Espêice Fia

A era da self-production

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Fábio Gouveia em auto-produção no Tahiti. Foto: Arquivo Pessoal.

Se a grande rede veio para facilitar uma infinidade de coisas, para quem fica viciado deve ser uma loucura ficar de fora por um longo período.

Primeiro que o perigo é do negócio acelerar e depois o “cabra” não acompanhar o ritmo, ou então ter um trabalho danado pra conectar-se à atualidade de novo, dependendo da área.

Internet foi a minha salvação quando eu competia no tour. Cansado de viajar e com saudades da família e amigos, ela era o passatempo predileto e, de uma forma ou de outra, acabava encurtando as distâncias.

Com o tempo fui me infiltrando, descobri e aprendi um bocado de coisas que ajudaram em muito na minha profissão de surfista. Dentro e fora da água, ou seja, no relacionamento com as mídias em geral. Resumindo: mais retorno para o patrocinador.

Mas e o surfista profissional que não gosta de internet, Facebook, Twitter, redes sociais em geral, fotografia, vídeo, e outros? Ou simplesmente tem algum bloqueio e não aprende, qualquer coisa do gênero? Pode ser tachado, pode ser desvalorizado? Não, de jeito nenhum.

A real é que apenas está deixando de ganhar mais terreno e no futuro isso pode fazer falta. Se bem que, com o surf no pé e gerando resultados, a mídia vem atrás de qualquer forma.

Mas falo sobre esta nova obrigação que o atleta passou a ter nesta era digital, de divulgação pessoal. Se ele o faz, ótimo, maravilha, tudo é lucro, é crédito.

Porém, muitas marcas patrocinadoras não podem deixar da dar o suporte (pagar profissionais do ramo para gerar o conteúdo do atleta) ou simplesmesmente apenas exigir material de mídia em geral.

Obrigação em gerar conteúdo próprio requer tempo, dinheiro, foco e muitas vezes para um competidor que não tem aptidão para tal, pode prejudicar, pode tirar um pouco da estiga para a competição.

Observação: este texto é só uma reflexão, pois sou adepto das “self-productions”, mesmo não gostando de todos os meios de divulgação, sabendo que alguns são essenciais para o momento atual.

Já defendi aqui que muitos surfistas acomodados depois reclamavam quando perdiam seus contratos. Mas, sem dúvida, alguns precisam de plena concentração no esporte que fazem. Pode funcionar para alguns, para outros não.

Como disse, era só uma reflexão.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.