Verão poluído

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#É pessoal, mais um verão passou e a sujeira nas praias continuou aumentando, trazendo descontentamento e revolta em turistas e moradores de várias cidades litorâneas do Brasil.

Em Florianópolis (SC), o rio do Brás transbordou, rompeu a barreira de areia e invadiu a praia de Canasvieiras, poluindo o mar.

Segundo moradores, o rio, que antes era um criadouro natural de camarões e tainhas, hoje recebe esgotos desde as imediações da cachoeira do Bom Jesus, apresentando um cheiro ruim que se torna insuportável nos dias de calor e pouco vento.

Mesmo assim, devido à falta de avisos, muitos turistas se arriscaram a tomar banho de mar, expondo-se ao risco de contraírem doenças.

Logo depois, um estudo feito pela CPI da Saúde da Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro constatou que o esgoto produzido por diversos hospitais da cidade é despejado no mar, tanto na Baía de Guanabara como pelo emissário de Ipanema.

De acordo com o estudo, pelo menos 101 dos 420 hospitais existentes na cidade não têm Estação de Tratamento e, destes, 69 despejam seus resíduos (com fezes de pacientes infectados e sangue contaminado) no mar.

Vinte e quatro hospitais mandam o esgoto para Estações da CEDAE, de onde ele é descartado pelo emissário de Ipanema. Pesquisadores afirmam que o tratamento dado ao esgoto não é suficiente para matar bactérias, vírus e parasitas, o que simplesmente colocaria sob risco as praias de Ipanema, Leblon e Arpoador, que poderiam estar contaminadas pelo esgoto despejado por 28 hospitais.

Embora o Emissário lance os resíduos a 4,35 km da praia, com tratamento por dispersão (ou seja, espalhando os dejetos) pesquisadores afirmam que há chance de os dejetos com bactérias e vírus voltarem à praia sob determinadas condições de vento, maré e correntes.

Além disso, o sistema de dispersão também é criticado, pois alguns vírus e bactérias são resistentes na água salgada. Na Baía de Guanabara, a situação constatada é ainda pior, pois ela recebe o esgoto de 41 hospitais sem nenhum tratamento.

#Já o complexo lagunar de Jacarepaguá (lagoas de Marapendi, Camorim, Jacarepaguá e da Tijuca) recebe o esgoto de oito hospitais. Esta carga poluente acaba chegando à praia de Barra da Tijuca através do Quebra-Mar, e isso significa que apesar do pico ter altas ondas, o banho ali é de altíssimo risco.

O esgoto hospitalar tem uma concentração de bactérias e vírus três vezes maior que a do esgoto domiciliar, e assim os riscos de contaminação por contato são muito maiores. Há um consenso entre os pesquisadores de que todos os hospitais deveriam possuir Estações de Tratamento de esgoto adequadas.

Os riscos decorrentes do esgoto hospitalar são principalmente o de contrair vírus (hepatite A, echovirus, poliovírus, entre outros), parasitas intestinais (giárdia, amebas, vermes) e bactérias (Salmonella, cólera etc).

Logo depois, o Rio Itamambuca foi considerado novamente poluído, levando indignação aos moradores de Ubatuba e aos surfistas, que consideram a onda na saída do rio uma das melhores de São Paulo.

A bandeira vermelha da CETESB continua lá e a associação de surf de Ubatuba (ASU) está realizando uma campanha para que as autoridades responsáveis façam alguma coisa e coíbam o lançamento de esgoto in natura diretamente no rio. Sabe-se que a maior parte do esgoto ali vem de moradias de posseiros e construções feitas por especuladores.

Ainda durante a temporada, um fato que chamou a atenção de moradores e freqüentadores de muitas praias de São Paulo foi o repentino sumiço das bandeiras da CETESB, sinalizando se estavam próprias ou impróprias para banho. No Guarujá, o fato foi o ?assunto do dia? dos surfistas por mais de uma vez.

E pra fechar o verão veio o carnaval, e com ele 70 toneladas de peixes mortos apareceram na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Foi um espetáculo deprimente, antítese do show na Marquês de Sapucaí: quem passava pela lagoa precisava tampar o nariz devido ao mau cheiro e os turistas simplesmente ficaram chocados, em especial os estrangeiros.

Colocaram a culpa no calor, que fez as algas e bactérias proliferarem. Porém, isso aconteceu porque a lagoa está saturada de nutrientes ? que são originados dos despejos contínuos de esgoto.

Triste fim de mais um verão poluído… Que venham dias melhores!