Revolução das pranchas

Tom Curren visionário

As pranchas de surfe modernas se dividem entre antes e depois da revolução, causada pelo tricampeão mundial Tom Curren.

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Tom Curren durante o The Search.Divulgação Rip Curl
Tom Curren durante o The Search.

No esporte, como em praticamente os segmentos da sociedade, há produtos, tecnologias e métodos que fazem a diferença no que concerne à evolução, seja ela em termos de performance ou tendências. Podemos citar exemplos cotidianos, como invenção dos smartphones, tecnologia liderada pela Apple e hoje consolidada, o desenvolvimento das câmeras digitais, nesse caso capitaneado pela Sony, entre outros.

Entre os chamados “esportes extremos”, skates diminuíram, bikes ficaram mais leves, pipas de kitesurfe são cada vez mais funcionais. No surfe não poderia ser diferente: pranchas, quilhas, roupas de borracha, relógios, entre outros acessórios tornam-se cada dias mais funcionais e práticos. Mas a estrela principal da festa segue sendo a prancha.

Vamos pular as fases mais antigas chegando até o que chamamos de prancha moderna, algo que podemos considerar como produzidas a partir de meados dos anos 1990, tendo como patamar as pranchas utilizadas pelo G.O.A.T Kelly Slater, à época com medidas em torno de 6′ a 6’3″, com 17 1/2 a  18 1/2 ‘ de largura em média não muito exata.

Bastante gente tentou surfar com pranchas de medidas parecidas, vários shapers seguiram a tendência e depois voltaram a seu curso normal. Nessa época os modelos mais clássicos como biquilhas, monoquilhas, mini Simmons e até longboards foram praticamente esquecidos, salvo algumas iniciativa, ainda bem, persistentes, porém isoladas. O filme Focus filmado por Taylor Steele em 1994 retrata bem essa época.

Atualmente as pranchas utilizadas pelos profissionais e por nós meros mortais diminuíram em tamanho, ganharam volume e o que podemos chamar de “ditadura das pranchas estreitas e grandes” acabou.

Considerando patamares de hoje, teve um respiro quando Tom Curren, sempre ele, em 1994, decidiu pegar uma pranchinha pequena e fazer o que parecia impossível com uma prancha tão pequena, com a hoje famosa e então desconhecida 5’7″ Fireball Fish, biquilha, e provar que pranchas menores podem, sim, funcionar em ondas de respeito.

Vale lembrar que nessa época as quilhas de encaixe não eram comuns ou até nem existiam. A sessão em Bawa abaixo é uma das mais icônicas do surfe mundial até hoje e nela Mr. Curren mostra como se faz com uma “maroleira” em morras com mais de 3 metros, suave.

Em termos técnicos, o shaper californiano Matt Biolos da Lost surfboards foi um dos protagonistas dessa mudança de conceito, pelo menos para o que podemos chamar de mercado.

Inspirado nas performances de Curren (dito por ele no episódio 1 da série de vídeos lançados por ele recentemente), Biollos desenvolveu o modelo de fish com as medidas 5’5″x 19′ 1/4″. A prancha deu tão certo que ficou imortalizada através das performances de gente grande do surfe mundial, imortalizadas no clássico filme “5’5″ X 19 1/4″ Redux”, lançado em 1996. Naquela época, surfistas como Andy Irons, Cory Lopez, Chris Ward e outros evidenciaram que era viável destruir em ondas pesadas utilizando uma prancha pequena.

Apesar de todas as mudanças pelas quais a tecnologia, o design e a construção das pranchas de surfe passaram nas últimas duas décadas, a 5’5″ de Biollos mantém sua relevância. Recentemente o shaper da Lost provou que ela segue funcionado e a submeteu modernizada, à prova.

Ele equipou alguns surfistas de sua equipe e promoveu um test drive. Crosby Colapinto, Yago Dora, Kolohe Andino, Mason Ho,  Eric Geiselman e Cole Houshmand foram alguns nomes que participaram. A ação que foi registrada e publicada no canal da Lost. O primeiro segue aqui. Os outros episódios estão na sequência no canal da Lost Surfboards.

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