Previsão das Ondas

Primavera de ondas e chuva

De acordo com Heitor Tozzi, nos próximos dias ondulação entra de leste no Sul, de sudeste/leste no Sudeste e de sudeste no Nordeste. No Norte, ondulação misturada de norte e de leste.

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Ciclone deve se formar nas próximas horas na região Sul (www.windy.com).

As ondas das tempestades de primavera serão regadas por chuvas, esta é a previsão para o próximo trimestre. Nesta quarta-feira, teremos um novo ciclone em formação na região Sul.

Serão ondas boas, como vimos no último final de semana, pois os ventos da primavera sopram fortes, mesmo com chuva. No momento, temos o domínio da alta que fica até quarta-feira, com isso a ondulação tem direção de leste no Sul, de sudeste/leste no Sudeste e de sudeste no Nordeste.

A circulação do El Niño faz com que as chuvas fiquem concentradas nas regiões Sul e Sudeste. A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) começa a se mostrar uma influente da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), já se antevendo às chuvas que teremos no final do ano e no mês de janeiro.

Todos, ou praticamente todos os lugares do mundo que apresentaram fortes ondas de calor tiveram chuvas torrenciais. Isso está previsto para outubro, novembro e dezembro, o aumento das chuvas no Sul, e o aumento das chuvas torrenciais na região Sudeste, daqui para o final do ano.

Nas cartas de pressão ao nível do mar, vemos a baixa pressão localizada na latitude de Florianópolis, se deslocar na quarta-feira para o sul e logo depois se intensificar, resultando num ciclone extratropical na quinta-feira. Este ciclone irá produzir uma nova ondulação de sul na quinta e sexta, isso conjuntamente com a penetração de uma massa de ar polar.

Temos que considerar a entrada de uma baixa (vórtice de ar frio) vinda do Pacífico, que irá fortalecer o ciclone extratropical.

Previsão das Ondas

Região Sul: As ondas continuam entrando de leste com componente de sudeste, devido à influência da alta pressão até quinta (fim de tarde da quarta).

As cartas de pressão indicam que o ciclone se forma na região Sul se deslocando para o sul do Rio da Prata, antes da entrada do vórtice de ar frio vindo do Pacífico. Sim, isso tudo, quase ao mesmo tempo. O que vai fazer do fim de tarde de quarta pra quinta-feira um dia chuvoso e com tempestade.

Na quinta, o ciclone já vai colocar uma pressão de vento sul, principalmente no Rio Grande do Sul, mas devem chegar à Santa Catarina ao meio-dia de quinta, e subindo ao Paraná no fim de tarde.

Sexta-feira a ondulação é franca de sul.

Região Sudeste: A ondulação de sudeste ainda está presente, mesmo com o anticiclone subtropical gerando ventos e chuva na região. Esta ondulação vem do ciclone que se moveu para o meio do Atlântico Sul.

Há duas ondulações incidindo nas praias de São Paulo e Rio de Janeiro nesta terça-feira, uma de sudeste com 1,5 metro e período de 10 segundos, e outra de sul com 1 metro e período de 7 segundos, mas a ondulação de sul está morrendo e deve ter pouco influência nas condições de arrebentação.

Nesta quarta, a ondulação de sudeste prevalece, com ondas de 1-15 metro e 10 segundos de período. No fim de tarde teremos um levada de vento provavelmente um leste/nordeste forte que no Rio de Janeiro entra de terral na maioria das praias, sendo que em São Paulo este vento não deve atrapalhar muito a arrebentação das ondas.

Quarta-feira será um dia de boas merrecas de 1 metro, favorecendo as praias como Itamambuca, em Ubatuba, e Arpoador, no Rio de Janeiro.

Já na quinta, a ondulação de sudeste se intensifica pela manhã, antes da entrada da ondulação de sul (gerada pelo ciclone formado na região do Rio da Prata). Esta ondulação deve se somar ao final da ondulação de sudeste, e trazer um vento maral mais forte.

Na sexta-feira, a ondulação de sul deve prevalecer sobre a ondulação de sudeste, mesmo como o modelo indicando que as duas terão quase a mesma intensidade; fato que os ventos devem ser mais fracos com a aproximação da frente fria na região Sudeste.

Sábado está previsto vento terral fraco, e ainda duas ondulações incidindo ao mesmo tempo com alturas de 1 metro. Uma pequena subida na energia das ondas no fim de tarde deve garantir um sábado de boas ondas.

Região Nordeste: Com o giro forte do anticiclone subtropical, temos também a entrada da circulação das agulhas, vinda de sudeste. A partir desta quarta feira já começa a subir de sudeste, e a ondulação maior chega na quinta e sexta-feira.

Na quarta, as ondas de leste, com um componente de sudeste, ficam com altura de 1 metro e séries maiores, o período curto indica a presença de um vento local de leste para atrapalhar a formação das ondas.

Na quinta, a ondulação sobe para 1,5 metro na série, com a componente de sudeste ficando mais forte, ainda com o período curto na casa dos 7-8 segundos de leste e vento moderado de nordeste.

Na sexta-feira, a ondulação de sudeste/leste se intensifica e a altura das ondas fica em 1,5 metro, condição que vai perdurar no sábado e domingo com leve influência de vento nordeste.

No sábado, começa a aparecer uma segunda ondulação de sul, gerada pela passagem do ciclone pelo Atlântico Sul. Fim de semana promete boas ondas e pouco vento. Com duas ondulações de 1,5 batendo nas praias desde Itacaré, na Bahia, até o Rio Grande do Norte.

Região Norte: Ondulação de norte briga na terça-feira com a ondulação de leste, para determinar a dinâmica o litoral Norte do Brasil.

Ao que tudo indica, a ondulação de norte vai prevalecer até sexta-feira, pois tem maior intensidade, gerada na região dos Açores, em Portugal. Esta ondulação chega com 1 metro e período de 13 segundos nesta quarta-feira.

A ondulação cresce mas ganha mais força na quinta, o problema será o vento forte de leste.

Na sexta-feira, a previsão indica uma intensidade maior da ondulação de norte que deve ter seu pico de intensidade no sábado, justamente quando a influência do vento leste deve diminuir.

Sábado deve ser o melhor dia para o surfe na costa Norte, principalmente nas praias do Pará, onde o vento leste terá menor influência na arrebentação das ondas.

A dica é buscar os horários da manhã, com menor influência dos ventos, e o horário da maré seca, que deve favorecer a melhor arrebentação das ondas.

Esta ondulação de norte parece vir com bastante intensidade, mas a altura deve ficar entre 1-1,5 metro na maioria das praias, como Algodoal, Salinas e na região de Mosqueiro, no Pará.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.