Desde a primeira vez em que vi a foto do Garrett McNamara surfando na Praia do Norte, Nazaré, Portugal, percebi que minha inspiração em pintar ondas grandes poderia atingir um novo patamar.
Para quem acompanha a minha carreira como artista do surfe desde o inicio, irá lembrar das minhas primeiras exposições na Surf & Beach Show, a famosa feira de surfe que acontecia anualmente em São Paulo nos anos 2000.
A maioria dos quadros ali eram sobre ondas gigantes e pinturas surreais de Teahupoo, Jaws, Mavericks, Waimea e Pipeline.
Um fato curioso da época eram os comentários de que aquelas imagens retratadas nas telas jamais poderiam acontecer de verdade. Mas, como artista, sentia apenas que teria que retratar a minha visão e inspiração em forma de arte.
Outro fato inspirador e interessante da época foi que em uma dessas feiras, um dos meus primeiros admiradores foi Rodrigo Koxa, atual recordista mundial da maior onda surfada da história. Koxa encomendou um quadro comigo baseado em uma foto dele em Pipeline, e naquela época ele já falava do sonho de viver como surfista de ondas grandes.
Já minha primeira pintura sobre esse coliseu das ondas gigantes foi intitulada ‘Monster Nazaré’. Como de costume, quis retratar o lado surreal do lugar, pintando um surfista descendo uma onda enorme. Essa talvez seja a pintura mais famosa que já fiz até o momento, compartilhada milhares de vezes nas redes sociais até hoje.
Mesmo sem nunca ter ido a Nazaré, sinto uma conexão especial com aquele lugar, uma inspiração. Isso me faz retratar aquelas ondas de uma forma diferente, envolvendo misticismo, admiração e a famosa pergunta que rola entre os surfistas de ondas grandes:
“Será que a onda de 100 pés existe?”
E enquanto ela não vem, eu retrato essa lendária onda nas minhas telas.
