The Board Trader Show

Palavras do bicampeão

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Pela segunda vez consecutiva, o shaper Rodrigo Silva conquistou o concurso Master of Shape no The Board Trader Show 2017, em São Paulo, a maior feira de equipamentos de surfe da América Latina. O jurado, composto por shapers de renome, escolheu a réplica da Twin Surfboards dos anos 70 feita com plaina pelo fundador da SRS Surfboards.

O bicampeão da competição explicou que o desafio deste ano foi dobrado. “Ano passado já sabíamos qual prancha seria a que devíamos replicar, mas desta vez vimos a prancha somente na hora”, explicou Rodrigo.

O regulamento da competição exigiu que os shapers medissem a prancha somente uma vez dentro da sala de shape. Depois disso, a única referência do shape foi através do tato fora da sala, sem possibilidades de novas medições. O tempo máximo para completar foi de duas horas.

“Usei ao menos uns 20 minutos para medir. Ano passado, tinha completado a prancha em 1:53h, já neste ano cheguei na batida do sino em 1:59h. Era uma prancha diferente, muito difícil de shapear, com muitos detalhes, mas acabou dando tudo certo”, disse Rodrigo.

O shaper catarinense tem demonstrado ser de uma nova geração que, com a base na tradição, busca o aperfeiçoamento contínuo através da técnica, da introdução de novas tecnologias e da otimização dos processos de fabricação.

Um dos diferenciais do Rodrigo como shaper é a sensibilidade adquirida dentro do shape room e nas ondas. Honrando o lema, “De surfista para surfista”, Rodrigo testa incansavelmente na água os detalhes que irão ressaltar o comportamento das suas pranchas. “Nossa premissa é design, qualidade e performance. Boa qualidade de pranchas, com uma estética agradável e boa durabilidade. Como surfista, gosto muito de trabalhar a borda com velocidade, por isso acredito que a prancha deve ser segura e manobrável, com precisão de movimentos”, responde, e confessa que o surfista brasileiro é um dos clientes mais exigentes do mundo.

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Rodrigo Silva testando seus modelos em Mentawai. Foto: Divulgação.

 
Mais surfe, mais pranchas

A SRS produz com as melhores matérias primas do mercado para chegar a padrões de qualidade iguais aos das melhores fábricas no exterior. Esse trabalho contínuo fez com que, em 2014, Rodrigo Silva fosse convidado por Christian Juchem para produzir e gerenciar no Brasil a Channel Islands Surfboards – by Al Merrick – a maior fábrica de pranchas do mundo.

A empresa saiu de uma estrutura de 160 metros quadrados para uma fábrica 580 metros quadrados que a levou a ser hoje uma das cinco maiores fábricas de pranchas do Brasil.

A SRS também fabrica no País as marcas australianas Emery Surfboars, Jr Surfboards e Hot Buttered Surfboards, da lenda Terry Fitzgerald, além das Pukas Surfboards, a maior fábrica de pranchas da Europa.

Para Rodrigo, porém, o maior ganho vem da interação pessoal com os grandes shapers e atletas; dessa troca de ideias, conversas, e dos olhares diferentes que se juntam num objetivo só: fazer aquela prancha que te faça surfar mais.

“Meu grande passo foi ter espaço para visões diferentes, ganhar bagagem através dessa relação com os shapers e atletas de ponta como o campeão Adriano de Souza, que contribuem com seu feedback. Também Jessé Mendes, que encomenda conosco. Posso citar Terry Fitzgerald (HB), que, além das suas pranchas, me presenteou com sua a motivação para ficar mais tempo na água. Esses pequenos detalhes fazem a diferença muito além do trabalho”, afirmou.

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Equipe da SRS que invadiu a The Board Trader Show. Foto: Divulgação.

 
Novo Epóxi

No marco da feira The Board Trader Show deste ano, a SRS lançou seu novo modelo Enigma – Epoxy Core – um novo conceito na fabricação de pranchas de epóxi. Com bloco sem longarina, o reforço da prancha foi desenvolvido através de um tecido de carbono no fundo e uma alma de Divinycell que oferece rigidez, com ganho extra de flex. “Sempre ficamos um pouco afastados da prancha epóxi até chegarmos à certeza do que realmente queríamos a mais neste modelo. Lançamos uma tecnologia com teste de materiais dentro e fora da água. Com base em nosso modelo padrão, modificamos o design para o máximo ganho no comportamento no epóxi”, adianto Rodrigo, que testou a prancha junto com a equipe de atletas da marca.

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Rodrigo durante a premiação da Harley-Davidson Master of Shape. Foto: Divulgação.

Porque estamos aqui

“Nada acontece por acaso, e o fruto do nosso esforço sempre acaba recompensado. Ganhar um título tão importante como este nos faz refletir um pouco sobre a trajetória e as pessoas que de alguma maneira participaram e participam de tudo isso, é assim que gostaria de agradecer e dedicar esse prêmio: a meu filho Pedro e minha esposa Fabiana, que trabalha comigo e que sempre está ao meu lado nos momento bons ou ruins.

Aos meus pais Waldir e Ivinia, que sempre me incentivaram, e aos meus avós; também aos meus irmãos Maria Eduarda, Eduardo e Marcelo, que me apresentou o surfe e lamina minhas pranchas desde o início.

Agradeço também ao shaper carioca Eduardo Crivela, que em 1999 esteve em Floripa (SC) e me abriu as portas da sala de shape para vê-lo trabalhar; a Virgil, shaper e proprietário da Watsay Surfboards na Espanha, que me abriu as portas para shapear pranchas em sua fábrica, e que me ensinou muito do que eu sei; a Alan Emery, shaper e proprietário da Emery Surfboards, minha primeira marca licenciada no Brasil; a Jason Rodd, shaper e proprietário da JR Surfboards; e Christian Juchem, proprietário da Channel Islands no Brasil, que me convidou para trabalhar com ele em 2014 e me abriu muitas portas, com isso tive a oportunidade de shapear pranchas para Adriano de Souza, por quem tenho maior carinho, respeito e admiração; a Jaime Azpiroz, que me convidou para trabalhar com a Pukas no Brasil; a Axel Lorentz, shaper da Pukas; a Terry Fitzgerald, shaper e fundador da Hot Buttered, pessoa incrível que respira surfe e é uma inspiração.

 

Finalmente, a toda a equipe da SRS Surfboards, familiares, amigos e clientes que nos acompanham e torcem por nós. Meu muito obrigado a todos.”