Eleições CBSurf

Ferragina decifra conselho fiscal

Candidato ao Conselho Fiscal da CBSurf, Marco Ferragina explica como funciona atuação do cargo, que faz parte de uma iniciativa independente das chapas concorrentes.

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Marco Ferragina.

Marco Ferragina, 34 anos, é mais um entre tantos surfistas da capital paulista, um apaixonado pelas ondas há 21 anos, desde quando começou no esporte em Peruíbe, litoral Sul do estado de São Paulo. 

No mar, a evolução surgiu com viagens para tradicionais destinos icônicos do surfe, para aprimorar a performance e desvendar, cada vez mais, a particularidade de cada onda. Austrália, Havaí, Peru, Califórnia, Marrocos, Maldivas, Sri Lanka, Ilhas Canárias, Costa Rica e Panamá – além dos principais picos de surfe do Brasil, entraram no roteiro de Marquinho, como também é conhecido nas praias e nos bastidores do surfe paulista.

Nesta sexta-feira, Marco Ferragina apresentaria seu nome às eleições mais disputadas da história da Confederação Brasileira de Surf, na condição de candidato a uma das seis vagas de conselheiro fiscal da CBSurf, caso as eleições não estivessem suspensas pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

A vaga de conselheiro fiscal é uma iniciativa que independe de qualquer uma das três chapas concorrentes. E um detalhe curioso do seu pleito é o fato de que ele só decidiu se candidatar depois de analisar o edital da CBSurf e entender que se encaixava como uma luva e sem restrições para a importante missão.

“Eu simplesmente soube pela imprensa especializada que havia sido publicado o edital de convocação para as eleições e consultei com detalhes o procedimento eleitoral que estava disponível no site da CBSurf. Candidatar-me ao Conselho Fiscal não é um privilégio meu, mas sim um direito de qualquer cidadão brasileiro que lesse o edital e cumprisse requisitos, assim como estar em pleno gozo de seus direitos. Verifiquei que houve várias candidaturas a membro do Conselho Fiscal e que não foram habilitadas, uma pena. Se houvesse mais candidaturas habilitadas o debate poderia ser mais rico”, relata Marco Ferragina às vésperas da eleição.

Marco Ferragina é surfista da capital paulista e apaixonado pelas ondas. Nesta foto, em Ubatuba (SP).

Além de atender os critérios para ser elegível, ele conta com o aval de quatro federações estaduais – Pará, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. O cargo de conselheiro fiscal também atraiu o baiano Armando Daltro, ex-campeão mundial do WQS, bem como o gaúcho Rodrigo Dornelles, outro renomado surfista defensor do país por muitos anos na elite do circuito mundial. 

Porém, de acordo com a Resolução 001 da Comissão Eleitoral da CBSurf, somente Ferragina e o ex-competidor Michel Cardoso, da praia do Solemar, Praia Grande (SP), estão habilitados a participar da mais concorrida e esperada eleição da história da entidade.

Ata de 8/12/2020 da Comissão Eleitoral
Ata de 10/12/2020 da Comissão Eleitoral
Ata de 14/12/2020 da Comissão Eleitoral
Ato de Comissão Eleitoral
AP-04/2020 CBSurf
Edital de convocação de Assembleia Geral Eletiva da CBSurf
Estatuto CBSurf 2019

“Há mais de 12 anos venho trabalhando com o surfe no Estado de São Paulo, sendo muito atuante, principalmente no Litoral Sul do Estado. E há pouco tempo fiz parte de um movimento entre as entidades do Estado de São Paulo em prol do surfe paulista em apoio a criação da nova Federação de Surf do Estado, a SP Surf, e comecei a pensar no que mais eu poderia me envolver para tentar melhorar a vida dos atletas e simpatizantes do esporte. Por isso, quando vi a publicação do edital de convocação da CBSurf não pensei duas vezes em me candidatar para o Conselho Fiscal”, explica o também candidato Michel Cardoso.

Estes movimentos em busca de renovação no ambiente diretivo do esporte tornam ainda mais atraente a eleição para a diretoria da CBSurf nesta sexta-feira. Além do candidato a reeleição, o baiano Adalvo Argolo, a disputa também conta com as candidaturas de Jojó de Olivença, surfista de Ilhéus (BA), campeão brasileiro de surfe profissional pela ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional) e atleta da elite do World Tour, além do legend carioca Ricardo Bocão, sócio diretor do canal de TV Woohoo, um dos mais conceituados homens da mídia especializada no Brasil.

Quem elege tanto a chapa para presidente e vice, quanto os membros do Conselho Fiscal, são as federações atualmente filiadas à CBSurf em pleno gozo de seus direitos, conforme publicado na relação de federações habilitadas a voto, no edital de convocação para a eleição.

Na entrevista exclusiva de Marco Ferragina ao Waves a seguir, ele aproveita para detalhar a sua experiência e expectativa de promover um trabalho independente e de rigor técnico junto a CBSurf.

Por que decidiu se candidatar ao cargo de conselheiro fiscal da CBSurf?

Resolvi me candidatar ao Conselho Fiscal da CBSurf para o período de 2021 a 2024 pois enxerguei uma oportunidade de contribuir para a profissionalização e aprimoramento da gestão, transparência e governança da entidade. 

Esse momento democrático inédito no surfe brasileiro acabou gerando uma disputa insana pela cadeira de presidente e vice, mas ninguém prestou atenção para a importância que o Conselho Fiscal da entidade terá neste momento, como órgão fiscalizador dos atos praticados pela diretoria que for eleita, seja ela qual for. Outro fato que me motivou a participar deste pleito foi a possibilidade de lançar uma candidatura autônoma e independente, sem associação direta a nenhuma chapa que concorra à presidência da entidade.

Como descobriu que poderia se candidatar?

Eu simplesmente soube pela imprensa especializada que havia sido publicado o edital de convocação para as eleições e consultei com detalhes o procedimento eleitoral que estava disponível no site da CBSurf. Candidatar ao Conselho Fiscal não é um privilégio meu, mas sim um direito de qualquer cidadão brasileiro que ler o edital, além de cumprir com os requisitos e em pleno gozo de seus direitos. 

Verifiquei então que houve várias candidaturas a membro do Conselho Fiscal e que não foram habilitadas, uma pena. Se houvesse mais candidaturas habilitadas o debate poderia ser mais rico.

Como é o trabalho de conselheiro fiscal? É remunerado? Qual a duração do mandato?

O Conselho Fiscal, por definição e atribuição estatutária, de acordo com a seção XII artigos 60 e 61 do estatuto da entidade, tem o dever de fiscalizar os atos financeiros praticados pela diretoria. Trata-se do órgão que consegue dar transparência e credibilidade para os atos da diretoria, e assim contribuir para a governança da entidade. 

Por isso, a importância de a candidatura dos membros do Conselho Fiscal não estar associada à candidatura de nenhuma chapa concorrente à presidente e vice, justamente para garantir a transparência almejada com este trabalho, até porque eventuais questionamentos não são bons para a entidade ou para o esporte. 

É necessário haver uma independência clara entre Diretoria e Conselho Fiscal, a fim de manter a autonomia do conselheiro. O trabalho do Conselho Fiscal não é remunerado e a duração do mandato é de quatro anos, de 2021 a 2024.

Marco Ferragina em Ubatuba (SP).

O conselheiro tem total independência para analisar as contas ou ele se sujeita à diretoria da CBSurf?

O Conselho Fiscal é e deve se manter sempre como um órgão autônomo e independente, para que tenha total liberdade e autonomia de fiscalizar as contas e atos praticados pela diretoria. 

Se não houver essa independência o processo democrático fica corrompido. 

Não aceito, em hipótese alguma, a ideia de um conselho fiscal submisso e sujeito às decisões da diretoria. Para o Conselho Fiscal, não deve importar quem é a pessoa sentada na cadeira de presidente, deve haver impessoalidade nessa relação. 

Como analisa as três candidaturas?

Como candidato autônomo a membro do Conselho Fiscal, e buscando manter sempre a impessoalidade, o que posso dizer é que vejo as três candidaturas em busca de algo melhor para o surfe.

Considero muito válida essa pluralidade de chapas, contribui muito para a construção de um processo democrático mais sólido e para um debate mais rico entre os concorrentes, e quem ganha com isso é o surfe brasileiro. 

Para o Conselho Fiscal não deve importar quem vai sentar na cadeira do presidente, mas sim se o que foi praticado está de acordo com a legislação e não configura nenhum ato grave ou lesivo ao esporte. 

Qual sua experiência com gestão de esportes?

Toda minha carreira profissional é ligada ao marketing esportivo. Fui empresário por 10 anos com uma agência especializada em esporte e entretenimento, trabalhei por dois anos como general manager de um veículo especializado em surfe e atualmente gerencio a área de Inteligência de Mercado no grupo Norte Marketing Esportivo, relevante player do segmento. 

Ao longo da minha carreira, também estive envolvido diretamente com a gestão de entidades esportivas e do terceiro setor, como por exemplo Associação Paulista de Surf Universitário (presidente 2008-2010), Associação de Skate Universitário (Fundador 2010 e presidente 2018-2022), Associação de Surf da Grande São Paulo (Vice-Presidente 2013-2015 e 2019-2021), Associação Brasileira da Indústria dos Esportes com Prancha (Fundador e Vice-Presidente 2017-2019), Associação de Surf Feminino (Presidente do Conselho Fiscal 2019-2022) e Federação de Surf do Estado de São Paulo (Diretor de Relações Institucionais 2020-2023). 

Toda essa bagagem acredito que me capacita e me certifica para concorrer ao cargo de membro do Conselho Fiscal da CBSurf para o período 2021-2024.

Quantos conselheiros concorrem ao pleito?

O estatuto prevê que o Conselho Fiscal deve ser composto por seis membros, sendo três efetivos e três suplentes. Porém, apenas duas candidaturas foram habilitadas, a minha e a do Michel Cardoso, que também aplicou como candidato autônomo sem associação direta a nenhuma chapa. 

O que deve ocorrer, caso eu e o Michel sejamos eleitos, é a convocação de uma nova eleição para eleger os membros que ainda faltam para completar o Conselho Fiscal em sua integralidade.

Marco Ferragina.

E qual seu retrospecto como surfista?

Surfe é minha maior paixão desde a pré-adolescência. Tenho 34 anos e surfo há 21 anos, sou paulistano e aprendi a surfar em Peruíbe, litoral sul de São Paulo. Fui competidor amador (Circuitos Universitário e Paulistano) entre 2004 e 2008. Tenho na bagagem surf trips para Austrália, Hawaii, Peru, Califórnia, Marrocos, Maldivas, Sri Lanka, Ilhas Canárias, Costa Rica e Panamá – além dos principais picos de surf do Brasil. 

Qual seu tipo de onda preferido?

Busco ondas extensas e com seções distintas, que propiciem diferentes tipos de manobras na mesma onda. Maldivas para mim até hoje é o sinônimo de onda perfeita e que me agrada em cheio.

Voltando a falar de sua candidatura, como define o seu perfil político para o  trabalho em associação?

Sou uma pessoa que busca sempre o consenso, a coalizão. Não gosto de impor opiniões, mas discutir as melhores possibilidades com todas as partes envolvidas. 

Considera-se mais conciliador ou mais ousado nos temas políticos?

Conciliador, sem sombra de dúvidas. Ao meu ver, a arte da política é conciliar opiniões divergentes dentro do mesmo guarda-chuva, tarefa árdua porém necessária. 

Partindo do princípio que sua candidatura é bastante viável, qual seria a maior dificuldade para realizar seu trabalho com qualidade?

A maior dificuldade que eu poderia enfrentar seria qualquer tentativa contra a autonomia e independência do Conselho Fiscal. Qualquer tentativa de bloquear ou anular a atuação do Conselho Fiscal eu enxergo como uma afronta ao processo democrático que está sendo criado nesse momento para o surf brasileiro.

A atual diretoria da CBSurf tem sido bastante contestada no meio do surfe e nas redes sociais, a ponto de haver outros dois candidatos novos, além de Adalvo Argolo, atual presidente que busca a reeleição. No caso de vitória de Adalvo, como acha que será o seu relacionamento com ele?

Seria igual ao relacionamento com qualquer outro dos candidatos ao pleito. Reafirmo que a função e atuação do Conselho Fiscal independe de quem está sentado na cadeira do presidente. O Conselho Fiscal não pode e não deve escolher a quem vai fiscalizar, assim como a diretoria não pode e não deve escolher quem deverá fiscalizar os seus próprios atos.

Marco Ferragina, Guarujá (SP).

E com os outros candidatos, tem um bom relacionamento?

Não tenho relacionamento nem bom e nem ruim, respeito muito a carreira e trajetória profissional de todos. Porém, como disse, o Conselho Fiscal deve sempre permanecer independente, sem associação direta a nenhum candidato. É isso que irá manter a credibilidade da entidade intacta no médio e longo prazo.

De que maneira o Michel Cardoso, o outro candidato habilitado, pode colaborar com o seu trabalho e os teus projetos?

Quero deixar claro que o Conselho Fiscal não tem nenhum plano de projeto, apenas a função de fiscalizar os atos praticados pela diretoria. Os projetos são e devem ser elaborados pela diretoria da entidade. 

Em relação ao Michel, só pelo fato de ele também aplicar como candidato autônomo já mostra que temos sinergia com essa mesma linha de pensamento, de manter a autonomia e independência do Conselho Fiscal. Esse com certeza será o grande foco do nosso trabalho, caso sejamos eleitos. Acho importante também haver uma reciclagem nos personagens e profissionais ligados à gestão do surfe brasileiro.

É super importante que pessoas capacitadas da nossa geração possam ocupar cargos relevantes e trazer a régua para cima, necessário esse movimento para tirar as pessoas da zona de conforto habitual.

Como se sentiu quando viu seu nome aprovado por edital?

Honrado e animado para tentar fazer a diferença, porém a habilitação da candidatura é apenas o primeiro passo. Ainda preciso ser eleito para que possa precisar exatamente o sentimento. 

Diante da realidade da geração atual, o que falta para o surfe brasileiro se afirmar de vez nacional e internacionalmente?

Eu já enxergo o surfe brasileiro bem afirmado no cenário nacional e internacional. Agora, o que pode ser melhorado nesse processo, é melhor perguntar aos candidatos à presidência da entidade.