Serginho Laus

Pororoca prejudicada

0

A temporada de pororoca deste ano na Amazônia foi bastante diferente. Depois de 14 anos vivendo experiências com altas ondas no meio da floresta, tivemos que nos contentar com marolas e ondas pequenas que não passaram de 1 metro de altura. Tudo isso reflexo da seca da foz do Rio Araguari, no Amapá.

 

Tive que sair de casa! Foi um sentimento difícil de assimilar e um choque. Coloquei na cabeça o objetivo de ir à busca de novos pontos na foz do Rio Amazonas e capacitar novos ribeirinhos, pois o trabalho não pode parar.

 

Devido à criação desordenada e a super população bubalina na região, aliada à construção de uma hidroelétrica na nascente do Rio Araguari, a foz do rio assoreou e os rastros do gado formaram novos rios que mudaram o percurso original do Araguari.

 

“É impressionante a mudança na região”, diz Márcio Pinheiro, prático e piloto na região. “Com essa boca nova do Araguari, o Arquipélago do Bailique está sofrendo com uma erosão frenética e descontrolada. Até o Bailique pode desaparecer”, conclui.

 

O ICMBio (Instituto Chico Mendes) da Reserva do Lago do Piratuba, margem da esquerda do Rio Araguari, está a frente das discussões com órgãos públicos estaduais e federais para buscar solução. “É preciso agir rápido ou não teremos mais solução”, diz Patrícia Pinha, chefe do ICMBio da Rebio do Piratuba.

 

Para ser mais direto, perdemos o Hawaii das pororocas. Estávamos em primeiro lugar no ranking mundial de ondas de marés, nada se comparava a força e as ondas do Araguari. Agora tudo mudou! A China vem em primeiro lugar unânime, Indonésia em segundo e Alaska dividindo com o Brasil a terceira posição.

 

Porém a beleza do lugar ainda permanece, é o que podemos viver no clip da retrospectiva da temporada de surf na selva 2014. Ondas pequenas e em outros pontos da foz do rio Amazonas.

 

Minha mudança foi para a foz do rio Amazonas buscando a maior pressão da maré, com um volume de água imenso, que foi anulado pelas gigantescas áreas de praias e águas rasas.

 

Assim as ondas não cresciam em tamanho e muita espuma ao longo do caminho. Neste ano as melhores condições ficaram no Maranhão, porém com diminuição da força em relação a última década.

 

Mesmo assim, a esperança é a última que morre e continuamos em busca da onda perfeita e mais extensa do mundo. O importante é permanecer lutando em prol da preservação da natureza e pelas comunidades e populações com maior necessidade.

 

Por isso dediquei essa temporada para apresentar a “Prancha Ecológica” na Amazônia. Construí a minha própria prancha com ajuda voluntária de amigos e motivei a coleta das garrafas pet que boiam no rio Amazonas para realizar uma oficina junto com Jairo Lumertz e Carol Scorsin, criadores desse projeto motivador, que é reutilizar um lixo que poderia estar poluindo nosso habitat natural para fazer pranchas de surf e SUP.

 

Confira mais experiências do surf na pororoca do rio Amazonas e com a Prancha Ecológica nos episódios de “As Aventuras de Laus” no site do canal OTV Curitiba;  ou na minha página no Facebook.

Obrigado aos irmãos Márcio Pinheiro, Coti, Rafael Lamarão, Rodrigo Recio, Andrezinho Carioca, Likoska, Gregg Newton, Bzinho, Geleia, Peruca, Gê, Neuma, Carol, Tonico, pelo suporte e alegria.

 

Agradecimentos especiais: Sumatra Surf, Goofy, Hot Buttered, G-Shock, Xtrax HD, Bully’s, ITA Travel Card, Academia Gustavo Borges, Prefeitura Municipal de Macapá (PMM), Restaurante Delicia Saudável, Supermercados Santa Lúcia, Vulcano, ECO Garopaba, SNS Fabrica de Idéias e Projetos, Instituto Pororoca e a equipe Surfando na Selva.