Questão de atitude

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A Gold Coast é um dos lugares mais procurados por surfistas e estudantes brasileiros que desejam viver o famoso lifestyle australiano. Foto: Nancy Geringer.
Depois da polêmica gerada pelo incidente com o estudante brasileiro Rodrigo Antenor Nunes de Souza, que alega ter sido espancado depois de uma discussão com um grupo de australianos, no início do ano, veio à tona a questão do localismo nas praias locais.

 

Entre as diversas abordagens e pontos de vista apresentados, chama a atenção a opinião do brasileiro Alexandre de Toledo Piza, morador de Sydney e internauta do Waves.Terra.

 

Em e-mail enviado à redação, ele expõe sua opinião e alerta para a responsabilidade das agências de viagens e turismo que vendem os pacotes do ‘sonho australiano’ aos estudantes e surfistas brasileiros.

 

?Eu moro na Austrália, numa praia chamada Fresh Water, nas praias do Norte de Sydney, que só tem um pico de surf, no canto, e possui muitos surfistas locais.

 

Deles, 99% trocam idéia comigo, cumprimentam, não me rabeiam e me tratam super bem, querem saber como são as ondas no Brasil, a mulherada e tudo mais.

 

Mas o 1% que sobra não vai com a minha cara, rabeia se puder, xinga se puder e não faz a mínima questão de mudar isso.

 

Nos picos de Manly, Queenscliff, Maroubra, Cronulla, Narrabeen, entre outros, não é diferente. Mas é assim em qualquer parte do mundo, sempre existem os marrentos, os que não curtem gente de fora.

 

E aqui na Austrália os brasileiros são de fora, nossa cultura é totalmente diferente, tanto no surf como fora da água, e a maioria não se liga que realmente estamos no pico dos caras e temos que nos adaptar, é só uma questão de respeito.

 

Aqui é comum vermos meninas lindas na balada dançando de forma provocante e muitas vezes isso é confundido com perversão, mas é apenas a cultura local, diferente da nossa. Só que os brasileiros chegam babando e apavorando, e isso acaba espantando as gatas.

 

É fácil identificar um brasileiro na Austrália, você vê na cara, principalmente entre a molecada. Os australianos têm cara de “paisagem”, estão sempre em paz, na boa, e os brazucas chegam aqui cheios de adrenalina, sedento pelas ondas, pela night, etc.

 

Não é fácil abrandar esse excesso de “testosterona” de uma hora pra outra. Na minha opinião as agências de turismo têm papel fundamental nessa questão e deviam orientar os clientes na hora de vender os pacotes.

 

Se esse tipo de comportamento não mudar, a molecada vai continuar a chegar aqui sem educação, achando que vai pintar, bordar e depois voltar pro Brasil dizendo que pagou de local a pegou todas na Austrália.

 

Muitas meninas brasileiras também chegam aqui esbanjando simpatia e charme e isso exerce um fascínio diferente nos gringos. É claro que todo mundo gostaria de morar num pico massa que nem aqui, e diante dessa realidade muitas acabam aproveitando os ?atributos? latinos para se dar bem.

 

Alguns aussies, por outro lado, já sacaram isso e também se valem da nacionalidade para faturar as brasileiras na maior e depois dispensam sem muita cerimônia. Mas é claro que não se pode generalizar e existem muitas pessoas que acabam se apaixonando e até casando nessa miscigenação cultural.

 

A síntese de tudo isso é que o localismo existe, sim, como em qualquer lugar, como também existe o desrespeito por parte dos brasileiros em uma terra que não é a deles.

 

As agências devem providenciar um ?manual de boas maneiras? para os visitantes, já que vendem o sonho de que a Austrália é um país tranqüilo de se viver, estudar, sair, etc. Todo mundo tem um limite e nós excedemos os limites dos australianos?.