola também possui um sistema de gerenciamento de resíduos chamado ‘Kembali’, alimentado pela própria comunidade (alunos, professores e funcionários), que traz lixo reciclável.

“Os alunos regularmente fazem caminhadas pelo lixo em Bali e se envolvem com as comunidades locais para aumentar a conscientização sobre questões como poluição, gerenciamento de resíduos e princípios como recusar, reduzir e reutilizar”, explica Gordon.

A participação nas atividades acontece em todas as fases da vida escolar, desde os primeiros anos de estudo até para os alunos que estão no ensino médio. Os banheiros também contam com um sistema de compostagem. “Isso os ajuda a entender o valor de não desperdiçar água e conservá-la”, diz o educador.

Uma frota de ônibus administrada pela Green School circula pela ilha em Bali e, diferentemente dos motores a combustão tradicionais, esses são movidos a óleo de cozinha sujo, que é recolhido diretamente da casa de moradores da região.

“Administramos uma frota de ônibus biológicos que funcionam com biodiesel feito de óleo de cozinha usado em nosso hub de inovação. Os alunos percorrem a ilha de Bali e coletam óleo de cozinha usado, ao mesmo tempo que se conscientizam sobre os danos da reutilização de óleo de cozinha usado para proprietários e funcionários de restaurantes”, conta.

Para Gordon, o objetivo da Green School é construir uma educação que vá muito além das paredes e estruturas de bambu que percorrem toda a extensão do campus de ensino, contando, para isso, com ex-alunos que levam adiante a mensagem de sustentabilidade.

“Cremos na criação de uma comunidade de agentes de mudança que ajudarão a tornar nosso mundo sustentável. Ao levar essa missão para além de nossas paredes de bambu, nossos graduados estão gerando mudanças no mundo”, completa.

Fonte UOL