Billabong Pipe Masters

Ibelli rouba a cena

Caio Ibelli faz o melhor tubo da estreia do Billabong Pipe Masters, e avança com mais sete brasileiros para a terceira fase.

0
Caio Ibelli faz o melhor tudo do dia.

O início assustou. Após uma terça-feira (8) de altas ondas para as triagens, o Billabong Pipe Masters começou nesta quarta (9) com ondas menores, e logo o vento maral bagunçou a festa em Pipeline, no Havaí. As duas baterias iniciais do evento principal foram realizadas em ondas mexidas, o evento ficou em espera por uma hora, e, na volta, o terral estava na área, para a felicidade de todos. E quem roubou a cena no dia de ondas com séries acima de 1,5 metro foi Caio Ibelli, que surfou o melhor barrel do dia.

Clique aqui para ver as fotos

Clique aqui para ver o vídeo

Desde o início, o Backdoor foi o caminho para a vitória. Quase todas as ondas do dia foram para a direita, e Caio achou um grande canudo e saiu limpo para receber 8.33 dos juízes. Na sequência o brasileiro ainda anotou 5.00 e se garantiu em primeiro.

A luta pela segunda vaga na terceira fase ficou entre o bicampeão do Billabong Pipe Masters, o francês Jeremy Flores, e o australiano Ethan Ewing. Jeremy mostrou mais uma vez que tem sintonia com o Backdoor, fez bons tubos, os melhores 7.33 e 5.40, e mandou Ethan para a repescagem.

“Estou muito feliz em estar aqui. Em março, minha meta era estar vivo em dezembro e agora estou aqui no Havaí, fazendo o que eu mais gosto”, disse Caio Ibelli. “Me sinto abençoado por estar viajando e surfando as melhores ondas do mundo. Sou muito grato por isso e sinto que estou diferente, como pessoa e competidor. Durante a pandemia, eu não perdi tempo. Fiquei treinando, surfando bastante e me preparando. Estou pronto para derrubar os tops agora”.

Além de Caio, outros sete brasileiros avançaram para a terceira fase. No total, foram quatro vitórias do time verde e amarelo. Uma delas foi de Italo Ferreira, atual campeão mundial e do Billabong Pipe Masters.

Italo se garante na manobras – Italo virou pra cima de Matthew McGillivray nos segundos finais e avançou para a terceira fase em primeiro. O sul-africano, novato na elite, fez o melhor tubo do confronto, executando também um floater longo e uma batida pra receber 6.83 pontos.

O brasileiro iniciou o duelo tentando as manobras aéreas. Na primeira tentativa errou, porém perto do fim voou alto com reverse, rasgou e bateu pra se distanciar de Miguel Tudela, que estava em terceiro. Nos segundos finais o peruano foi pra Pipe, mas não saiu, e na onda de trás, também uma esquerda, Italo fez o barrel e mais duas manobras pra colocar 5.03 e tomar a liderança de Matthew.

“As ondas estão bem diferentes de ontem (terça-feira), então optei em fazer manobras, aéreos, mas até surfei um tubo no final. Não é aquele Pipeline que a gente gostaria, mas estou pronto e preparado para competir”, disse Italo Ferreira, que comentou sobre a volta do Circuito Mundial. “Foi um ano muito louco para todos. Eu aproveitei para ficar mais tempo com a família e amigos, mas tenho surfado bastante. Ninguém sabe o que pode acontecer amanhã, então precisamos viver os nossos sonhos e curtir cada segundo”.

Italo Ferreira decola alto e vence na estreia.

Yago e Filipe estreiam com vitória – Yago Dora e Filipe Toledo foram os outros atletas tupiniquins que venceram no dia. A disputa de Yago foi fraca de ondas, com o mar mexido, e ele começou com manobras, mas se garantiu na liderança com um tubo. Assim como o brasileiro, o norte-americano Kolohe Andino também ficou muito ativo e avançou em segundo. Já o italiano Leonardo Fioravanti optou por esperar ondas boas e acabou em terceiro lugar.

“Foi difícil, mas temos que estar preparados para qualquer condição (do mar). Faz parte do nosso trabalho”, disse Yago Dora. “Eu esperava por tubos hoje (quarta-feira), mas tive que executar manobras. Você precisa sempre manter a cabeça aberta para fazer o necessário. Eu nunca treinei tanto, nunca surfei por tanto tempo e me sinto muito bem para o início desse ano. Só que as condições pioraram muito. Hoje de manhã tinha umas ondas boas, mas, na primeira bateria do campeonato, o vento virou pra maral e ficou bem difícil”.

Yago Dora compete em condições difíceis.

Filipe Toledo começou atrás no confronto. O português Frederico Morais fez o primeiro tubo (5.00), e em seguida o australiano Mikey Wright também passou por dentro, sendo um pouco melhor (5.67). O brasileiro teve paciência, e no último terço do confronto foi recompensado com uma boa direita que rendeu um tubo limpo, e a maior nota da disputa (6.33). Nos minutos finais, Frederico achou um canudo rápido e garantiu seu nome na fase três, e Mikey tentou manobrar pra avançar em segundo, mas não conseguiu e foi pra repescagem.

Medina avança em segundo – O havaiano Joshua Moniz fez bonito contra os campeões mundiais Gabriel Medina e Adriano de Souza. O campeão da triagem ficou muito ativo no início do duelo, e logo andou bastante dentro de um tubo pra conquistar 6.33 e tomar a liderança de Medina, que tinha arrancado 4.33 pontos com cinco manobras de backside.

Adriano demorou 17 minutos pra surfar, e começou com uma onda ruim, porém a partir daí ficou ativo. Na melhor onda, pra Pipe, ele acertou duas batidas potentes e anotou 3.90, assumindo o segundo posto. Só que Medina, que só tinha uma onda, precisava apenas de 0.70 pra ficar com a segunda vaga na terceira fase, mas ele usou a prioridade quando faltavam dois minutos e remou forte, só que não entrou na onda.

No minuto seguinte, o melhor do mundo em 2015 remou com tudo pra impedir que Medina fosse pra Pipe, só que a onda não rendeu, e veio uma segunda que o bicampeão mundial (2014 e 2018) pegou, fez uma rasgada e uma junção, e avançou. Adriano foi pra repescagem.

John John em destaque – John John Florence foi um dos destaques do dia. O havaiano achou as ondas e fez os tubos pra Backdoor com muita facilidade. Apesar da primeira onda ter sido um tubo curto (1.93), depois ele acelerou, fez 7.67, e depois 6.33 e 6.57, pra vencer com a média de 14.24 pontos.

Deivid, Jadson e Miguei garantem vaga no terceiro round – A briga pela segunda vaga ficou entre Deivid Silva e Conner Coffinn. Deivid surfou bem, fez alguns tubos de backside, e no melhor conquistou 5.93. O norte-americano não se deu bem nas duas tentativas iniciais, mas soube diminuir a velocidade dentro de um tubo na direita, marcou 6.60 e diminuiu a diferença.

Porém, a decisão ficou para os segundos finais, e em ondas para Pipeline. Deivid foi primeiro, fez um tubo e espremeu a onda até o final com manobras. Na seguinte foi Conner, que também fez um barrel, além de uma batida. Mas o brasileiro aumentou a diferença com 5.27, e o norte-americano tirou 3.77 quando precisava de 4.60.

Jadson André usou a tática de pegar muitas ondas. Ele errou em várias, e em algumas soltou manobras, e foi com as notas conquistadas com essas ondas que ele garantiu a vaga na terceira fase.

O sul-africano Jordy Smith sobrou no duelo, tendo surfado, inclusive, o melhor tubo da competição até aquele momento, quando dropou pra Backdoor atrasado e virou no limite, com o lip raspando sua cabeça. O barrel foi curto, mas intenso, e ele saiu na baforada. O havaiano Sebastian Zietz pegou uma onda fraca no início e só muito perto do final pegou outra, mas o canudo pra direita foi rápido e ele ficou em terceiro.

Assim como Jadson e Deivid, Miguel Pupo também avançou em segundo lugar. O brasileiro demorou 13 minutos pra começar a surfar, mas foi bem, com um tubo para o Backdoor que valeu 4.67. Essa nota o deixou tranquilo até perto do fim, mas o norte-americano Griffin Colapinto, que estava arriscando as manobras, achou um bom tubo, que teve drop rápido e boca aberta, que valeu 8.17 pontos e a vitória no duelo. Miguel caiu pra segundo, mas avançou, ao contrário do australiano Julian Wilson, campeão do Billabong Pipe Masters de 2014 que caiu para a repescagem.

Griffin Colapinto avança com vitória.

Petersinho e Alex encaram repescagem – Peterson Crisanto entrou na bateria que abriu o Billabong Pipe Masters, e não conseguiu encontrar nenhuma onda boa. Ele surfou quatro ondas e a melhor nota foi 0.50. O japonês Kanoa Igarashi mostrou um faro para os tubos de Backdoor, ficou muito ativo até a parte final do duelo, e venceu com folga, porém sem destaque. O australiano Morgan Cibilic, que se entocou numa direita, avançou em segundo.

Alex Ribeiro tentou se dar bem nas manobras, mas seus adversários passaram por dentro e avançaram com facilidade. O australiano Jack Freestone brincou nos tubos de Backdoor, conquistou 8.17 e 8.00 pontos, e marcou o maior somatório de todas as baterias do dia (16.17). O havaiano Seth Moniz também fez um bom trabalho nos canudos e o brasileiro foi para a repescagem.

Slater aposta em biquilha – Kelly Slater comandou as ações na oitava bateria. O heptacampeão do Billabong Pipe Masters foi pra água com uma biquilha, prancha que usou na longa trip que fez para a Indonésia neste ano. Na melhor apresentação, o norte-americano dropou bem atrasado, virou na ponta dos dedos e fez um tubo power que teve a boca larga. A nota 7.33 o deixou tranquilo para pegar várias outras ondas, e tentar manobras e mais canudos.

Connor O’Leary, com 5.33 conquistados com três batidas pra Backdoor, venceu o duelo australiano pela segunda vaga contra Wade Carmichael, que na melhor apresentação fez 0.77.

Kelly Slater compete de biquilha no Billabong Pipe Masters.

Previsão das ondas e próxima chamada

O Billabong Pipe Masters deve ter uns dias sem disputas. Segundo a previsão oficial da prova, o mar só volta a bombar no próximo domingo (13), quando as ondas podem passar dos 2,5 metros.

Mas a próxima chamada foi marcada para esta sexta-feira (11), às 15:00 (de Brasília).

Confira o Billabong Pipe Masters ao vivo no Waves.

Billabong Pipe Masters

Round 1

1 Kanoa Igarashi (JAP) 10.30 x Morgan Cibilic (AUS) 5.04 x Peterson Crisanto (BRA) 0.90
2 Yago Dora (BRA) 6.90 x Kolohe Andino (EUA) 6.50 x Leonardo Fioravanti (ITA) 2.20
3 Filipe Toledo (BRA) 7.63 x Frederico Morais (POR) 7.50 x Mikey Wright (AUS) 6.90
4 Jordy Smith (AFR) 12.00 x Jadson André (BRA) 4.67 x Sebastian Zietz (HAV) 4.50
5 Joshua Moniz (HAV) 9.10 x Gabriel Medina (BRA) 5.60 x Adriano de Souza (BRA) 5.57
6 Itatlo Ferreira (BRA) 10.53 x Matthew McGillivray (AFR) 10.16 x Miguel Tudela (PER) 3.44
7 John John Florence (HAV) 14.24 x Deivid Silva (BRA) 11.20 x Conner Coffin (EUA) 10.37
8 Kelly Slater (EUA) 10.83 x Connor O’Leary (AUS) 7.46 x Wade Carmichael (AUS) 1.50
9 Caio Ibelli (BRA) 13.33 x Jeremy Flores (FRA) 12.73 x Ethan Ewing (AUS) 7.47
10 Griffin Colapinto (EUA) 11.40 x Miguel Pupo (BRA) 7.97 x Julian Wilson (AUS) 3.46
11 Jack Freestone (AUS) 16.17 x Seth Moniz (HAV) 10.66 x Alex Ribeiro (BRA) 5.60
12 Jack Robinson (AUS) 13.83 x Michel Bourez (TAH) 9.57 x Ryan Callinan (AUS) 4.44

Round 2 (Repescagem)

1 Julian Wilson (AUS), Ethan Ewing (AUS), Miguel Tudela (PER)
2 Ryan Callinan (AUS), Alex Ribeiro (BRA), Sebastian Zietz (HAV)
3 Wade Carmichael (AUS), Adriano de Souza (BRA), Mikey Wright (AUS)
4 Conner Coffin (EUA), Peterson Crisanto (BRA), Leonardo Fioravanti (ITA)