Maya Reis Bianchini

Prodígio da praia do Rosa

Confira história de Maya Reis Bianchini, surfista local da Praia do Rosa (SC), em entrevista exclusiva ao Waves.

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Maya em ação na Guarda do Embaú.@williamzimmermann
Maya em ação na Guarda do Embaú.

Maya Reis Bianchini é uma surfista local da Praia do Rosa (SC), que tem 11 anos de idade e já encara ondas grandes. Para conhecer melhor sua história, o Waves conversou com ela e sua mãe Adriane em entrevista exclusiva.

Como conta Adriane, sua filha Maya sempre demonstrou que queria estar no mar. Desde os 4 anos de idade já tinha uma prancha e gostava de “brincar” de surfar. Aos 7 para 8 anos Adriane e seu marido perceberam que Maya tinha uma aptidão para o esporte e coragem em enfrentar ondas e tomar caldos, que na visão deles, não coincidiam com sua idade.

A local do Rosa participou do seu primeiro campeonato com quase 9 anos de idade e ficou na segunda colocação. “Em seu segundo campeonato foi campeã e chorou de emoção pela primeira vez na vida. Então desde este dia disse que queria ser surfista e competir”, comenta Adriane.

Desde sua participação nos primeiros campeonatos, Maya surfa todos os dias, com bastante foco e curtindo estar no mar.

“Sua evolução no surfe e nos campeonatos vem crescendo rapidamente. Corre campeonatos com meninas mais velhas e se destaca”, ressalta sua mãe.

Neste ano Maya está correndo o catarinense amador na categoria Sub 12 e atualmente está em quarto no ranking geral catarinense.

Para conhecer um pouco mais sobre a história da Maya, fizemos algumas perguntas para ela:

Qual foi seu primeiro contato com o mar?

Acho que desde sempre tive e amei estar no mar e na praia. Desde bebê moro na praia e vou para o mar. Minhas lembranças mais legais, quase todas, são no mar e na praia. Com 2 para 3 anos já gostava de subir na prancha dos meus pais e fingir que estava surfando.

Quando começou a surfar?

Com 4 anos já era colocada na prancha e empurrada para pegar umas ondinhas.

Alguém a incentivou ou foi algo que quis fazer sozinha?

Então, eu vim de família surfista, amigos surfistas e do meio do surfe. Desde cedo tive este incentivo, já era familiar para mim.

Mas meu maior incentivador foi meu pai Júlio, que me colocava para surfar desde cedo, me empurrava nas ondas no outside e eu amava aquela sensação de estar no fundo com ele e ir surfando até a beira. Minha mãe sempre gostou de surfe também.

Maya em uma esquerda da Praia da Ferrugem (SC).

Qual seu maior sonho no surfe?

Quero viver surfando, conhecer as melhores ondas do mundo, poder representar um dia o Brasil no Circuito Mundial (CT). Ser WSL vai ser um sonho!

Como avalia seus últimos resultados nas competições?

Foi um ano muito bom para mim, pude evoluir e comecei a ir bem nas competições importantes, que antes eu não avançava. Foi até uma surpresa meu primeiro resultado fazendo final em etapa do circuito catarinense amador. Fiquei muito feliz na minha primeira final num evento importante, correndo com meninas que eu admirava.

Fiz outro pódio no Surf Talentos, campeonato que eu sonhava fazer final. Então, fiz bons resultados este ano. Estou na quarta colocação do ranking catarinense na categoria Sub 12 e acabei de fazer 11 anos, considero que foi um ano muito bom até agora.

O que acha que falta para alcançar seus objetivos atuais?

Acredito que falta uma estrutura de apoio e patrocínio. Minha família faz tudo que pode, mas não temos tantas condições, sendo o surfe um esporte caro.

É difícil competir quando é longe, vendo meus pais preocupados em como farão para me levar. Ver eles assim também me deixa preocupada. Eles dão um jeito, a gente come marmita, faz bate e volta, para não precisar se hospedar. Mas, se fosse diferente, os resultados acho que seriam melhores.

Eu surfo todo dia, treino dentro e fora d’ água. Eu me comprometi comigo mesma a evoluir, pois quero ser uma boa surfista e amo surfar, então ter uma marca que acredite em mim,
faria toda diferença.

Fazer viagens internacionais, como Peru por exemplo, também contribuiria para minha evolução. Porém, sem patrocínio, não dá.

Quais são os planos para os próximos anos?

Continuar surfando mais.

Para o ano de 2024, o objetivo é participar do campeonato brasileiro amador, por enquanto, estou me classificando para isso. Correr também o catarinense amador.

Ano que vem é o ano que estou mesmo na categoria Sub 12 e quero acreditar que posso ser campeã catarinense e ir bem no brasileiro.

Quero continuar a competir e a representar Santa Catarina no Brasil, e quem sabe, no mundo.

Como tem feito sua preparação?

Surfo todo dia, gosto mesmo de estar na água, independente de condições de mar.

Tenho meu treinador Messias Felix, meu pai também faz treinos de surfe e de bateria comigo, minha mãe me filma e fazemos vídeo análise.

Faço treinamento funcional duas a três vezes por semana, natação com foco no surfe,  pratico jiu-jitsu e faço inglês também, pois vai ser importante no futuro.

Qual ou quais suas manobras favoritas? Por que?

As preferidas são: rasgadas, pois acho uma manobra bonita, com estilo bonito. E batida, pois finalizar a onda dando uma batida e cair certinho na junção é uma boa sensação.

Acredito que o dia que eu pegar um tubo longo de verdade, vai ser a melhor experiência.

E os aéreos, voar com a prancha deve ser muito legal. Uma hora sai essa também.

Gosto de surfar ondas grandes também, só a sensação de dropar um ondão já é muito legal. O desafio da onda grande e o frio na barriga, é algo que eu gosto.

Maya representa no Rosa Norte (SC).

Quais são os maiores desafios no surfe feminino?

Para as meninas, o crowd já é um desafio. Pois nem sempre respeitam as meninas na água. A gente tem que provar que pega as ondas, para nos deixarem surfar mais.

Acho que poderiam ter mais categorias femininas nos campeonatos também. Eu competi bastante em categoria acima da minha por não ter a categoria de base para as meninas ou elas precisarem competir com meninos. Acho que se tivesse mais categorias teriam mais meninas se animando a começar a surfar e competir.

A premiação poderia ser mais legal para as meninas também, ser mais igual. Acho que já melhorou muito, mas pode melhorar mais.

O que gostaria de dizer para as outras meninas que querem começar a surfar e competir?

Quero dizer que surfar é muito bom, faz a gente se sentir bem, em contato com a natureza e nos dá paz.

Às vezes, surfar não é fácil, dá trabalho, a gente toma caldo, passa frio, mas não pode desistir.

Insistir em alguns dias que acha que não vai conseguir e ir surfar direto, porque a gente só evolui mesmo, surfando.

Dia de surfe na Praia da Ferrugem (SC).

Competir também não é fácil, mas é muito bom ver quando começa a dar certo. E é divertido, a gente faz muitas amizades legais. Surfar com os amigos é muito bom.

Muitas amigas minhas que adoro, conheci em campeonatos.

Acho que é isso, surfar sempre e se divertir.