Balneário Camboriú

Tubarão na área

Jules Soto diz que espécies de tubarão no litoral de Santa Catarina não são agressivas e que alargamento da faixa de areia pode ser positivo.

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O aparecimento de tubarões na orla de Balneário Camboriú (SC) após as obras de alargamento da faixa de areia era previsível, explica o geógrafo e curador do Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jules Soto, em entrevista à CNN no último sábado (16/10).

“É uma realidade. Eles estão aparecendo em um número maior principalmente nos últimos dois meses e isso se deve, muito provavelmente, por causa do distúrbio da dragagem, da jazida de areia que está sendo tirada para fazer o engordamento da praia. Era de certa forma esperado. É um fenômeno normal, visto que os tubarões são extremamente sensíveis ao ambiente. Qualquer alteração gera um distúrbio na dinâmica do ecossistema desse local”, disse.

Ele diz como o processo se desenvolve. “Camarões, pequenos invertebrados e pequenos peixes vem comer os organismos retirados do sedimento e que estão em suspensão. Isso atrai peixes um pouco maiores e com isso os tubarões, que vem comer esses peixes. Fazendo uma analogia, é como no campo: quando passa um trator com os discos de arado, potencialmente há uma grande concentração de aves que vem comer larvas de insetos e vermes da terra que ficam expostos. É a mesma coisa no fundo marinho e é o que vem acontecendo em Balneário Camboriú”.

Não há motivo para desespero, garante o geógrafo. “Quando se fala em tubarão, as pessoas associam automaticamente a ataque, elas entram em pânico por causa desse estigma com o nome ‘tubarão’. As espécies de tubarões potencialmente agressivas são raras, e não são típicas das praias de Santa Catarina, que não registram ataques como acontecem no Nordeste. Temos dados dos anos 60 de que pescadores artesanais chegavam a pegar de 15 a 20 tubarões todas as noites, e não há registros de ataques naquela época”.

Soto diz ainda que a obra pode ser positiva. “O engordamento da praia lá pode recuperar um ecossistema que estava perdido. Lá não tinha mais praia, não existia mais como fazer preservação lá”.

Fonte CNN Brasil