Oregon State University

Caça de baleias enfraquece o DNA

Segundo estudo da Oregon State University, dos EUA, caça às baleias trouxe perda da diversidade genética.

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Pesquisadores compararam o DNA de ossos das baleias de hoje aos ossos de baleia encontrados em praias perto de estações baleeiras abandonadas.

Um estudo científico desenvolvido pela Oregon State University e publicado no Journal of Heredity investigou o impacto genético da caça comercial de baleias no século XX. O estudo coloca em evidência uma perda de diversidade genética nas baleias nos dias de hoje, em especial na linhagem materna das baleias azuis e das baleias jubarte.

O trabalho dos pesquisadores consistiu em comparar o DNA de ossos das baleias de hoje aos ossos de baleia encontrados em praias perto de estações baleeiras abandonadas. A maior parte dos ossos foram encontrados na Ilha Geórgia do Sul, no Oceano Atlântico Sul, 800 milhas a sudeste das Ilhas Malvinas, uma área onde a caça às baleias era prevalente e onde as temperaturas baixas ajudaram a preservar as amostras.

Segundo o estudo, “estes ossos representam a primeira fase da caça às baleias no século XX, e por isso representam a diversidade antes da caça existente neste grupo”. Os resultados da investigação mostraram que há fortes evidências de perda de linhas maternas de DNA entre as baleias azuis e as baleias jubarte.

Angela Sremba, principal autora do estudo, explicou que “a linhagem materna está frequentemente ligada às memórias culturais de um animal, como locais de alimentação e reprodução que são transmitidos de geração em geração. Se a linhagem materna for perdida, este conhecimento provavelmente também será perdido.”

O fim da caça e o regresso das baleias

Um dos efeitos foi que as populações locais de baleias desapareceram em grande parte da Geórgia do Sul. Desde o fim da caça às baleias, estas começaram a regressar à ilha.

“O número de baleias que regressam a esta área hoje ainda não é grande, mas há uma sensação de que podem estar a redescobrir este habitat”, explicou Scott Baker, Ph.D., diretor associado do Instituto de Mamíferos Marinhos da Universidade Estatal de Ohio.

Segundo o estudo, isto representa “a oportunidade de documentar a reconstituição natural destas antigas áreas de alimentação, semelhante ao que foi documentado para a baleia franca austral em torno da Nova Zelândia”.

O regresso das baleias à área não significa o fim dos impactos da caça comercial às baleias, que ainda poderão ser sentidos nos próximos anos. Como algumas espécies de baleias podem viver até 100 anos, é provável que várias baleias que vivem hoje estivessem vivas durante a era da caça.

A sua morte poderá significar a perda de mais linhagens maternas. O estudo reforça a importância de “continuar a amostragem destas populações para monitorar a recuperação e determinar se as populações em recuperação são remanescentes de populações pré-caça às baleias na Geórgia do Sul ou representam a redescoberta e colonização deste habitat alimentar produtivo”.

Sremba acrescentou que “é notável que estas espécies tenham sobrevivido”, e afirmou que “este trabalho oferece uma oportunidade para reconstruir a história das populações”, dizendo que “estas baleias nos ajudam a compreender o que realmente perdemos com a caça às baleias”.

Fonte Surf Total