Bituca Zero

Projeto nasce em Itapirubá

Fábrica de pranchas do litoral sul catarinense produz prancha que utiliza bitucas de cigarro retiradas da praia.

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TrenchTown Surfboards investe em conscientização ambiental no litoral catarinense.

Através da ideia do shaper Andrigo Porto Alegre, a TrenchTown Surfboards, fábrica de pranchas referência no sul de Santa Catarina, começou a produzir pranchas que utilizam bitucas de cigarro em sua fabricação.

Apelidado de Bituca Zero, o projeto visa a conscientização ambiental e é feito em parceria com comerciantes locais, moradores e turistas do balneário localizado na praia de Itapirubá, entre Laguna e Imbituba.

Foram instaladas cerca de 30 bituqueiras pela praia, elaboradas com cano de PVC. Logo na primeira semana, foram coletadas cerca de mil bitucas de cigarro.

“Foi um resultado que nos impactou e então pensamos: ‘o que fazer com tantas bitucas?’. Foi aí que surgiu a ideia de fabricar uma prancha de surfe e destinar um caminho para esse resíduo. Pesquisamos bastante e descobrimos que poderíamos aplicar em uma prancha de surfe”, relata Janaína Uessler, uma das idealizadoras do projeto e diretora de marketing da TrenchTown.

Pela internet, Andrigo Porto Alegre conheceu o projeto do designer industrial Taylor Lane, chamado Cigarette Board, que usa bitucas de cigarro na composição de pranchas de surfe e resolveu colocá-lo em prática. Confira a entrevista com o shaper abaixo.

Shaper Andrigo Porto Alegre durante o processo de reutilização de bitucas de cigarro.

Como funciona a fabricação das pranchas de bitucas?

No bloco da prancha existe um rebaixo, onde criamos uma espécie de tapete com as bitucas que é aplicado no processo de laminação nos dois lados da pranchas. Assim, as bitucas ficam visíveis. A resina utilizada é a Bio Epoxy, da Nonopoxy, que é elaborada com mais 50% da molécula de origem biológica.

Cerca de 1.600 bitucas foram utilizadas na confecção da prancha. Além da conscientização, uma das nossas preocupações é fazer com que essas pranchas sejam funcionais. Sabemos que elas serão mais resistentes, e depois poderão ser usadas pela população.

Quantas pranchas já foram fabricadas?

Por enquanto estamos com uma em produção, mas pela quantidade de bitucas provavelmente vamos fabricar mais.

A prancha será comercializada?

Nossa intenção é usá-la como incentivo ao esporte e impactar as pessoas para que as mesmas reflitam e ajudem na preservação de nossas praias.

Como surfar com a prancha?

A prancha ficará disponível na escola de surfe local Itapirá Norte Sul e poderá ser utilizada pela população.

O que falar da iniciativa do Bituca Zero?

A iniciativa é um alerta sobre a quantidade de microlixo nas praias. As bitucas de cigarro são um dos resíduos mais encontrados nos mutirões de limpeza de praia ao longo do litoral brasileiro.

A produção da prancha também é uma oportunidade de conectar a comunidade do surfe com a responsabilidade que devemos ter enquanto surfistas no cuidado com as praias e oceanos. Sabemos que nossa iniciativa não resolve o problema, mas ajuda a conscientizar e incentivar o esporte, essa é nossa intenção.

Quem são os parceiros do projeto?

Eco Surf SC, Instituto Australis, Escola de Surfe Itapirá Norte e Sul e Nanopoxy. Já os apoiadores das bituqueiras são Sorveteria Frutagel, Restaurante Caputera, Italo Dentista e Material de Construção Carvalho.

Para saber mais sobre o projeto, acesse o perfil @trenchtownsurfboards no Instagram.