Mercado de surfwear

O desabafo de Zietz

Sem patrocínio da Oakley no bico da prancha, Sebastian Zietz analisa as mudanças no mercado de surfwear e questiona a grande quantidade de competidores sem patrocínio.

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Sebastian Zietz começa o ano sem patrocinador principal e questiona conceito adotado pela indústria do surfe.WSL / Ed Sloane
Sebastian Zietz começa o ano sem patrocinador principal e questiona conceito adotado pela indústria do surfe.

Em entrevista concedida ao site da revista australiana Stab Mag, o Top havaiano Sebastian Zietz soltou o verbo ao falar sobre o mercado de surfwear, questionando a grande quantidade de competidores sem patrocínio.

Zietz tem 30 anos e é um dos poucos representantes do Havaí na elite mundial. Está prestes a ser pai, mas iniciou o ano com uma péssima notícia. Depois de ficar por três anos consecutivos variando de 11º a 12º no CT, o havaiano não teve seu contrato de bico renovado com a Oakley, patrocinadora principal do atleta, e agora vai seguir apenas com o co-patrocínio de óculos. Quem também está fora da marca é o brasileiro Caio Ibelli, como anunciamos recentemente.

Nos últimos anos, muitos atletas profissionais e amadores têm perdido espaço nas marcas para os free surfers e “influenciadores digitais”.

Para Zietz, o cada vez menor investimento do mercado nos atletas tem ocasiado a queda do número de praticantes. “Quando fui patrocinado pela primeira vez pela Oakley, aos 16 anos, você poderia ir para o North Shore e havia um milhão de pessoas na água a cada sessão. Toneladas de crianças eram patrocinadas. Parecia que a indústria estava realmente crescendo. Tenho notado, nos últimos cinco ou até dez anos, que a indústria tem vindo lentamente a cair. Hoje em dia podemos encontrar o North Shore praticamente sem crowd, mas quando eu era mais novo, todos tinham um patrocínio e, independentemente do dia da semana ou de como estivessem as condições, havia sempre 15 a 20 surfistas na água. Atualmente, parece que todos estão recuando, há uma quantidade de bons surfistas sem patrocinadores. Não sei o que se passa e nem conheço os números, mas é apenas o que vejo”, disse em entrevista à Stab Magazine.

Para Seabass, as redes sociais e o número de seguidores que cada atleta possui tem contribuído para determinar a escolha das marcas. “É a primeira coisa para que uma marca olha quando quer patrocinar alguém. Antes, era o bom surfe que interessava, mas agora basta ser ‘comerciável’ e bem orientado nas mídias sociais”, continua o Top.

Zietz também entende que isso faz parte do trabalho e o atleta precisa estar sempre ativo. O havaiano também brincou com o fato de sua conta no Instagram ser gerenciada pela esposa, até que seja encontrada uma melhor solução.

O Top falou ainda sobre o motivo da saída da Oakley do bico da sua prancha. “Sou amigo há muito tempo do meu chefe na Oakley, o gerente de marketing, e ele praticamente veio até mim e disse que os orçamentos estavam ficando muito ruins. A direção do vestuário que eles estão tomando, ele não acha que o surfe tem um lugar dentro dele”, conta Sebastian Zietz. “Caio (Ibelli) saiu. Eu não tenho certeza de quem eles ainda têm, eu não acho que mais ninguém nos EUA, ou os surfistas, ainda estão no vestuário. Não foi uma coisa pessoal. Mas estou super animado, eles me mantiveram com o co-patrocínio de óculos. Eu ainda tenho o adesivo deles. Eles são minha família há mais de 14 anos, então estou feliz por ainda ter um relacionamento lá”, finaliza o atleta.