Juliana Gadelha

Mentawai dos sonhos

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Em maio, mês do meu aniversário, realizei o que eu chamei de “o sonho do sonho”: Uma viagem de um mês pela Indonésia com direito a conhecer um pedacinho do paraíso, as Ilhas Mentawaii. Melhor presente da vida!

 

Como visitei a Indo antes, já havia realizado esse sonho, mas as Mentawaii ainda me pareciam algo quase que intangível. E quando eu finalmente cheguei lá, a experiência foi muito mais mágica do que eu podia esperar. Sim, era exatamente como eu desenhava no caderno: Ilhas desertas de areia branquinha e águas cristalinas. Muitos coqueiros e reefs de coral repletos de peixes multi-coloridos. Exatamente como nos filmes de surf, haviam ondas perfeitas e muitos tubos, inúmeros deles por todos os lados… Só que desta vez eu era a protagonista, vivendo aquele momento com cada um dos meus cinco sentidos, inclusive com o sexto deles, em uma sintonia incrível com a natureza.

 

Foi impossível não esquecer todos os problemas e manter a vibe no grau mais elevado possível. Assim permaneci por nove dias, transbordando de alegria e me sentindo um dos seres mais abençoados desse planeta. No mais puro êxtase, me vi abraçada a uma árvore gigante no alto da floresta, mirando a onda mais perfeita da ilha! Então comecei a me perguntar se eu merecia tudo aquilo…

 

Por lá, os comentários eram de que a temporada estava sendo atípica em termos de crowd. Provavelmente devido à Copa do Mundo, haviam poucos barcos e muitos dos surf camps estavam praticamente vazios. O que era bom, podia ainda ficar melhor: A temporada também estava sendo excelente em termos de onda, com ondulações constantes e muitos dias de combinação ideal entre direção do swell e do vento. O resultado foi de line-ups com ondas perfeitas, quebrando muitas vezes solitárias e que em certos momentos, vinham somente para mim.

 

Fiquei hospedada em uma ilha conhecida como Awera, pertinho da vila de Tua Pejat na ilha de Sipora, região central das Mentawaii, arquipélago que fica localizado na maior ilha da Indonésia, a Sumatra. Naquela semana, eu era a única hóspede de um pequeno, porém muito aconchegante surf camp que acomoda até 6 pessoas por trip. Todos os dias fazíamos duas saídas de barco para surfar e três refeições fartas e muito boas, seguidas de um bom descanso para recarregar as baterias, pois realmente é preciso muita energia para tanta onda boa como Telescopes, Scarecrows, Icelands, Tidur e vários dos secrets spots que existem por lá.

 

Dos picos mais famosos, o único que não surfei foi justamente a onda na frente do camp, uma direita rasa chamada “Suicides”. Pelo nome convidativo, você pode imaginar o porquê… Realmente não é o meu perfil. É uma das ondas com bancada mais exposta e das mais perigosas da região. Como eu já trazia alguns cortes no pé, lembrancinha do surf na ilha de Sumbawa, e com tantas outras opções funcionando bem, acabei não me aventurando nela.

 

Enquanto estive lá, surfei ondas de até 6 pés e por sorte, poucas vezes fui conferir o coral de perto, mesmo assim deu para sentir como ele é afiado e perigoso! Este é o tipo da viagem que você pode ir do sonho ao pesadelo em um drop e mais do que nunca é preciso respeitar o mar e o seu próprio limite. Mas não hesite, go for it! Surfar lá foi mais tranquilo do que eu imaginei.

 

Com o super apoio da Widex Travel, resolvi fazer um seguro para esta trip. Depois de três temporadas na Indonésia, hoje considero uma precaução muito importante para os viajantes. Os riscos são altos e a estrutura de saúde por lá extremamente precária, então melhor não arriscar, né? Por isso também é indispensável levar um bom kit de primeiros socorros, já que os cortes no reef são quase que inevitáveis.

 

Se você também sonha em fazer essa trip, aqui vão algumas dicas básicas: Botinhas! Se não destestar usá-las como eu, serão muito úteis. Quiver! É bem fácil quebrar pranchas nas fortes ondas da Indonésia, então leve pelo menos umas três: Uma maior para os dias mais pesados, uma boa de tubo e outra para as ondas do dia a dia e para merrecas, pois também nas Mentawaii existem aquelas valinhas “bonitinhas mas ordinárias”.

 

Importantíssimo passar protetor solar suficiente, com fator FPS alto, sempre usar óculos de sol e boné para evitar insolação. O sol é super forte e a água, morna! A alimentação tem que ser bem reforçada, com frutas e muita banana. Água! Litros de água, por favor. Se esquecer de beber muita água entre as sessões, vai acabar se desidratando. Eu dei mole com isso e passei mal logo no segundo dia da trip. Fui com sede de mais ao pote, literalmente, e perdi um final de tarde de tubos perfeitos me recuperando.

 

Agora, uma dica muito particular, mas não menos importante, do que se deve levar para lá e aonde quer que vá: Leve todo o seu respeito e alegria. Trata-se de um lugar especial e onde você vai receber muitos sorrisos, certifique-se de retribuí-los. No surf, respeite as prioridades e aguarde sua vez de surfar, tem muita onda boa para todos. Outra coisa, sempre atente para os sinais. Não pegou? Sem problemas, somente lembre disso e quando chegar lá você vai entender.

 

Ah, e é claro, não esqueça da câmera! Nem que seja um celular. Registre sua experiência de alguma forma para não confundir sonho com realidade, pois tem horas em que você parece não saber mais em que dimensão está! Eu aproveitei para registrar tudo que pude e o resultado você confere no blog e no Facebook.

 

Em breve voltarei aqui para contar sobre a magia de Bali. Até lá!