Projeto ambiental

Mangues como solução

Projeto de recuperação de áreas de manguezais em Santa Catarina busca se adaptar às mudanças climáticas.

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Projeto ambiental pretende recuperar áreas de mangue em Florianópolis (SC).

O projeto Raízes da Cooperação quer recuperar áreas de mangue na Grande Florianópolis, por meio do plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. O projeto, que completa um ano, afirma que os manguezais possuem uma importância estratégica no combate às mudanças climáticas. As informações são do g1.

Segundo o projeto, que tem parceria da Petrobrás, por meio Programa Petrobras Socioambiental, os manguezais do Sul do Brasil, se comparados aos manguezais de zonas tropicais, alocam mais energia nas estruturas subterrâneas do que nas estruturas aéreas, o que os faz estocar mais carbono nos solos.

O coordenador do projeto, Dilton de Castro, contou ao g1 que tudo começou quando várias organizações se uniram para participar de um edital, e o venceram.

“Foi uma conversa entre várias entidades que atuam na Grande Florianópolis com foco no manguezal, preservação e conservação em Santa Catarina”, revela Dilton.

Corte de espécies exóticas

Neste primeiro ano de projeto, foram cortados e manejados 7,7 hectares de pinus, espécie exótica, de duas ilhas de Palhoça. A área corresponde a mais de sete campos de futebol.

Serão plantadas no lugar as espécies nativas da Mata Atlântica. O projeto busca restaurar as áreas de restinga e manguezais do local.

“Muitas cidades cresceram aterrando os manguezais. Esses eventos que estão ocorrendo no Rio Grande do Sul, por exemplo, que aconteceram em São Paulo, e pouco tempo antes em Parati, no Rio de Janeiro, estão mostrando cada vez mais a importância de a gente ter que se adaptar, como a gente vai fazer para minimizar impactos “, ressalta Castro.

Serão plantadas três mil mudas de espécies de mangues e de restinga nas ilhas de Palhoça e também no entorno do Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

“Além de proteger o ambiente costeiro contra a erosão marinha, pelo avanço do nível do mar, eles [manguezais] amenizam essa flutuação da entrada e saída das águas. Eles têm essa capacidade de absorver um excedente de água. Se porventura chover demais nas encostas, [águas] vão descer e vão encontrar essas áreas que são naturalmente úmidas. Elas amenizam os efeitos de uma grande cheia, de uma inundação”, declara o coordenador.

Áreas de recuperação

O projeto abrange os municípios de Florianópolis, São José e Palhoça, que estão inseridos em três unidades de conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos.

As áreas protegidas são abrigo das comunidades tradicionais Mbya Guarani e de pescadores artesanais. As principais ameaças a estes locais são a urbanização, as espécies exóticas invasoras, os incêndios, o aumento do nível do mar e o esgoto irregular.

“Já envolvemos cerca da metade das 2 mil pessoas previstas ao longo deste um ano de atuação do projeto, através de oficinas, dias de campo, seminários e cursos. As áreas em que foram cortados os pinus em breve estarão repletas de biodiversidade nativa”, afirma.

Outras ações do projeto

O projeto também é responsável pela educação ambiental no espaço escolar e nas comunidades do entorno das unidades de conservação.

Há uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que envolve duas pesquisas. A primeira é de mestrado e analisa o potencial de estoque e sequestro de carbono em manguezais que cresceram em áreas aterradas da Grande Florianópolis, comparando com os mesmos ecossistemas de áreas naturais. O estudo busca saber se esses manguezais acrescidos têm a mesma capacidade dos naturais no estoque de carbono.

A segunda pesquisa, de pós-doutorado, deve resultar na elaboração de cenários para áreas sujeitas à inundação costeira na Grande Florianópolis, baseado nas perspectivas das mudanças climáticas. Os cenários serão elaborados através de mapas e da elevação do nível do mar, e a pesquisa deve cruzar esse mapeamento com os planos de ocupação territorial.

Os resultados dos dois estudos serão divulgados como artigos científicos através de um livro, que deve sair ainda este ano.

Fonte NSC Total