Canal do Estuário

Golfinhos visitam Santos

Grupo com cerca de 30 golfinhos faz rara aparição no Porto de Santos (SP).

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Último registro da espécie no local teria sido feito na década de 1990.

Um grupo de golfinhos foi flagrado na última terça-feira (28), perto de navios no canal do Porto de Santos (SP). Eles chamaram a atenção de trabalhadores que estavam atravessando o canal em lanchas e embarcações.

As imagens foram feitas pelo engenheiro naval Adagamos Sartini, que trabalha como vistoriador no Porto de Santos. Ele conta que estava em um dos terminais portuários, na parte da manhã, quando pegou uma lancha para chegar a um navio. No início do trajeto, ele e os colegas tiveram uma surpresa.

“Em frente ao terminal 35. Devia ter uns 30 golfinhos, eles estavam saindo do canal do porto e indo em direção ao mar aberto. Dava para ver que os machos, os maiores, ficavam ao lado protegendo as fêmeas e os filhotes”, conta Sartini.

“Todo mundo ficou impressionado. Eu logo peguei a câmera e filmei. É difícil ver isso. No canal é muito raro. É a primeira vez que eu vejo”, acrescenta o engenheiro.

Segundo a bióloga Andrea Maranho, consultada pelo G1, a cena é extremamente rara. O último registro da espécie no local teria sido feito na década de 1990. Maranho, que é coordenadora técnica do Instituto Gremar, analisou o vídeo e identificou que o grupo pertence a espécie stenella sp.

Segundo ela, é difícil ver animais desta espécie no canal do Porto. “É um evento muito raro. Normalmente, avistamos esses golfinhos quando saímos do estuário, navegando sentido Laje de Santos, por exemplo”, fala.

Andrea diz que era mais comum ver botos-cinza nesta área, já que a espécie é estuarina. Mas, mesmo assim, com o passar dos anos, a poluição sonora espantou também esses animais. “A última vez que foi avistado um golfinho no estuário foi na década de 1990”, comenta.

A preocupação, de acordo com a bióloga, é que o grupo possa colidir com alguma embarcação. “Pode estar relacionado a perseguição de cardumes de peixes, por exemplo. Mas, existem vários fatores como fuga de predadores, desorientação, doenças, entre outros”, diz ela.