Museu do Surfe

Arpex recebe Waimea 5000

Gabriel Pierin, do Museu do Surfe, resgata a história do Waimea 5000, evento histórico que recebeu pela primeira vez o circuito mundial no Arpoador (RJ), em 1976, com vitória de Pepê Lopes.

0

O público que compareceu no sábado, dia 7 de agosto de 1976 foi impressionante. A praia estava lotada e as pedras do Arpoador tomadas de gente. Não era para menos. O Brasil sediava a nona etapa do primeiro circuito mundial da IPS – a International Professional Surfers – e as chamadas na TV Globo ajudaram a promover ainda mais o evento.

O primeiro campeonato internacional de surfe no Brasil, o Waimea 5000 foi disputado no Arpoador, em 1976, em plena ditadura militar. Na ocasião, a prática do surfe ainda era restrita pelo governo, mas acabou liberada pela Secretaria de Segurança com apoio da Salvamar para receber os 30 competidores, entre eles grandes surfistas do mundo, como Randy Rarick, Mike Tagawa, Bruce Jones, Jeff Crawford, Tom Parrish e Timmy Carvalho.

Eles foram divididos em seis baterias com cinco participantes cada.

A organização ficou a cargo de Nelson Machado, da Waimea, do cineasta Lívio Bruni Junior e de Flavio Dias e Alberto Pecegueiro da revista Brasil Surf. Eles contaram com apoio internacional de Randy Rarick e Fred Hemmings, fundadores da IPS e a premiação em dinheiro foi bancada pela marca jeans wear Fjord, patrocinadora do evento.

O famoso Hotel Sheraton foi outro apoiador, servindo como suporte para a organização do evento e hospedagem para os árbitros e surfistas estrangeiros.

No domingo, dia 8, o mar subiu, com séries quebrando no Pontão e bons tubos no inside. Nessas condições, o carioca Pepê Lopes venceu essa disputada etapa do circuito mundial. Na última bateria, ele competiu ao lado do amigo, surfista e shaper Daniel Friedman, outro brasileiro, que terminou na quinta colocação.

Jeff Crawford, da Flórida (EUA), ficou em segundo, seguido dos havaianos Timmy Carvalho e Buzzy Kerbox, terceiro e quarto colocados, respectivamente. O também havaiano Glenn Kaulukukui fechou a bateria na sexta e última colocação.

A categoria feminina contou com a organização da Rico Surfboards e recebeu o nome de Rico Woman´s Pro Contest. A vencedora foi a havaiana Becky Benson.

No ano seguinte, a final foi 100% brasileira. Daniel Friedman terminaria em primeiro, seguido de Pepê em segundo. Outro surfista brasileiro, destaque na história do Waimea 5000, foi Ismael Miranda, lenda do surfe carioca e amigo de Pepê, finalista em 1980. O Waimea 5000, de 1981, na sua penúltima edição, teve o santista Picuruta Salazar na quinta colocação.

Na época, a maioria dos surfistas ainda não tinha patrocinadores, apenas a marca de suas pranchas. Além de elevar o patamar do país no surfe mundial, o Waimea 5000 proporcionou uma novidade: a logomarca do Jornal do Brasil na prancha de Pepê.

Outro legado do primeiro campeonato internacional no Brasil foi o filme Nas Ondas do Surf. A ideia surgiu de uma conversa de Lívio com Maraca e Gustavo Carreira, na ocasião da organização do torneio.

Naquele ano de 1976, depois de 14 etapas, o circuito terminou com australiano Peter Townend campeão mundial do primeiro IPS. Apesar de não ter vencido nenhuma das etapas, o surfista foi o mais consistente durante toda a competição.

Os campeonatos Waimea 5000 marcaram o surfe brasileiro como as primeiras etapas válidas pelo Circuito Mundial de Surf Profissional em nosso país. Eles foram realizados a partir de 1976 e saíram de cena em 1982, quando foi realizada a última edição, deixando saudades e a lembrança das multidões no Arpoador.

Clique aqui para assistir o filme Nas Ondas do Surf na integra no site Encyclopedia of Surfing.

Colaboração: Reinaldo Andraus, o Dragão

Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos

Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal