Arpoador Clássico 2023

Dois dias mágicos no Rio

Arpoador Surf Club aguarda até o final da janela para chamar a 18ª edição do evento mais tradicional do Arpex, que só acontece com boas ondas. Máquina de esquerdas funciona de gala durante dois dias.

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Com prazo de agosto a setembro para realizar o evento, a associação Arpoador Surf Club aproveitou a formação de um ciclone ao largo do litoral Sudeste para chamar o evento especial, Arpoador Clássico 2023, nos dias 29 e 30 de setembro.

A chamada foi feita na quinta-feira (28), quando as primeiras ondas vindas do ciclone subiram rapidamente no litoral carioca, bem inclinadas a Sudoeste, uma direção contrária àquela ideal para o pico, mas, que provoca a formação de uma forte correnteza capaz de trazer areia e melhorar o fundo, que vinha de uma temporada bem abaixo do normal.

Os atletas confiaram nas previsões de virada da ondulação e do vento no dia seguinte, e rapidamente lotaram as cinco categorias em disputa.

Com cara nova graças aos novos copatrocinadores (Corona Extra e Hang Loose), o Arpoador Clássico manteve a sua reputação de proporcionar dias com altas ondas, show de surfe, muita diversão e confraternização nas areias da praia que é o berço do surfe carioca.

Vamos aos destaques.

Categoria Profissional – Depois da bem-sucedida experiência da categoria profissional realizada pela primeira vez na edição passada, neste ano tivemos mais uma vez uma demonstração de como as ondas clássicas do Arpex podem ser surfadas em todo seu potencial.

Seis surfistas desfilaram suas técnicas refinadas, impressionando o público presente e mostrando para o restante dos competidores, e especialmente para a nova geração, possíveis linhas a serem executadas nas pistas de esquerda.

Eduardo Chalita, consistente atleta da categoria Grand-Kahuna, acabou entrando em cima da hora e não fez feio, mostrando que está com o frontside afiado.

Eduardo Chalita conhece bem as ondas do Arpoador.

Na sequência, em 5º lugar, ficou Pablo Paulino, ex-campeão mundial júnior com um estilo de surfe marcante e frontside poderoso, mostrando porque foi considerado uma das maiores promessas do surfe mundial. Pablo gerou espanto na areia com um layback monstruoso jogando muita água para o alto. Apesar de ainda não estar de volta à sua antiga forma, mostrou sua categoria e potencial.

O sempre favorito, ídolo local e cria da casa, Anderson Pikachu, vinha surfando muito nas sessões livres com a sua impressionante consistência e explosão nos ataques às ondas do Arpoador, mas, infelizmente não encontrou as ondas que domina diariamente no pico. Aquela dramática falta de sintonia que às vezes acomete mesmo aos maiores conhecedores locais, aconteceu com o Pikachu nos dois dias de competição. Assim, apesar de demonstrar o seu talento, a menor qualidade das ondas que surfou em comparação aos adversários não ofereceu potencial para produzir boas notas.

Pablo Paulino em ação no Arpex.

Em 3º lugar, sempre com uma elegância de encher os olhos, ficou o Marcelo Trekinho. Surfista local do Leblon e extremamente talentoso, Treko mostrou que conhece bem o pico vizinho ao seu e nos lembrou da qualidade de seu surfe em modulo competição, que tanto deu trabalho no WQS por anos a fio.

Já Leandro Bastos, ex-campeão de WQS 5 estrelas no Arpoador, segue com ritmo competitivo muito forte, apesar de atualmente se dedicar também à carreira de técnico dos novos talentos. Leandrinho mostrou a sua capacidade de águia de encontrar boas oportunidades, executando fortíssimas pancadas de backside e, apesar de estar se recuperando de uma forte gripe, disputou com garra as duas baterias.

Mas, o show ficou mesmo por conta do talento da nova geração, Valentin Neves, local de Saquarema e filho do nosso querido Leo Neves, mostrou uma impressionante evolução na consistência de seu surf, deixando claro que está pronto para alçar voos mais altos no circuito brasileiro e mundial.

Valentin Neves é consistente e é campeão do Arpoador Clássico 2023.

Para o Arpoador Surf Club foi especial ter o Valentin se apresentando tão bem uma vez que seu pai, Leo Neves, foi um dos melhores surfistas de backside no Arpoador, onde treinou e lapidou o seu surfe por boa parte da década de 90, deixando incríveis memórias aos surfistas locais.

A característica explosiva, mas, com linha fluida do backside do Leo, ficou visível na performance do Valentin, que o levou a uma vitória incontestável.

Open – Normalmente dominada por surfistas com base regular, a final deste ano teve três goofies de mão cheia: o local Bernardo Bordovsky, recém chegado de uma trip na Indonésia, o veterano ex-top da elite mundial, Guilherme Herdy, e um dos melhores atletas da nova geração carioca, Nathan Hereda, que no ano passado foi um dos destaques na etapa do Estadual Júnior realizada no Arpoador. Completando a final, o único com base regular, o talentoso surfista do Cantagalo, Rômulo “Bula”, que teve a maior somatória da primeira fase.

Vale uma menção ao quinto colocado da classificação geral desta primeira fase, e o primeiro fora da final, Magno Neves “Nem”. Destaque no primeiro dia do evento, o surfista local, que no ano passado ficou de fora deste campeonato devido a uma séria contusão no tornozelo, vinha disputando uma vaga na final quando, nos últimos minutos da sua segunda bateria, viu um dos seus adversários, Tiago Moura, se machucar feio ao não completar uma manobra na junção. Foi quando o “Nem” teve uma atitude nobre, abandonando a bateria para prestar o primeiro socorro ao seu adversário, antes da chegada do resgate do evento. Como a bateria estava no final, “Nem” deu adeus à competição, mas, mostrou uma atitude digna dos grandes campeões.

Magno Neves chega perto da final.

Na final, Bernardo conseguiu duas notas altas (8.33 e 7.60), que somadas à média da primeira fase, o deixaram com a maior somatória e o seu primeiro título do “Arpoador Clássico”. Em segundo, com a maior nota na final (8.67), ficou Herdy, com Bula em terceiro e Nathan em quarto.

Bernardo Bordovsky volta da Indonésia para ser campeão no Arpoador.

Grand-Master – “Os 40 são os novos 30”… Essa foi a sensação de quem assistiu as baterias da categoria Grand-Master, com a galera quebrando em altíssimo nível. Não à toa, dois dos finalistas são ex-atletas profissionais, os locais Marcelo Bispo e Leonel Brizola.

Atual campeão Master e Grand-master do Rio de Janeiro, Bispo fez a maior nota da primeira fase (9.67) e garantiu o título fazendo também a maior nota da final (6.83).

O vice-campeonato ficou com o salva-vidas Marcelo Lacerda, que no início do mês ministrou uma palestra sobre segurança na praia para crianças da Rocinha, numa ação social realizada pelo ASC em parceria com a Parley, chamada “Escola dos Oceanos”. Local da Praia do Leme, Marcelinho mostrou excelente forma para derrotar dois dos melhores surfistas locais do Arpex, Rafael Cury (3º) e Brizolinha (4º).

Master BIspo domina a categoria Grand-Master.

Grand-Kahuna – Quem achou que na Grand-Kahuna teria vida mais fácil se surpreendeu com performances de altíssimo nível, especialmente do campeão, Luiz Menezes, e do vice-campeão, Eduardo Chalita.

Numa final inteiramente goofy, Luiz estava tão confiante que até aéreo completou, deixando Dudu Chalita em segundo, o atual campeão da categoria, Bruno Brocá, em terceiro, e o surfista local de Grumari, Márcio Português, em quarto.

Luiz Menezes rasga a esquerda clássica do Arpex.

Super Legends – Quem foi rei nunca perde a majestade… O primeiro campeão carioca de surfe profissional, Cauli Rodrigues, continua em excelente forma, surfando todos os dias, e mostrou toda a sua competitividade vencendo a categoria para atletas com idade a partir de 60 anos, deixando Gustavo Capanema em segundo, Antônio Buchaúl em terceiro, Marcio Mundim em quarto, Antônio Rihl em quinto, e Sergio Lima em sexto.

Cauli Rodrigues continua em excelente forma.

Feminino – Sarah Ozório, atleta de destaque da nova geração carioca e local do Recreio, colocou água no chopp das locais faturando o título da categoria, deixando para trás Letícia Moraes e Ariane Mateik, esta última destaque absoluto das semifinais, com o maior somatório dentre todas participantes. Completaram a final Victoria Ribeiro, de Arraial do Cabo, Kim Battaglin, e Dudinha, jovem surfista local, em sua primeira participação no “Arpoador Clássico”.

Sarah Ozório sai do Recreio para vencer no Arpoador.

Alegria no pódio – A premiação foi feita no maior astral, com muitos prêmios oferecidos pelos copatrocinadores Hang Loose e Corona Extra, e pelos apoiadores Monster Energy, Maxime, e La Carioca.

Clique aqui para ver as notas das baterias

Pódio do Arpoador Clássico 2023

Categoria Pro/Am
1. Valentin Neves
2. Leandro Bastos

Categoria Open
1. Bernardo Bordovsky
2. Guilherme Herdy
3. Rômulo Bula
4. Nathan Hereda

Categoria Grand-Master
1. Marcelo Bispo
2. Marcelo Lacerda
3. Rafael Cury
4. Leonel Brizola

Categoria Grand-Kahuna
1. Luiz Menezes
2. Eduardo Chalita
3. Bruno Brocá
4. Marcio Português

Categoria Feminina
1. Sarah Ozório
2. Letícia Moraes
3. Ariane Mateik
4. Victoria Ribeiro
5. Kim Battaglin
6. Dudinha

Cartaz do Arpoador Clássico 2023 (RJ).

O Arpoador Clássico 2023 foi uma realização do Arpoador Surf Club – ASC com copatrocínio da Corona Extra e da Hang Loose, e com o apoio da Monster Energy, Tiloe, Dropar Surf Club, Brownie do Luiz, Maxime, La Carioca, Super Food, e Boards Co. Divulgação do Waves e apoio institucional da FESERJ e da Prefeitura do Rio.