Museu do surfe

Primórdios no Mediterrâneo

Coluna Museu do Surfe de Gabriel Pierin apresenta história de Frederick Walpole, comandante da Marinha Britânica e primeiro ocidental a retratar surfe no Mediterrâneo Oriental.

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Ilustração Mediterrâneo de Ron Croci, Oriente.

O ano era 1851 e o comandante da Marinha Real Britânica, Frederick Walpole, prosseguia com seus registros de sua longa viagem pelo Oriente, quando foi surpreendido pela agitação dos garotos no mar: “Baharr el kebir Allah y jibble, Bakharr el yereer na meeredom (Um mar agitado que Deus nos dê, um mar calmo que não queremos)”.

Naquele momento, Walpole tornava-se o primeiro ocidental a retratar o surfe no Mediterrâneo Oriental. Segundo o comandante inglês, os meninos de Arwad passavam a
vida na água sobre pranchas de surfe muito parecidas com as das Ilhas Sandwich, porém
pegavam as ondas de peito, enquanto os nativos havaianos surfavam de pé.

O relato, além de empolgante, faz sentido sob a perspectiva histórica. Os povos costeiros do Mediterrâneo Oriental tinham uma cultura aquática que datava de milhares de anos.

Arwad, uma pequena ilha ao largo da cidade portuária síria de Tartus, fez parte do grande império marítimo fenício, na Antiguidade.

Os fenícios eram mestres marinheiros que estabeleceram colônias comerciais em todo o
Mediterrâneo. Eles até se aventuraram no Oceano Atlântico, explorando as costas da África e da Europa. Arwad era muito conhecida na construção naval. A habilidade de seus artesãos era tão conceituada que alguns deles eram contratados para trabalhar na corte real do famoso rei Nabucodonosor na Babilônia.

A importância comercial e estratégica do mar Mediterrâneo remonta tempos muito
antigos. Além dos fenícios, diversas civilizações se desenvolveram próximas ao Mediterrâneo, como os macedônios, cartagineses, egípcios, gregos e romanos. Os
romanos o chamavam de “Mare Nostrum” (Nosso mar) e os árabes de “Al-Bahr al-al-
Abyad Mutawassiṭ” (Mar Branco do Meio).

O Mediterrâneo também foi muito importante para a rota marítima comercial dos séculos XIII e XVI, utilizada pelos genoveses e venezianos no transporte de especiarias vindas das Índias.

Atualmente o litoral da Síria e do Líbano, situado no Mediterrâneo Oriental, possui boas
ondas, porém raro movimento de surfe. Essa especificidade não faz do conhecido mar
que divide os continentes europeu, africano e asiático um lugar distante da prática do
esporte; Málaga na Espanha, Tamaris na França e a ilha da Sardenha, na Itália, são
destinos frequentados pelos surfistas, especialmente durante o inverno.

O Mediterrâneo também é inspiração para uma empresa de comércio exterior com
atuação em vários países do mundo: a Mediterranean Logística Aduaneira é uma
empresa santista e incentivadora cultural da Surf & Cafe Expo que contará as histórias
do Surfe e do Café em Santos durante o XXIV Seminário Internacional do Café.

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Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal