Campeão olímpico

Italo chega ao Brasil

"Estou meio em choque, é fora do que tinha imaginado", comemora Italo Ferreira em retorno ao Brasil após ouro olímpico.

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Italo Ferreira é o primeiro campeão olímpico de surfe da história.

Italo Ferreira desembarcou na última quinta-feira (29) no Aeroporto de Guarulhos (SP), de onde pegou um voo para a sua casa, em Baía Formosa (RN). Primeiro campeão olímpico do surfe, o potiguar concedeu entrevista coletiva e falou sobre como foram seus primeiros dias após o feito histórico realizado na Praia de Tsurigasaki, em Chiba.

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“Foi difícil para digerir, ainda está sendo. Estou meio em choque, é fora do que tinha imaginado. Eu só queria a medalha, mas vem o pacote completo”, brinca Italo. “Mas é legal, receber o carinho das pessoas, o respeito… Espero que estejam orgulhosos de mim”, comemora o medalhista de ouro.

Enquanto a ficha não cai, Italo guarda nas memória os detalhes da bateria decisiva em Chiba, no Japão. O brasileiro não deu chances para Kanoa Igarashi, que entrou em combinação e terminou com somatório de 6.60, contra 15.14 de Italo.

“Até antes de terminar a bateria já estava comemorando, o Kanoa estava numa situação quase impossível, até parei de ficar próximo dele… Pensei: ‘Se tiver que ser campeão, vai ter que ser’. Foi um sentimento incrível, passou um filme na minha cabeça, como nas outras vitorias também, mas essa teve um diferencial, de eu ter sido o primeiro campeão olímpico do surfe na história”.

Foco do atleta agora está nas próximas etapas do CT.

Atual campeão olímpico e mundial, o potiguar revelou também que teve uma preparação específica para os Jogos, com atenção especial para a escolha das pranchas e também uma alimentação restritiva para chegar na competição em forma.

Dediquei um tempo extra para esse desafio. Tive um tempo em casa para me preparar antes de embarcar, testei todas as pranchas… Teve uma mudança com a entrada de um tufão que alterou a ondulação, e a sorte foi que levei uma pranchinha maior, e foi com ela que fui até o final, que quebrou na primeira onda”, declara. “Tive que reduzir minha alimentação, controlar… Saí de 74 kg para 69, sequei bastante, estava bem fisicamente e mentalmente, e o resto foi na água, com o que mais gosto de fazer”, conta.

Próximos desafios

Italo terá pouco tempo para descansar, uma vez que a etapa do México do CT da WSL acontece entre os próximos dias 10 e 19 de agosto. Atualmente na segunda colocação no Ranking do Tour, ele tem como próximo grande objeto a conquista do bicampeonato mundial

“Conquistar mais títulos mundiais. Isso é um desafio para mim. Estou bem esse ano, na vice-liderança, e com grandes chances de vencer. Acho que estou bem mais leve depois do primeiro título (mundial), fica mais confortável. Agora é sonhar em vencer algumas etapas que eu queria, como Taiti, e continuar evoluindo”, define.

Italo foi recepcionado pela imprensa e por fãs em Guarulhos (SP).

“No circuito, é bem mais desafiador, o ano inteiro competindo, com vários tipos de onda, e você tem que ir bem em quase todas as etapas. Nas Olimpíadas, você vai um pouco mais certo… Mas foi algo que, como foi a primeira conquista, ninguém nunca tinha escrito, realmente foi um sentimento único”, afirma.

Cobrança por mais investimentos

Na atualidade, Italo Ferreira desfruta de visibilidade e grande investimento por parte de patrocinadores. Após o ouro olímpico, seus números no Instagram multiplicaram, chegando a 2,3 milhões de seguidores. No entanto, o potiguar sabe que é uma exceção no cenário do surfe nacional. Ele cobrou mais investimento para fomentar o esporte no Brasil.

“Vai depender muito de quem está por trás. Agora as pessoas precisam pensar mais no próximo ao invés de pensar no próprio umbigo, ajudar, com a palavra no verdadeiro sentido. Seria a melhor forma desses caras aproveitarem essa oportunidade, e não só sugar”, protesta.

Brasileiro vai comemorar o ouro em Baía Formosa (RN).

“Todo mundo ganhou, tanto as empresas que estão ali no mercado quanto as empresas de fora do segmento, e especificamente os atletas, os fãs, que acompanham o esporte, e isso deu uma quebrada no preconceito, e a gente mostrou que o surfe é bem profissional”, afirma. “Antigamente era só EUA e Austrália, e hoje o Brasil domina, vence quase todas as etapas, venceu as Olimpíadas… A gente vive um dos melhores momentos, e isso (crescimento do esporte) vem naturalmente”, completa.