Divulgação.A jovem atleta Erin Brooks conseguiu a naturalização canadense, abrindo as portas para competir pelo Canadá nas Olimpíadas de Paris 2024. Brooks, de 16 anos, nasceu no Texas, EUA, e cresceu no Havaí, mas tem laços canadenses por meio de seu pai norte-americano, Jeff Brooks, que tem dupla cidadania americana-canadense, e de seu avô, que nasceu e foi criado em Montreal.
Erin teve o primeiro pedido negado ano passado, em outubro. Segundo o portal CBC Sports, o Ministro da Imigração, Marc Miller, mudou de opinião depois de uma decisão em dezembro do Tribunal Superior de Justiça de Ontário de que é inconstitucional para o Canadá negar a cidadania automática aos filhos de canadenses nascidos fora do país.
Ainda de acordo com a CBC, a família Brooks apresentou novamente o pedido com base na recomendação do Departamento de Imigração, para acelerar o processo.
“Eu amo o Canadá. Nunca estive tão orgulhosa de usar o Maple Leaf (folha da árvore Maple representada na bandeira)”, diz Erin Brooks em comunicado divulgado pela família. “Ao ministro Marc Miller e a deputada Jenny Kwan, vocês mudaram a minha vida. Acredito que farei algo verdadeiramente especial pelo meu país”.
O autor Don Chapman, que trabalhou anos para mudar as leis de cidadania existentes, deu a notícia por telefone a Erin. “Ela começou a chorar. Ela estava tão animada”, relata Jeff Brooks. “Foi um momento muito especial.”
A última oportunidade de se classificar para as Olimpíadas será no Mundial da ISA, em Porto Rico, em fevereiro.
Brooks é considerada por muitos uma das candidatas a medalha nas Olimpíadas. Erin ganhou a medalha de prata no último Mundial da ISA em El Salvador e ouro no Mundial Junior, em junho de 2022.
Dom Domic, diretor executivo da Confederação de Surfe do Canadá, deu boas-vindas. “Depois de mais de quatro anos, parece que os Brooks finalmente tiveram um final feliz”, diz Dom Domic. “Pessoalmente, estou muito feliz porque o ministro Miller corrigirá os erros do passado e, finalmente, nossos canadenses serão oficialmente recebidos em casa, onde sempre pertenceram”.
Leis do Canadá
As leis de cidadania do Canadá são complexas, com alterações das regras em 2009 e 2015. Mas, essencialmente, o projeto de lei C-37 de 2009 pôs fim à extensão da cidadania às segundas gerações nascidas fora do país.
Em outubro de 2023, a entidade Imigração, Refugiados e Cidadania do Canadá divulgou uma carta em que afirmou que Brooks não cumpria os requisitos para obter a naturalização.
“O pedido é recusado com base no fato de que o requerente não é refugiada, não passou por dificuldades especiais ou incomuns ou prestou serviços de valor excepcional ao Canadá que justifiquem uma concessão discricionária de cidadania canadense”, afirmava a carta à época.
A casa dos Brooks em Lahaina, Maui, pegou fogo durante os recentes incêndios florestais e a mãe de Erin luta contra um câncer. A família agora conta com a casa em Tofino, Canadá, quando não está viajando de nove a dez meses por ano com a filha.
O Comitê Olímpico Canadense também apoiou naturalização de Brooks, com o CEO David Shoemaker dizendo que a adolescente demonstrou “seu sincero compromisso de competir pelo Canadá e de ser canadense”.
Em março de 2022, a Federação de Surf e o Comitê Olímpico Canadense solicitaram à International Surfing Association (ISA) que permitisse que Brooks competisse pelo Canadá, pois seu pedido de cidadania havia sido apresentado, mas não fora concluído no período.
A ISA atendeu ao pedido, mas mudou de ideia em junho de 2023, relatando que “a decisão foi tomada incorretamente e não está de acordo com as regras aplicáveis da ISA”.
A ISA suspendeu a elegibilidade de Brooks para competir pelo Canadá, com a alegação de que reavaliaria a decisão se fosse fornecida uma “prova de cidadania com um documento verificado do governo canadense”.
Isso impediu Brooks de competir nos Jogos Pan-Americanos e no Mundial da ISA. Erin seguiu em competições da WSL, como o QS.
Talento de Brooks
Brooks foi contatada por outros países interessados em seus talentos. A avó materna é cidadã alemã e também tem laços italianos. O lado paterno da família também tem linhagem irlandesa.
O Canadá não conseguiu qualificar nenhum atleta para as Olimpíadas de Tóquio 2020, onde a modalidade estreou nos Jogos.
O canadense Cody Young foi convocado de última hora para os Jogos de Tóquio devido à uma vaga relacionada ao Covid 19. Mas o atleta radicado no Havaí não conseguiu chegar a tempo devido à logística de viagem.
A família Brooks continua o treinamento no Havaí, depois ela compete no próximo mês em Porto Rico e, em seguida, Erin vai para a Austrália e Fiji.
Fonte CBC Sports
