Previsão das Ondas

À espera das bombas

Segundo oceanógrafo Heitor Tozzi, ocorre ciclone na altura do Rio da Prata nesta quarta-feira (26) e quinta-feira (27) as condições ficam boas no Brasil.

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Baixa pressão formada na quarta para quinta mostra um ciclone em 40°S 45°Wff.

A distância na qual as tempestades ocorrem, a intensidade e duração do vento e direção da pista de geração ditam as condições das ondas. Os ciclones podem gerar ondas ruins misturadas a ondas locais, aquela cara de mar mexido na sexta. E ondas boas como no sábado.

Swell de fundo, porque depois que abriu a porta nas Malvinas, vem um atrás do outro, uns perdidos, outros esperados por todos.

O pessoal do Sul é povo acostumado com a ressaca. No Sudeste, o Rio de Janeiro voltado de frente pra energia da ondulação de Sul, e São Paulo, meio que virado e com vários recortes, são litorais que convergem a energia das ondas.

Na sexta não rolou… pura esperança… adiou… se escondeu…

No sábado, o report foi excelente, ondas com excelente formação, do Sul até o Sul da Bahia, mas foi só um dia muito clássico, e foi pouco!

Isso fez de praias como Paúba, Maresias, Vermelha do Norte terem excelentes ondas, como foi este sábado 22/04. Barra da Tijuca, São Conrado, Arpoador, Saquarema, Floripa por inteira, Garopaba, todo canto deu ondas perfeitas, algumas com 1,5m.

Em Margaret River também! As condições ficaram excelentes até domingo, mas um ciclone bomba se formou próximo da costa e bagunçou tudo. Conforme falamos na sexta, as ondas melhoram na quarta, mas para a final, veremos se eles podem esperar até quinta.

Ciclone bomba roda na cara de Margareth River, Austrália, e leva condições storm até quarta-feira.

Esta próxima quarta-feira 26/05, um ciclone no limite da área alfa mais afastado um pouco, gera ondas na altura do Rio da Prata. O vento é que estraga um pouco no primeiro dia, mas quinta as condições ficam boas. Chuva está na previsão também.

A qualidade das ondas de SE na sexta-feira com 1,0 metro na série, mas o período indicado é 7s, gerado pelo vento local e um segundo swell de período 11-12s “pano de fundo”.

Na região Sul, com ondas maiores de 1,5 de a altura significativa e média de 1 metro na quinta. Uma questão é o vento local e chuva que estão previstos para este dia, gera um mar picado de vento.

No Sudeste, acompanhar o avanço da frente fria e assim as duas ondulações podem ocorrer em horários e direções diferentes, 1 metro a 1,5m na série, com período de 11-12s.

Picos como Prainha e Itacoatiara são mais indicados, pois o vento pode atrapalhar.
Na região Nordeste temos uma ondulação com pista vinda do Atlântico Leste, mistura a ondulação de sudeste que passou. O vento vem a ser um fator complicador.

No Norte, uma ondulação encosta vinda do Cabo Verde, mas também a Zona Intertropical pode gerar um mar mexido.

Depois, pessoal, a Rossby vem com um cavado bem gelado na costa sul do Chile e domingo um ciclone se forma nas Malvinas. Os modelos mostram entrada pela Malvinas, e pode se intensificar na região do Rio da Prata.

Mais bombas podem entrar pelo Atlântico se El Niño aliviar.

Não vou antecipar, nem confundir, mas se El Nino der uma “esfriada”, quem sabe temos mais bombas pelo Atlântico. Anos que passaram tivemos umas sequências de um ou dois ciclones subtropicais e outros três ou quatro extratropicais. Aloha, mahalo!

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.