Billabong Pipe Masters

Italo e Medina seguem na briga

Finalistas do Billabong Pipe Masters de 2019, Italo Ferreira e Gabriel Medina seguem com chances de título e podem se enfrentar na semi.

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Italo Ferreira segue na briga pelo bi da etapa.

Foram oito longos dias sem disputas, devido a integrantes do staff da WSL que foram infectados com a Covid-19, mas o Billabong Pipe Masters foi reiniciado nesta quinta-feira (17), e em ondas que chegaram a 3 metros em algumas séries no clássico pico da ilha de Oahu, no Havaí. Quatro brasileiros seguem vivos após a maratona de 24 baterias, inclusive os finalistas da edição de 2019, Italo Ferreira e Gabriel Medina, que agora podem se enfrentar nas semifinais. O mar amanheceu balançado e com ondas um pouco tortas, mas com o passar das horas as condições foram melhorando e rolaram momentos muito bons.

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Atual campeão mundial e da etapa, Italo Ferreira competiu contra Sebastian Zietz na terceira fase. O havaiano tentou ser seletivo, esperando uma onda que não apareceu. Já o brasileiro ficou ativo, completou dois tubos pra Pipeline (5.83 e 4.33) e avançou para a fase dos 16 melhores com 10.16 de média contra 2.06 de Sebastian.

“O Sebastian (Zietz) é um ótimo competidor e um dos melhores aqui em Pipe, então tentei pegar umas ondas boas. No início só peguei umas fechadeiras, mas depois encontrei uns tubos e o importante foi que avancei”, disse Italo Ferreira, que comentou sobre a ausência de público na praia. “Fica tudo mais quieto e é estranho quando você sai da água e não tem aquela gritaria. Mas, no momento isso é necessário e é o melhor para todo mundo. Mesmo assim, eu recebo muitas mensagens positivas da minha família e amigos do Brasil. Isso me passa uma energia muito boa e é o meu combustível para pegar as ondas”.

Agora Italo terá pela frente Ryan Callinan, australiano que foi consistente nas duas disputas que participou, e que eliminou dois brazucas, Alex Ribeiro na repescagem, e Yago Dora no terceiro round.

Gabriel Medina competiu três baterias depois, no 13º confronto da fase, contra Morgan Cibilic. O duelo só teve ação após 23 minutos, e foi o australiano que partiu pra cima, conquistando 5.67 num tubo pra Backdoor. O brasileiro tentou dar a reposta em seguida, mas após andar bastante num canudo de Pipe, perdeu o equilíbrio e caiu.

O tempo passava e Medina estava em segundo, mas quando restavam oito minutos para o fim, o brasileiro pegou uma da série, entrou no barrel, sumiu e saiu. A nota 7.83 deu para ele a liderança, mas o bicampeão mundial ainda arrancou 4.00 pontos e complicou o caminho do aussie, que ainda tentou a virada numa direita, porém não conseguiu.

“Foi uma bateria muito difícil e, na verdade, 40 minutos não estão sendo o suficiente lá fora, porque as condições estão mudando muito. Mas, estou bem feliz por ter avançado”, disse Gabriel Medina, que falou sobre seus planos para 2021. “Ser tricampeão mundial é a minha meta. Esse tempo em casa foi legal para fazer coisas diferentes, curtir a família e as pessoas que amo. Os últimos 10 anos da minha vida foram muito intensos e sou grato por estar competindo novamente no Tour. Eu amo surfar, amo competir e me sinto 100%. A maioria do pessoal estava em casa e agora todos estão começando de novo. Acredito que as notas ainda vão aumentar e teremos melhores performances no evento”.

Começo forte e vitória – Outros dois brazucas também seguem vivos na competição. Um deles é Miguel Pupo, que competiu contra Kolohe Andino no 12º duelo do round 3. Miguel teve um início forte, pegou duas ondas pra Pipeline, anotou 4.87 e 4.10 e ficou tranquilo durante a maior parte do tempo. O norte-americano tentou assustar duas vezes. Na primeira, apesar do bom drope, ele “morreu” dentro do tubo. Na segunda, quando precisava de 7.67, fez 6.40 e ainda viu Miguel vir na de trás e aumentar a diferença com 5.60 pontos. Vitória verde e amarela por 10.47 a 8.23.

Miguel Pupo acha o caminho da vitória nos tubos de Pipeline.

Jadson André e Michel Bourez se enfrentaram na penúltima bateria do round. O taitiano começou com leve vantagem em cima do brasileiro, mas Jadson achou um bom tubo, com drop e posicionamento excelentes, arrancou 6.33 dos juízes e dificultou o caminho para Michel que não teve muitas oportunidades e foi eliminado.

Derrotas brasileiras – O time brasileiro perdeu sete integrantes nesta quinta-feira. As duas primeiras derrotas vieram ainda na repescagem. Alex Ribeiro, na segunda disputa, e Adriano de Souza, na terceira, tiveram atuações fracas e não chegaram a marcar nenhuma nota acima de um ponto. Alex mostrou uma má escolha de ondas, e Adriano manteve a prioridade durante muito tempo, e quando partiu para o ataque quase não teve chances.

Outro que perdeu com uma má atuação foi Filipe Toledo, no duelo de estreia da terceira fase. Filipinho entrou em várias esquerdas que não rodaram, deixou passar ondas que o adversário Leo Fioravanti não desperdiçou, e não conseguiu sair do tubo na melhor oportunidade que teve. Ao contrário, o italiano, que já tinha competido pela repescagem nesta quinta-feira, conseguiu achar duas ondas abertas e completou os canudos (5.67 e 5.33) para vencer pelo placar de 11.00 a 3.00.

Yago Dora foi outro brazuca que se despediu do Billabong Pipe Masters. O confronto entre ele e Ryan Callinan, válido como o décimo do round 3, foi definido nos detalhes. O australiano, que foi bem na repescagem, não teve tanto destaque dessa vez, mas surfou melhor e venceu com as notas 5.10 e 4.50. Yago fez alguns tubos, mas sem expressão, e nos segundos finais tentou um aéreo para virar, mas errou e foi eliminado.

Yago Dora perde nos detalhes.

A fase terminou com mais uma derrota tupiniquim. O confronto teve um Kanoa Igarashi com um melhor início do que Deivid Silva (4.50 a 4.30), mas a briga seguiu boa, e o brasileiro botou pressão com um bom tubo pra Pipeline, que valeu 6.17. Porém o japonês foi em busca dos 4.51 que precisava e virou com 5.50. Restavam ainda mais de dez minutos, e Deivid necessitava de 3.83 para vencer, porém ele não chegou perto nas três últimas tentativas que fez.

Urso com atitude – Uma das eliminações mais sofridas do Brasil nesta quinta-feira foi de Peterson Crisanto. O Urso entrou na água três vezes, e se despediu da prova nas oitavas de final.

Peterson Crisanto mostra atitude e técnica em Pipeline.

Nas duas primeiras baterias, o brasileiro mostrou muita atitude e técnica pra se jogar em ondas grandes das séries, e pegar tubos grosseiros. O melhor que completou valeu 7.17. Na repescagem ele roubou a primeira posição de Leo Fioravanti nos segundos finais, mas os dois avançaram juntos e se enfrentaram nas oitavas, quando o italiano mostrou mais uma vez sua sede pelas ondas e venceu. Peterson não teve chances como nos últimos confrontos e se despediu do evento com a nona posição.

Outro brazuca que perdeu, mas fazendo bonito, foi Caio Ibelli. A primeira apresentação dele no dia foi contra Wade Carmichael, no round 3, num momento que Backdoor começou a aparecer com mais frequências. Mas a bateria só ficou interessante perto do final. O australiano estava na frente, mas sem tubos de destaque, até que quando restavam sete minutos para o fim, Wade passou pelo interior da direita, só que Caio veio logo na sequência e mostrou técnica pra esperar o momento certo, se entocar e garantir 5.57. Mas ainda deu tempo pra confirmar a vitória com mais 3.73 pontos.

Porém nas oitavas, no confronto que fechou o dia, o brasileiro não achou as ondas durante quase todo o tempo, e quando reagiu já era tarde. O sul-africano Jordy Smith teve uma atuação segura, e chegou a marcar 7.17 na melhor onda do duelo, e venceu.

Caio Ibelli é eliminado nas oitavas de final.

Melhor do dia – Quem deu espetáculo nesta quinta-feira foi Jack Robinson. Num duelo australiano contra Julian Wilson, o novato na elite anotou a maior nota (9.23) e o maior somatório do evento até agora (17.73). As duas ondas foram para Pipeline, e ele surfou o melhor tubo na prioridade de Julian, que depois ainda surfou alguns pra esquerda, mas não chegou nem perto da virada.

A próxima bateria de Jack será contra Kelly Slater, norte-americano que levou um susto do australiano Ethan Ewing, mas que mostrou o motivo de ser heptacampeão do Pipe Masters.

Kelly Slater mostra porque é heptacampeão da etapa.

John John com e sem destaque – John John Florence surfou fácil contra Connor O’Leary na terceira fase. O australiano ainda andou por dentro de Pipe, mas quem fez bonito foi o havaiano, que surfou com maestria e chegou a anotar 8.00 pontos. Porém no round seguinte a história foi um pouco dramática. Seu adversário, Matthew McGillivray, que está fazendo a estreia entre os melhores do mundo, chegou com moral após eliminar o surfista de Oahu Seth Moniz.

Porém a bateria contra John John foi fraca de ondas boas, e o local soube aproveitar as poucas chances que teve para vencer. O sul-africano perdeu mesmo tendo feito a maior nota do confronto (4.73).

Billabong Pipe Masters 2020, Pipeline, North Shore, Oahu, Havaí

Próxima chamada – A próxima chamada para o Billabong Pipe Masters acontece nesta sexta-feira, às 14:00 (de Brasília). A previsão das ondas indica que o mar vai perder somente um pouco da força em relação a esta quinta, mas o vento vai soprar mais forte.

Billabong Pipe Masters

Oitavas de final

1 Leonardo Fioravanti (ITA) 10.33 x 6.73 Peterson Crisanto (BRA)
2 John John Florence (HAV) 8.50 x 5.73 Matthew McGillivray (AFR)
3 Jordy Smith (AFR) 11.67 x 7.43 Caio Ibelli (BRA)
4 Kelly Slater (EUA) x Jack Robinson (AUS)
5 Italo Ferreira (BRA) x Ryan Callinan (AUS)
6 Jeremy Flores (FRA) x Miguel Pupo (BRA)
7 Gabriel Medina (BRA) x Jack Freestone (AUS)
8 Jadson André (BRA) x Kanoa Igarashi (JAP)

Round 3

1 Leonardo Fioravanti (ITA) 11.00 x 3.00 Filipe Toledo (BRA)
2 Peterson Crisanto (BRA) 9.10 x 4.33 Griffin Colapinto (EUA)
3 John John Florence (HAV) 13.17 x 9.94 Connor O’Leary (AUS)
4 Matthew McGillivray (AFR) 13.67 x 9.04 Seth Moniz (HAV)
5 Jordy Smith (AFR) 9.17 x 7.33 Mikey Wright (AUS)
6 Caio Ibelli (BRA) 9.30 x 5.77 Wade Carmichael (AUS)
7 Kelly Slater (EUA) 12.80 x 8.60 Ethan Ewing (AUS)
8 Jack Robinson (AUS) 17.73 x 10.17 Julian Wilson (AUS)
9 Italo Ferreira (BRA) 10.16 x 2.06 Sebastian Zietz (HAV)
10 Ryan Callinan (AUS) 9.60 x 6.67 Yago Dora (BRA)
11 Jeremy Flores (FRA) 11.17 x 2.36 Joshua Moniz (HAV)
12 Miguel Pupo (BRA) 10.47 x 8.23 Kolohe Andino (EUA)
13 Gabriel Medina (BRA) 11.83 x 6.34 Morgan Cibilic (AUS)
14 Jack Freestone (AUS) 13.00 x 5.23 Frederico Morais (POR)
15 Jadson André (BRA) 9.66 x 4.33 Michel Bourez (TAH)
16 Kanoa Igarashi (JAP) 10.00 x 9.00 Deivid Silva (BRA)

Repescagem

1 Julian Wilson (AUS) x Ethan Ewing (AU) x Miguel Tudela (PER) lesionado
2 Ryan Callinan (AUS) 12.83 x Sebastian Zietz (HAV) 6.64 x Alex Ribeiro (BRA) 1.20
3 Mikey Wright (AUS) 8.27 x Wade Carmichael (AUS) 5.36 x Adriano de Souza (BRA) 1.27
4 Peterson Crisanto (BRA) 4.87 x Leonardo Fioravanti (ITA) 4.50 x Conner Coffin (EUA) 2.93