Tita Tavares A pequena gigante do surf feminino brasileiro

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#Em seu primeiro ano no WCT, a pequenina Tita Tavares deu muito trabalho para as surfistas mais experientes. Fez cinco pódios em 99 e diz estar madura, pronta para conquistar o título mundial.

 

Com 24 anos, a surfista revelada no Titanzinho, Fortaleza (CE), teve um desempenho excelente no Hawaii, conseguindo o 2º lugar em Maui, além de um bicampeonato em Haleiwa. Medindo 1m45 e pesando 46 quilos, Tita começou a surfar com 5 anos, incentivada, principalmente, por Fabinho Silva, vizinho e companheiro de surf no Titazinho. Acompanhe a seguir a segunda entrevista dela publicada em nosso site, sendo essa a primeira de uma mulher na página “Impressão Digital”.

 

O Brasil terá uma campeã mundial no WCT?

Este ano foi muito importante porque estou ganhando cada vez mais força de vontade para disputar o título em condições de igualdade com a Layne e a Serena, que são as duas melhores surfistas do circuito no momento. Sei que elas estão com muito medo do meu desempenho. Hoje, no WCT, a pressão está em cima das gringas, que vêem uma brasileira se aproximando do título mundial. Os australianos não querem um brasileiro chegando no título, mas com certeza vamos trazê-lo para o Brasil. Faça uma avaliação de todas as etapas deste ano.

 

Qual foi a melhor e onde você deu azar?

Olha, a primeira etapa que eu fui dar azar foi a da Barra e a melhor foi a de Huntington Beach, onde achei que estava muito bem. Eu fiz quatro semifinais, fui para o pódio e mais este quinto lugar e estou em quarto lugar no ranking, que é um excelente resultado para o primeiro ano. Deixei para trás as havaianas Rochelle Ballard e Megan Adubo. Agora veio este 2º lugar em Honolua Bay e era o que eu estava esperando. Sabia que iria chegar muito bem no Hawaii.

 

O que falta para chegar ao título?

Eu estou com 24 anos e tenho confiança plena no meu surf. Este ano tive problemas particulares, familiares, passei por momentos difíceis e eu estava viajando. Foram nove campeonatos em dois meses e 10 dias. Então foi difícil. Ninguém sabia o que estava acontecendo, minha cabeça estava embaralhada, mas graças a Deus estou me recuperando e me concentrando bastante. Se Deus quiser, nós chegaremos lá. No ano que vem quero entrar com todo o gás, vencendo logo as primeiras etapas para chegar no final do ano bem tranqüila, igual a Layne, para conseguir o título para o Brasil.

 

A experiência que você teve nos mundiais amadores ajudou ou a pressão é totalmente diferente?

Nos mundiais amadores não teve a pressão e cobrança que eu enfrento hoje. A pressão vai aumentando cada vez mais. Acho que isto não é nada bom para o atleta, que fica prejudicado física e emocionalmente.

A ASP está querendo fazer as etapas do WCT só em ondas perfeitas, geralmente ondas grandes. Isto será um problema para você?

Não. Já estou acostumada e estou me adaptando a qualquer tipo de mar, onda pequena ou grande. Aquele medo que eu sentia antes, graças a Deus já superei. Prova disto é que peguei Tahiti e agora Sunset. Então, já vou ter passado várias experiências muito úteis para o próximo ano.

 

E este resultado no Hawaii. Espera chegar junto?

Com certeza. Este ano eu me preparei bastante, me concentrando para as disputas do Hawaii. Sabia que mesmo que não conseguisse trazer o título para a gente desta vez, pelo menos um bom resultado eu teria, sabendo que brigaria em igualdade com a Layne Beachley e a Serena Brooke. Não deu este ano, mas no próximo eu trago, com certeza. No Hawaii é só botar para baixo.

 

Quantas temporadas você já teve no Hawaii?

Esta é a sexta. Este ano, quando fui fazer as matérias para a Globo, peguei Sunset, Backdoor e Off-The-Wall. Então, estou tranqüila e não vou dar mole.

 

E como está sendo a sua preparação física?

Este período em que eu fiquei viajando direto até fiquei um pouco doente, porque saí de um lugar quente para um clima frio. Fiquei gripada. Mas eu procuro me alimentar bem. Principalmente porque que gosto de comer bastante. Eu como de tudo. Para o meu preparo físico tem o João Carlos, que é o professor que treina a gente no Titanzinho, que também cuida do Fabinho Silva. Na verdade, não tenho tempo de estar sempre me preparando fisicamente, mas procuro fazer exercícios em casa, no hotel, principalmente me alongando antes de cair nos campeonatos. Quando estou em casa, sempre estou com o João Carlos. Corro, pedalo, malho e faço sempre bastante alongamento.

 

Você falou que gosta de comer de tudo. Qual a sua comida preferida?

Feijão, arroz, peixe e salada.

 

Quando você começou, no Titanzinho, imaginava chegar a ser uma das melhores do mundo?

Eu sempre tive este sonho. Principalmente depois que eu fui vice-campeã mundial amadora. Tive algumas dúvidas do que eu realmente queria, botei na cabeça que eu era muito jovem, mas quando enxerguei o que eu estava querendo mesmo na vida, tendo o surf como prioridade em minha vida, vi que tinha uma responsabilidade muito grande. Meu sonho sempre foi estar junto das melhores, mas não imaginava estar tão bem quanto agora.

 

Esta parceria com a Jacqueline Silva, viajando e treinando juntas, ajudou?

Eu dou a maior força para a Jacque. Eu a quero muito bem, é minha amiga mesmo, de coração. Não só ela, o Bira (Shauffert, manager das duas) também. Ele dá a maior força. Quando a gente está viajando, procura fazer reuniões. Mesmo quando o Bira não está, ficamos eu e ela planejando como vai ser na bateria, porque este ano a gente sempre está caindo juntas. A Jacque é uma menina muito legal, gosta de ouvir e quando ela quer falar alguma coisa, paro para ouvir.

 

É uma ajudando a outra. É a versão feminina da dupla dinâmica Fábio Gouveia e Teco Padaratz?

É uma honra muito grande ter no WCT feminino nós duas como a versão do Fabinho e do Teco. Fica até parecido porque eu sou do Nordeste e a Jacque é de Santa Catarina. O apoio da Maresia está sendo fundamental para este bom desempenho.

 

Hoje você tem algum tipo de preocupação em relação a patrocínio?

A Maresia está me dando tudo. Eu não tenho do que reclamar. Graças a Deus, a minha vida melhorou 100% e continua melhorando. Não só em termos de dinheiro, mas em estrutura. Foi uma mudança muito radical. Tenho que agradecer ao Adriano e ao Maninho, porque eles não deixam faltar nada.

 

Para fechar, você já é uma surfista realizada?

Ainda falta o título mundial. Mas tenho certeza que o meu sonho não vai demorar muito para acontecer. Vai ser breve. É só aguardar.