Cientistas do Scripps Oceanography desenvolveram uma inovadora ferramenta que promete desvendar os segredos internos das ondas em inversão e outros processos marítimos, tanto em águas profundas quanto rasas. Denominado de “Wavedrifter”, este dispositivo esférico e flutuante tem a capacidade de medir aspectos como acentuação das ondas, cinemática de inversão e a transição subsequente para turbulência. Tecnicamente, ele opera como uma unidade de medição inercial (IMU) de custo acessível.
![Dispositivo faz leitura da formação das ondas.](https://www.waves.com.br/wp-content/uploads/2023/08/wave-kinematics.jpg)
Embora as modernas boias de monitoramento de ondas já se mostrem eficientes na captura de espectros e momentos direcionais das ondas oceânicas, equipadas até mesmo com unidades de medição inercial e telemetria, elas careciam da capacidade de decifrar completamente contextos de ondas íngremes, em inversão ou quebradas. Em outras palavras, essas boias não eram capazes de acompanhar o movimento das águas.
O oceanógrafo físico do Scripps, Falk Feddersen, liderou uma equipe de pesquisadores da Naval Postgraduate School e da Kelly Slater Wave Co. para testar a eficácia do Wavedrifter nas instalações do Surf Ranch, localizado em Lemoore, na região central da Califórnia. O cenário ofereceu um cenário perfeito para o experimento, uma vez que as ondas tubulares quebram no mesmo local repetidamente.
O estudo, apoiado pelo Fundo de Pesquisa da Zona de Surfe Mark “Marko” Walk Wolfinger, visa examinar o comportamento em 360 graus das ondas no momento de sua quebra e o impacto potencial desse fenômeno nos ecossistemas costeiros e nas mudanças das linhas costeiras. No entanto, as descobertas alcançadas também podem ser aplicadas para aprimorar o desempenho de piscinas de ondas e, até mesmo, para a geração de energia a partir das ondas.
![Boia oceânica.](https://www.waves.com.br/wp-content/uploads/2023/08/surfbuoy.jpg)
Mas como exatamente funciona o Wavedrifter?
No processo de observação, os pesquisadores liberam o dispositivo justamente quando as ondas estão prestes a quebrar. Nesse momento crítico, o Wavedrifter captura as intrincadas estruturas de vórtice geradas no momento da quebra das ondas, padrões de movimento que contêm informações valiosas sobre a dinâmica das ondas.
Falk Feddersen destaca que o Wavedrifter se destaca por sua compacidade, versatilidade e sofisticação tecnológica, além de ser mais acessível em termos de custo, ao mesmo tempo em que possui a capacidade de seguir o movimento da água.
![Wavedrifter uma mini boia de sinalização.](https://www.waves.com.br/wp-content/uploads/2023/08/boia1.jpg)
A implantação do Wavedrifter ocorre de maneira estratégica. Seis desses dispositivos foram posicionados na piscina de ondas com um espaçamento preciso. Antes que as ondas começassem a deslizar pelo lago de água doce, uma boia era ancorada em um ponto anterior à inversão da onda. Uma linha de polipropileno, com marcadores de distância de um metro, era então conectada à boia.
O processo era supervisionado por três nadadores, responsáveis por colocar os Wavedrifters na superfície da água exatamente nos pontos marcados pela linha, antes que as ondas atingissem o local. No momento iminente da chegada das ondas, os nadadores soltavam os Wavedrifters.
![Wavedrifter uma mini boia de sinalização.](https://www.waves.com.br/wp-content/uploads/2023/08/boia2.jpg)
Esse momento crucial era capturado em detalhes. Um drone operando a 30 Hz registrava o processo de liberação dos Wavedrifters de cima. Além disso, um nadador equipado com uma câmera GoPro, filmando a 120 Hz, registrava os movimentos dos dispositivos durante a inversão das ondas.
Os registros em vídeo, tanto do UAS quanto da câmera à prova d’água, eram meticulosamente sincronizados com o Tempo Universal Coordenado (UTC), garantindo assim uma alinhamento perfeito com as observações realizadas pelos Wavedrifters.
![Wavedrifter uma mini boia de sinalização.](https://www.waves.com.br/wp-content/uploads/2023/08/boia3.jpg)
Apesar das conquistas promissoras, é válido ressaltar que a versão de lançamento do Wavedrifter apresenta algumas limitações que ainda precisam ser aprimoradas e refinadas. Entre elas está a ausência de telemetria, o que torna o dispositivo suscetível a perdas. Soluções em potencial incluem o uso de uma corda fina presa a nadadores ou a uma boia maior e mais visível, facilitando assim a recuperação do dispositivo. Além disso, a vida útil da bateria é um pouco superior a uma hora, o que impõe limitações na duração dos experimentos.
Fonte Surfer Today