Billabong Pipe Masters

John John vence em casa

Havaiano John John Florence fatura pela primeira vez o Billabong Pipe Masters com virada na final para cima de Gabriel Medina.

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John John Florence vence pela primeira vez o Billabong Pipe Masters.

O troféu do Billabong Pipe Masters ficou no Havaí. John John Florence virou pra cima de Gabriel Medina na final, e venceu pela primeira vez um evento da elite no quintal de casa, a onda de Pipeline, no lado norte da ilha de Oahu.

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John John foi o melhor surfista das finais, disputadas neste domingo (20) em ondas de até 2 metros, marcando seis notas excelentes no caminho para a bateria mais importante do evento. Na finalíssima, ele virou o resultado nos últimos cinco minutos em cima do brasileiro, que fazia sua quinta decisão no Pipe Masters e tentava o segundo título.

Medina começou melhor a final, e deixou seu adversário solto durante toda a disputa. Foi assim que John John encostou no placar, quando fez um tubo para o Backdoor durante a prioridade do brasileiro. Nos minutos finais, novamente quando Medina tinha o direito de escolha da onda, o havaiano foi pra esquerda e passou pra frente no placar. O brasileiro tentou dar o troco, mas ficou dentro de uma esquerda, e ainda viu o adversário fazer outro canudo pra direita e ampliar a vantagem. Placar final: 11.77 a 11.10.

“Estou feliz em ter feito a final. Eu caí na melhor onda, que foi o meu erro, mas estou feliz pela minha performance”, diz Gabriel Medina. “É muito bom estar competindo. Fico orgulhoso por ter surfado altas ondas nesse campeonato e estou animado para os próximos eventos. Foi muito bom começar bem o ano e que Deus me abençoe no restante da temporada. Mas, é bateria por bateria, campeonato por campeonato e espero fazer o meu melhor, sempre”, completa o brasileiro.

Gabriel Medina fez a quinta final no Billabong Pipe Masters.

“Nem consigo acreditar. Estou na Lua agora, porque eu queria muito vencer esse evento”, comemora John John Florence. “Esse é o meu primeiro Pipe Master e estou muito feliz pela vitória. Foi uma bateria difícil, mas eu acreditava que ia conseguir umas ondas no Backdoor que poderiam fazer a diferença. Estou feliz por ter ganhado do Gabriel (Medina). Sempre quando a gente compete, sai fogo, é selvagem. Vencer aqui é meu sonho desde criança. Já tinha perdido algumas finais e estou muito feliz agora, sem palavras para descrever o que sinto.”

John John Florence e Gabriel Medina logo após o término da final.

Show de John John – O havaiano chegou com moral na finalíssima. Antes, ele escovou o norte-americano Kelly Slater na semi, e atropelou o italiano Leonardo Fioravanti nas quartas. Em cada uma dessas baterias, John John marcou três notas excelentes.

Caminho sem brilho – Ao contrário do havaiano, que começou o dia já classificado para as quartas de final, Medina teve que lutar para passar das oitavas. O confronto entre ele e Jack Freestone, o sétimo do round, teve um final tenso. Os dois ficaram muito ativos no início, mas depois que o bicampeão mundial e campeão do Billabong Pipe Masters fez um tubo, controlando bem a prancha lá dentro de Backdoor, e outro pra Pipeline (5.33 e 4.00), o australiano preferiu mudar a tática e passou a esperar ondas melhores, pois ele precisava de 8.60 para vencer.

Quando restavam nove minutos, o aussie passou por dentro da direita e fez duas manobras, conquistando 5.77. A partir daí ele passou a precisar de 3.56, e quando restavam seis minutos, ele tinha a prioridade.

Gabriel Medina de olho no série.

O tempo foi passando até que quando faltavam apenas 30 segundos, o australiano pegou uma direita da série e andou lá dentro, a onda correu e ele tentou sair pelo “dogdoor”, e quase conseguiu, porém foi derrubado. Na onda seguinte Medina foi pra Pipe, andou por uma parte limpa, passou no gás por uma seção espumada, e saiu tranquilo, já com a vaga garantida para as quartas de finais, para encarar o japonês Kanoa Igarashi.

No duelo entre eles, o brasileiro pegou várias ondas da série, mas elas balançavam perto da saída e ele não conseguia completar, porém manteve a liderança até os 12 minutos finais. O japonês conseguiu passar pra frente com um canudo pra Backdoor, que não foi fundo, mas que valeu 2.78.

Medina precisava de 3.90 e teve sangue frio para esperar uma onda boa até os dois minutos finais, quando virou com 5.00 e carimbou a vitória com mais 4.13 na sequência.

Caminho até a semi brasileira – A segunda semifinal marcou o encontro dos finalistas do Billabong Pipe Masters de 2019, Gabriel Medina e Italo Ferreira. Assim como Medina, Italo teve que passar também pelas oitavas neste domingo, e a batalha foi contra Ryan Callinan.

Italo Ferreira encontra novamente com Gabriel Medina no Billabong Pipe Masters.

O atual campeão mundial ficou muito ativo, e o australiano mais seletivo, porém aos 23 minutos, Italo fez um canudo para a esquerda, decolou e ainda executou uma batida. A nota foi 6.00 pontos.

O aussie passou a pegar mais ondas, porém não achava nada de impacto, e a melhor chance que teve, quando faltavam três minutos para o término, foi pra Pipeline e fez o tubo, porém com certa dificuldade, e depois voou e aterrissou de rabeta, demorando para completar o giro. Italo surfou a de trás, fez um tubo melhor e mais difícil, e acertou um aéreo full rotation. A nota de Ryan foi 3.40 e a do brasileiro 7.00. Vitória de Italo pelo placar de 13.00 a 5.27.

Italo Ferreira para na semi.

Sangue e classificação – Na semi, a batalha de Italo foi contra o bicampeão do Billabong Pipe Masters, Jeremy Flores. O brazuca começou com ondas maiores, mas sem completar os tubos, e após a segunda, foi explodido por uma série, e bateu com a cabeça e as costas na bancada. Pelas imagens deu para perceber sangue na cabeça dele, mas o campeão mundial ficou na água e fez a primeira nota consistente da bateria, 5.33, conquistada com um tubo pra Pipeline.

O tempo passava e Jeremy não conseguia nada. Aos 15 minutos, Italo fez outro canudo pra Pipe, deu duas rasgadas, uma batida, e, pra finalizar, já com a onda bem pequena, voou num reverse, e sentiu muita dor. A nota foi 7.17 pontos. O brasileiro foi atendido pelos médicos na beira d’água e voltou pro pico.

Italo Ferreira sai da bateria com muitas dores.

Jeremy precisava de duas ondas para virar, e quando faltavam nove minutos passou por dentro da direita, mas não ficou deep, porém diminuiu a diferença com 4.93, passando a precisar de 8.41. A decisão ficou nos instantes finais.

Com pouco mais de um minuto para o fim, o francês pegou uma para Backdoor, e logo depois fez outro tubo, mas ainda mais curto. Logo saíram as notas (5.60 e 4.27) e elas não mudaram o placar e o brasileiro avançou para a semi.

Medina e Italo na briga pela vaga na final – Italo foi para o duelo brasileiro com um colete, devido ao impacto que teve com os corais na bateria das quartas. Ele não acertou nas duas primeiras tentativas, e viu o Medina começado com um tubo limpo, seguido de baforada na saída, para largar com 7.00 pontos. Depois de quase dez minutos sem ação, Medina usou a prioridade, mas não fez a onda, já Italo foi na de trás, fez um tubo, além de duas manobras, e anotou 7.37.

Porém Medina logo deu o troco e voltou para a liderança com outro tubo para Pipeline, que valeu 5.60, deixando Italo na necessidade de 5.60. Nos segundos finais, Italo forçou o Medina a ir numa onda fraca, e ainda teve tempo de pegar uma boa, mas caiu na saída e se despediu do Billabong Pipe Masters com a terceira posição.

“Foi legal ter competido com o Italo”, revela Gabriel Medina. “Ele é um surfista excelente, a gente sempre tem boas baterias e dessa vez foi pro meu lado. Fico feliz, mas o ano está só começando. Vão vir várias outras baterias ainda, então é continuar trabalhando para me manter no topo.”

Gabriel Medina concentrado antes da semi.

Miguel e Jadson caem nas quartas – O Brasil chegou ao último dia do Billabong Pipe Masters com quatro surfistas, mas dois caíram nas oitavas de final. A disputa entre Miguel Pupo e Jeremy Flores, pela fase, foi fraca de ondas. Os dois tentaram várias vezes, mas a única nota acima de dois pontos só saiu nos minutos finais, e foi do francês.

O brasileiro liderava, sem folga, e quando faltavam sete minutos, o francês virou com uma onda 2.97 pontos. Miguel passou a precisar de 2.32, e perto do fim foi em busca da nota, porém a onda não foi boa, e, para piorar, Jeremy pegou a de trás e fez um bom tubo pra direita, colocando mais 5.83 no somatório, e escrevendo seu nome nas quartas de finais.

Miguel Pupo fica em nono lugar.

Jadson André caiu para Kanoa Igarashi. O brazuca começou tentando as manobras e não conseguiu se distanciar. O japonês esperou pouco mais de dez minutos para dropar a sua primeira, e abriu com uma direita que valeu 5.50. A bateria seguiu sem alterações, até que aos 25 minutos Kanoa foi pra esquerda, passou por dentro e garantiu mais 6.83 pontos.

O brasileiro ficou precisando de duas ondas para reverter o placar, e começou a correr atrás dos pontos. Quando faltavam oito minutos para o término, ele fez um canudo pra Pipe e voou alto num reverse. A nota 6.77 colocou-o de volta na briga. Ele foi em busca dos 5.57 que necessitava, indo novamente pra canhota.

Jadson dropou e entrou no tubo por trás do pico, sumiu e surpreendeu muita gente ao aparecer em pé na prancha. Então o brasileiro rasgou e fez uma junção, porém a nota 4.77 não mudou o placar e ele foi eliminado por 12.33 a 11.54.

Jadson André fica nas oitavas de final.

Duelo de gerações – As oitavas de finais tiveram um duelo de gerações. Um surfista com 11 títulos mundiais e sete do Pipe Masters, e o outro que está estreando na elite nessa temporada. Num dos confrontos mais aguardados das oitavas de final do Billabong Pipe Masters, o norte-americano Kelly Slater (48) eliminou e o australiano Jack Robinson (22).

Kelly abriu a quarta bateria das oitavas aos três minutos com um tubo fundo pra Pipeline, e ainda executou uma rasgada, um snap e um batida. A nota 6.50 foi uma boa largada, mas Jack correu para dar o troco, pegou um tubo pra Backdoor e ainda deu uma pancada na junção, ganhando 4.17 dos juízes.

Kelly Slater tenta controlar a prancha na saído do tubo de Pipeline.

O tempo foi passando, e aos 11 minutos Kelly se distanciou no placar. O norte-americano foi para a direita de Backdoor, fez um bom barrel e partiu pra junção, porém caiu e quebrou a prancha. O multicampeão saiu da água, pegou sua prancha reserva, outra quadriquilha com um estabilizador, e voltou para água com mais 7.17 no somatório.

O caminho para o australiano ficou mais longo, pois ele passou a precisar de 9.50 pra reverter o placar. Porém ele voltou para o jogo aos 26 minutos com outro canudo pra Backdoor, que valeu 7.50 pontos, diminuindo a diferença e passando a necessitar de 6.17.

Mas o mar ficou bem devagar depois disso, e a melhor chance que o aussie teve de virar foi nos dois minutos finais, porém ele não saiu do tubo na direita e foi eliminado pelo placar de 13.67 a 11.67.

Próxima etapa – A próxima etapa do circuito da elite do surfe mundial acontece também em Oahu, no Havaí. O Sunset Open rola entre os dias 19 e 28 de janeiro e terá disputas masculinas e femininas.

Billabong Pipe Masters

Final
Campeão John John Florence (HAV) 11.77
Vice-campeão Gabriel Medina (BRA) 11.10

Semifinais

1 John John Florence (HAV) 18.16 x 0.00 Kelly Slater (EUA) – Interferência
2 Gabriel Medina (BRA) 12.60 x 8.57 Italo Ferreira (BRA)

Quartas de final

1 John John Florence (HAV) 17.67 x 10.17 Leonardo Fioravanti (ITA)
2 Kelly Slater (EUA) 6.23 x 1.90 Jordy Smith (AFR)
3 Italo Ferreira (BRA) 12.50 x 3.66 Jeremy Flores (FRA)
4 Gabriel Medina (BRA) 9.13 x 7.06 Kanoa Igarashi (BRA)

Oitavas de final (baterias realizadas no domingo)

4 Kelly Slater (EUA) 13.67 x 11.67 Jack Robinson (AUS)
5 Italo Ferreira (BRA) 13.00 x 5.27 Ryan Callinan (AUS)
6 Jeremy Flores (FRA) 8.80 x 4.83 Miguel Pupo (BRA)
7 Gabriel Medina (BRA) 11.56 x 6.67 Jack Freestone (AUS)
8 Kanoa Igarashi (JAP) 12.33 x 11.54 Jadson André (BRA)