Pro G-Land

Quatro brasileiros avançam

Italo Ferreira, Miguel Pupo, Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb estreiam com vitória no Pro G-Land. Eles estão garantidos nas oitavas masculinas e ela nas quartas femininas.

0
Italo Ferreira é um dos brasileiros já classificados para as oitavas de final.

O formato das disputas do circuito da elite do surfe mundial mudou. Agora, só os vencedores da primeira fase evitam a repescagem. Foi assim, com vitórias, que Italo Ferreira, Miguel Pupo e Gabriel Medina garantiram vagas nas oitavas de final masculinas, e Tatiana Weston-Webb nas quartas femininas do Pro G-Land. Os outros cinco brasileiros caíram para a repescagem.

Clique aqui para ver as fotos

Clique aqui para ver o vídeo

O sábado (28) começou com o Round 1 feminino. As primeiras baterias foram fracas de ondas, com séries de cerca de 1 metro no pico da ilha de Java, Indonésia. Porém na terceira disputa as condições já estavam bem melhores. Os tubos começaram a aparecer e as esquerdas ficaram maiores, com algumas acima de 1,5 metro.

Tati na casa do excelente – Tatiana Weston-Webb foi a primeira representante do Brasil a competir. Ela participou da quarta e última bateria da primeira fase feminina. No melhor momento do duelo, a brasileira pegou um canudo e executou um forte snap para anotar 8.67 pontos, a segunda maior nota do dia entre elas.

Na sequência a brasileira conquistou mais 6.50 pontos e venceu com o somatório de 15.17. A australiana Tyler Wright (2ª) e a norte-americana Lakey Peterson (3ª) caíram para a repescagem.

“Essa é a minha primeira vez aqui em G-Land e esse lugar é incrível”, diz Tatiana Weston-Webb. “Eu acho que tive sorte de pegar aquela onda perfeita, eu sabia que ia formar o tubo e ainda consegui fazer uma manobra forte no final. É quase inacreditável estar aqui podendo surfar uma esquerda de sonho como essa. Sou muito grata pela oportunidade e quero até agradecer a WSL, pelo esforço em realizar um evento nesse lugar maravilhoso”.

Italo domina bateria – Depois das mulheres foi a vez dos homens estrearem no Pro G-Land. Italo Ferreira foi o primeiro brasileiro que venceu no Round 1 masculino. O atual quinto colocado no ranking dominou a quinta bateria da fase, e mandou Caio Ibelli e o norte-americano Jake Marshall para a repescagem.

O início da bateria foi quente. Aos seis minutos Italo pegou uma onda da série. O brasileiro executou seis manobras e pegou um tubo. A nota foi 8.33 pontos. Enquanto os adversários não encontravam esquerdas de qualidade, aos 13 minutos ele pegou outra onda, uma intermediária, surfou dois canudos e rasgou uma vez para colocar mais 6.83 no somatório.

Caio e Jake seguiam tentando, mas não conseguiam diminuir a diferença no placar. Os dois precisavam de 15.16 pontos. O norte-americano fez sua melhor onda quando restavam dez minutos para o fim. Ele soltou as manobras e anotou 6.70. Mas o tempo passou e ele não conseguiu os 8.46 que precisava para vencer. Jake terminou em segundo e Caio em terceiro. Os dois terão nova chance na repescagem. O adversário do brasileiro será o sul-africano Matthew McGillivray.

“Estou muito feliz por ter sido abençoado com aquela primeira onda muito boa e por começar com vitória aqui”, comenta Italo. “É a primeira vez que venho para cá e estou amarradão por finalmente surfar uma esquerda nessa temporada. As séries estão demorando um pouco para entrar, mas quando as ondas vêm, são excelentes. A onda daqui te oferece muitas oportunidades para fazer manobras, surfar tubos e até para os aéreos. Eu tenho surfado direto desde que cheguei e agora é entrar focado também na próxima bateria”.

Miguel rasga e passa por dentro – Miguel Pupo também venceu pela primeira fase do Pro G-Land. Ele competiu na sétima bateria e apresentou um surfe limpo, de curvas forte, e pegou tubos. Com nove minutos de duelo o brasileiro fez cinco manobras e anotou 7.00 pontos. O australiano Connor O’Leary abriu com 5.67 e depois passou a esperar por ondas excelentes.

Barron Mamiya também estava na disputa e só surfou após 16 minutos de confronto. O havaiano passou por dentro de um canudo, rasgou e bateu. A nota foi 6.60 pontos. Na onda seguinte da mesma série, Miguel fez um surfe parecido, pegou um tubo, executou um layback e bateu para conquistar 5.77.

O havaiano precisava de 6.18 pontos para vencer. Na primeira tentativa ele anotou 4.77. Depois surfou mais uma onda, porém os 2.83 não alteraram seu somatório. Connor ficou longos minutos esperando uma onda boa, mas escolheu uma que fechou e ele não saiu do tubo. Perto do minuto final o brasileiro tinha a prioridade, mas o australiano pegou uma onda intermediária e soltou as manobras, porém os 4.40 não tiraram ele da terceira posição.

O retorno do tricampeão – A outra vitória brasileira foi de Gabriel Medina. Após oito meses sem competir para cuidar da saúde mental, o tricampeão mundial retornou aos eventos com vitória na última bateria da primeira fase do Pro G-Land. O brasileiro se conectou com o pico da Indonésia e conquistou uma nota no critério excelente.

Com o mar inconsistente, de séries demoradas que passavam de 1,5 metro, Medina entrou na água com a estratégia de não esperar muito. Ele ficou ativo, porém não conseguiu notas expressivas.

Samuel Pupo e o australiano Callum Robson surfaram ondas fracas, e Medina, então, pegou a prioridade e optou por esperar uma esquerda da série. Ela apareceu quando restavam 16 minutos para o fim. O brasileiro surfou um tubo longo, executou uma rasgada alongada segurando a borda da prancha, e bateu duas vezes na sequência. A nota foi 8.07 pontos.

Naquele momento Medina abriu larga vantagem para seus adversários. Samuel e Callum até conseguiram notas na casa dos quatro pontos, porém elas não foram suficientes para reverter o resultado. Perto do fim Medina melhorou o somatório com 3.63 pontos, confirmou a vitória e garantiu vaga nas oitavas de final. Samuel (2º) e Callum (3º) caíram para a repescagem.

A próxima batalha de Samuel será contra Kelly Slater, que não começou bem a luta pelo bicampeonato no Pro G-Land. Campeão da primeira prova da elite realizada no pico da ilha de Java, em 1995, o norte-americano caiu na saída de um tubo e terminou em segundo lugar na segunda bateria masculina do evento.

A disputa teve poucas oportunidades e apenas sete ondas foram surfadas nos 35 minutos. Na primeira das duas ondas que surfou, Kelly marcou 4.67 pontos, nota que seria maior caso ele não caísse da prancha no fim de um canudo. Na outra oportunidade ele soltou as manobras, mas não impressionou os juízes que deram 3.67.

Kelly Slater cai para a repescagem.

O vencedor foi Jack Robinson. O australiano ficou na frente durante grande parte da bateria, com duas notas na casa dos quatro pontos (4.87 e 4.50). No final ele aumentou a distância para os adversários ao soltar as manobras e pegar dois tubos curtos (6.67).

Quem vai pra repescagem com Kelly é o australiano Jackson Baker, outro que surfou apenas duas ondas. Ele terminou na terceira posição.

Brasileiros na repescagem – Além de Caio e Samuel, outros três brasileiros terão que encarar a repescagem. Jadson André é um deles. O brazuca até fez boa apresentação na primeira bateria dos homens, surfando tubos, manobrando forte e voando, porém terminou em segundo lugar.

Ethan Ewing largou na frente com uma nota no critério excelente. O australiano soltou as manobras de backside e passou por dentro da esquerda. A nota 8.50 pontos deu certa tranquilidade para o aussie, que só surfou mais uma onda no duelo (4.87) e venceu.

O sul-africano Jordy Smith também só surfou duas ondas. Ele manobrou bem e na melhor apresentação conquistou a nota 7.00 pontos, mas depois de ficar quase todo o tempo em segundo lugar, caiu para terceiro no último minuto quando Jadson fez sua melhor onda, 6.67. Ethan se garantiu nas oitavas. Jadson e Jordy caíram para a repescagem. O próximo adversário do brasileiro é o havaiano Barron Mamiya.

Jadson André termina bateria na segunda posição.

Yago recuperado – Yago Dora fez sua estreia no CT 2022 no Pro G-Land. Fora de toda a primeira metade da temporada devido a uma lesão no pé esquerdo, o brasileiro terminou a terceira bateria masculina do evento em segundo lugar, atrás de John John Florence. Ele e o norte-americano Kolohe Andino, terceiro no duelo, terão nova chance na repescagem.

Assim como nas baterias anteriores, aconteceram longos momentos sem séries. Yago tentou se manter ativo durante a bateria e dessa forma chegou nos seis minutos finais na liderança. Na melhor performance, que valeu 6.00 pontos, ele surfou um tubo e rasgou forte.

John John apareceu para a disputa com uma joelheira. Após sair da água ele foi entrevistado e contou que voltou a sentir dores no joelho após uma sessão de treinos, mas que na água se sentiu bem.

John John Florence de olho no lip de G-Land.

Tanto John John quanto Kolohe estavam apagados no confronto. O norte-americano fez várias tentativas, porém não surfava ondas boas. O havaiano começou com um tubo que não teve saída (1.13), então ele manteve a calma e esperou por esquerdas melhores.

Restando oito minutos, John John passou por dentro de um canudo e bateu na junção (5.77). Dois minutos depois ele entrou em ação novamente. O havaiano bateu forte duas vezes antes de pegar um tubo e anotar 8.17 pontos. Com a nota ele assumiu a liderança. Yago ainda tentou recuperar a posição, mas fez 5.67 pontos quanto precisava de 7.95. A disputa de Yago na repescagem será contra Filipe Toledo.

Camisa amarela na repescagem – O número um do ranking e atual dono da lycra amarela não fez boa estreia no Pro G-Land. Filipe Toledo liderou a quarta bateria masculina até os sete minutos finais, quando sofreu a virada do indonésio Rio Waida, convidado para a etapa. O norte-americano Nat Young terminou em segundo e vai junto com o brasileiro para a repescagem.

A disputa de 35 minutos ficou embolada até o terço final. Filipe tinha a maior nota, 6.83 pontos, conquistada na metade do duelo e liderava, mas a segunda nota era fraca (1.00). Rio e Nat estavam próximos do brasileiro no placar.

Aos 28 minutos o indonésio escovou uma esquerda com cinco manobras e assumiu a liderança com 6.33 pontos. Filipe passou a necessitar de 5.00 pra retomar a posição. Ele pegou uma onda menor e soltou várias manobras, porém recebeu 3.17.

Nat, que estava em último precisava de 7.50 pontos para vencer. Ele surfou uma onda, pegou tubo e manobrou. Três dos cinco juízes deram a virada pra ele, porém a nota final foi 7.33 e o norte-americano terminou o duelo em segundo lugar.

Filipe Toledo fica em terceiro na estreia do Pro G-Land.

Melhores do dia – Griffin Colapinto foi o melhor surfista do dia. O norte-americano anotou 9.33 pontos depois de executar nove manobras numa esquerda, entre diferentes tipos de rasgadas, além de batidas. A apresentação aconteceu na sexta bateria da primeira fase masculina. Ele venceu e mandou o japonês Kanoa Igarashi (2º) e o sul-africano Matthew McGillivray (3º) para a repescagem.

Outro destaque do sábado foi Carissa Moore. A havaiana surfou o primeiro tubo do evento. e ainda soltou fortes manobras de backside na terceira bateria da primeira fase feminina. A vitória aconteceu com duas notas na casa dos oito pontos (8.83 e 8.33). A havaiana Gabriela Bryan (2ª) e a australiana Sally Fitzgibbons (3ª) caíram para a repescagem.

Próxima chamada – A próxima chamada para o Pro G-Land acontece neste sábado, às 20h45 (de Brasília). De acordo com a previsão das ondas, divulgada pela WSL, as esquerdas vão quebrar com 6 a 10 pés, com vento lateral.

Previsão das ondas para o Pro G-Land.

Pro G-Land 2022

Round 1 masculino

1 Ethan Ewing (AUS) 13.37 x Jadson Andre (BRA) 12.33 x Jordy Smith (AFR) 10.23

2 Jack Robinson (AUS) 11.54 x Kelly Slater (EUA) 8.34 x Jackson Baker (AUS) 7.17

3 John John Florence (HAV) 13.94 x Yago Dora (BRA) 11.67 x Kolohe Andino (EUA) 7.00

4 Rio Waida (IDN) 11.83 x Nat Young (EUA) 11.66 x Filipe Toledo (BRA) 10.80

5 Italo Ferreira (BRA) 15.16 x Jake Marshall (EUA) 9.67 x Caio Ibelli (BRA) 6.53

6 Griffin Colapinto (EUA) 14.00 x Kanoa Igarashi (JPN) 9.64 x Matthew McGillivray (AFR) 8.46

Miguel Pupo (BRA) 12.77 x Barron Mamiya (HAV) 11.37 x Connor O’Leary (AUS) 10.07

8 Gabriel Medina (BRA) 11.70Samuel Pupo (BRA) 8.20 x Callum Robson (AUS) 6.14

Round 2 (repescagem)

1 Filipe Toledo (BRA) x Yago Dora (BRA)

2 Caio Ibelli (BRA) x Matthew McGillivray (AFR)

3 Kanoa Igarashi (JPN) x Jackson Baker (AUS)

4 Jordy Smith (AFR) x Connor O’Leary (AUS)

5 Barron Mamiya (HAV) x Jadson André (BRA)

6 Kelly Slater (EUA) x Samuel Pupo (BRA)

7 Callum Robson (AUS) x Jake Marshall (EUA)

8 Kolohe Andino (EUA) x Nat Young (EUA)

Round 1 feminino

1 Stephanie Gilmore (AUS) 10.40 x Courtney Conlogue (EUA) 9.90 x Isabella Nichols (AUS) 8.30

2 Brisa Hennessy (CRI) 13.83 x Bronte Macaulay (AUS) 13.27 x Johanne Defay (FRA) 13.20

3 Carissa Moore (HAV) 17.16 x Gabriela Bryan (HAV) 15.04 x Sally Fitzgibbons (AUS) 9.30

4 Tatiana Weston-Webb (BRA) 15.17 x Tyler Wright (AUS) 12.67 x Lakey Peterson (EUA) 9.16

Round 2 (repescagem)

1 Tyler Wright (AUS) x Bronte Macaulay (AUS)

2 Courtney Conlogue (EUA) x Johanne Defay (FRA)

3 Isabella Nichols (AUS) x Sally Fitzgibbons (AUS)

4 Lakey Peterson (EUA) x Gabriela Bryan (HAV)