Tubos de cartão postal

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Marcello Pedro e Alexandre Cruz, Cartão Postal (RJ). Foto: Claudio Guedes.
A eterna busca pela onda perfeita muitas vezes demora, mas sempre tem suas recompensas. E dessa vez não foi diferente.

 

Depois de observar e imaginar como seriam perfeitas e sinistras aquelas ondas no horizonte da cidade maravilhosa depois de aproximadamente dez anos, resolvi transformar esse sonho em realidade. 

 

Na última semana do mês de abril, separei uma grana e decidi me dar um presente de aniversário. Comecei a planejar a tão sonhada trip.


No dia 27 de abril, combinei com o surfista profissional Stanley Ceslik a aventura cansativa de remar pra checar se aquela onda – que todos diziam ser muito pedra e insurfável – era ou não possível.

 

Depois de longos 50 minutos de uma desgastante remada, chegamos perto da tão sonhada laje que apelidei de “cartão postal” pelo visual deslumbrante dos tradicionais picos do Rio de Janeiro.

Remando em direção à laje, vi o que sempre desejei. Na minha frente e rodando oca em cima da bancada despontava uma onda irada.

 

Depois de mais de dez temporadas havaianas e algumas trips pelo mundo, pude ver, em frente de casa, ondas de nível internacional, tal como Indonésia, Austrália e Tahiti.


A onda quebra abaixo do nível do mar e com volume e força parecidos com a bancada descobertas pelos bodyboarders na década de 80, hoje conhecida por Shorebreak.

 

Só que essa onda tem mais tamanho e no fim do tubo sai um spray que pode ser visto da areia. Isso é o que o bodyboarder gosta, quanto mais buraco, mais adrena e mais radical, melhor. Isso para não falar insano, ou melhor, completamente insano.

 

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Alexandre Cruz, Cartão Postal (RJ). Foto: Claudio Guedes.
Depois de um dia e uma noite inteira de euforia, agitei a primeira barca oficial para laje do Cartão Postal.

 

A equipe foi formada com os bodyboarders Marcello Pedro e Alexandre “boquinha” Cruz, fotógrafo Claudinho Guedes, cinegrafista Bruno Pingüim,capitão do barco Dragão, José Alberto – patrocinador da expedição, seu filho Beto e o marinheiro filipino e surfista profissional, Carlito Nogalo no Brasil competindo os eventos WQS.


Barca formada e homens ao mar, nos aproximamos da bancada por volta do meio dia, após uma hora e meia de barco com direito ao visual dos pontos mais bonitos e clássicos, responsáveis diretos pelo apelido cidade de maravilhosa.

 

Tudo pronto, câmeras posicionadas e enquanto nos preparávamos para entrar, uma onda enorme, com um tubo que caberia um carro, quebrou e lançou um spray com uma força indescritível para quem não viu.

 

Pulamos na água e há uns cinco metros do pico outra onda enorme quebrou. Essa, com uma perfeição ainda maior. Surfamos ondas pesadas por cerca de uma hora e meia, com o nível de adrenalina batendo no máximo.

 

Destaque para duas ondas: a primeira, literalmente quadrada, impossível de dropar, mesmo de bodyboard; a outra foi minha última onda, onde passei duas sessões de tubo em uma das maiores e mais assustadoras do dia, e sai na baforada com sorriso de orelha a orelha, me sentindo um jovem de 18 anos que acaba de pegar seu primeiro grande tubo internacional.

 

Depois dessa onda, voltei pro barco e disse: “Chega! Pra mim já tá show! Cabeça feita! Toda vitória tem sacrifícios. O nosso, depois de um dia daqueles, foi ficar duas horas à deriva com o motor do barco quebrado, a base de cream cracker.

 

Isso foi apenas mais uma historia de náufrago pro meu currículo. O dia foi inesquecível e o mais legal é que essa foi apenas minha segunda session por lá. Muitas outras virão e é esse o espírito que faz a galera do surf ter essa vibe positiva que temos.

 

Vamos viver o sonho e principalmente torná-lo possível!

 

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