Previsão de Ondas

Lestada do Anticiclone Subtropical

Neste final de semana ondas de Leste-Sudeste chegam à costa nordeste, e ondas de Leste-Nordeste vão na direção da costa sul.

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Mapas de pressão atmosférica em superfície para sexta, sábado, domingo e segunda mostram o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) se mantendo na região sul e sudeste do Brasil. Vai gerar uma ondulação de sudeste/leste para a região norte do Rio de Janeiro até o Sul da Bahia, e uma ondulação de leste/nordestes para a região sul (Fonte CODA).

Ondas além da conta, essa é previsão para a região nordeste do Brasil e também para a costa norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A Alta Subtropical está tão intensa que tem gerado ondulações bem constantes na costa nordeste, e neste fim de semana a região que vai apresentar as melhores condições de ondas vai da costa norte do Rio de janeiro até o Sul da Bahia.

Isso porque a alta se intensifica ao segurar a entrada das frente frias e das tempestades, provocando no seu flanco mais ao norte um campo de geração de ondas que se estende deste a África até a região nordeste.

O que podemos dizer que seria uma ondulação de anti-ciclogênese, o oposto de ciclogênese, que é a formação do ciclone.

Isso tem relação com o aquecimento das águas do Atlântico Sul, as chamadas anomalias de temperatura da superfície do mar. Podemos assim prever a lestada que vai ocorrer na região sudeste e sul do Brasil até a próxima terça-feira.

Também podemos esperar um novo ciclone na próxima semana, possivelmente na quarta-feira, todavia ainda é muito cedo para dar esta certeza para os nossos internautas, aguardem a próxima previsão.

Previsão das Ondas

Região Sul: Um ciclone nas Malvinas gera uma ondulação que não vai chegar à região sul, mas bem fraca, pois a circulação ainda está de oeste para leste ao sul do Rio da Prata.

A previsão é de lestada, e uma ondulação de leste que vai desde esta sexta-feira até a próxima segunda-feira. A ondulação de leste é por assim dizer mais comum no verão, entretanto com ondas de alturas máximas geralmente abaixo de 2 metros.

Isso faz dessa condição de anti-ciclogênese um fenômeno extraordinário para esta época do ano.

As ondas de leste podem alcançar os 1,5 metro de altura significativa em Florianópolis neste sábado, e 2-2,5 metros no domingo, baixando para 1,5 m na segunda-feira. O período será de 11-10 segundos, um pouco abaixo da condição típica de tempestades, e vai oscilar entre 11-10-9 segundos, pois geralmente a alta pressão não gera ondas de períodos muito longos.

No Rio Grande do Sul, teremos lestada, que pode vir acompanhada de ondas de sudeste no sábado e domingo. Os melhores picos são a Praia do Cassino, as plataformas de pesca de Atlântida, Tramandaí e Cidreira e os Molhes sul do Rio Mampituba, em Torres.

Em Santa Catarina, a lestada traz boas ondas para as praias Brava, Moçambique, Mole e Joaquina em Florianópolis, Brava de Balneário Camboriú, Atalaia em Itajaí e prainha de São Francisco do Sul.

Lestada provocada pelo Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul gera uma ondulação que vai influenciar desde o sul até o nordeste do Brasil. Figuras para sábado e domingo mostram o centro do ASAS na região sudeste, ondas com componente de nordeste na região Sul e componente de Sudeste na região Nordeste (windy.com)

Região Sudeste: A ondulação de leste começa presente nesta sexta-feira, sobe mais no sábado e domingo, e se mantém na segunda-feira. A ondulação mais energia incide na costa norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Porém, o vento maral deve atuar em toda essa parte da costa, não favorecendo uma arrebentação muito limpa e perfeita.

A altura significativa das ondas vai chegar a 2-2,5 no sábado e séries maiores no domingo, na região norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na costa sul do Rio de Janeiro e São Paulo, a altura significativa pode alcançar 1-1,5 metro no sábado e entre 1,5-2 metros no domingo. Sexta e segunda a altura varia entre 1 e 1,5 metro.

No litoral sul do Rio de Janeiro, a lestada não entra com boas condições e geralmente também causa o fenômeno de ressurgência, que faz gelar a águas das praias entre Cabo Frio e da capital carioca. Os melhores picos para a direção leste são Arraial do Cado, Itaúna, Maricá, Arpoador e Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

Região Nordeste: A ondulação que perdeu força nesta quinta-feira, volta com força neste fim de semana. A influência da alta pressão subtropical continua constante em toda região nordeste. Neste sábado, a altura das ondas fica entre 1,5-2metros e domingo pode alcançar até 3 metros, principalmente da região sul da Bahia até a Salvador.

Na região norte da Bahia até o Rio Grande do Norte, a influência do vento maral será menor que no litoral Sul da Bahia, assim a altura significativa das ondas deve ficar entre 1,5 a 2 metros no sábado, subindo para 2-2,5 metros no domingo e permanecendo entre 1,5-2 metros na segunda-feira.

As praias na região entre Pernambuco e Rio Grande do Norte também recebem uma ondulação mais limpa, principalmente no período da manhã, quando os ventos são mais fracos. Assim, os picos de Baia dos Corais, Porto de Galinhas, Cabedelo e Baia Formosa vão quebrar com excelentes condições no domingo e segunda-feira. Todavia, também teremos boas ondas no sábado.

Região Norte: A lestada está influenciando toda a região norte também, onde a ondulação recebe uma componente de nordeste.

No sábado e domingo, teremos a chegada de uma ondulação de norte, fabricada em Cabo Verde. Esta ondulação chega com período alto da ordem de 13 segundos no sábado, gerados por tempestades na região da Equatorial entre a África e as ilhas oceânicas de Cabo Verde e Madeira.

A altura das ondas pode chegar a 1,5-2 metros na costa do Pará. Principalmente no horário próximo do meio-dia, a ondulação de norte se faz mais presente e proporciona boas ondas em Salinas, Algodoal e inclusive Mosqueiro. Esta condição deve se manter assim até segunda-feira, e para os mais experientes, o horário da maré seca sempre tem ondas um pouco mais tubulares.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.