Espêice Fia

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Para aproveitar a deixa do último Espêice Fia, quando relatei a sorte que eu e Teco Padaratz demos ao viajar bastante de primeira classe – ou “business class” – em nosso primeiro ano de tour, reviro mais uma vez o meu antigo baú de fotos. Vamos ao comentário de mais alguns retratos.

Foto 1 Eu e Teco Padaratz com os menus abertos para refeição na classe executiva da Japan Airlines. Vale ressaltar que naquela época o espaço e o conforto eram inferiores aos dias de hoje nesta classe. Já a classe econômica (que sempre viajo nos dias de hoje, pois acabou a boiada), piorou. Menos espaço e serviços de bordo inferiores.

Foto 2 Em nosso primeiro evento no pico de Santa Cruz (O’Neill Cold Water Classic), em 1989, Califórnia (EUA), quase não chegamos a tempo para as baterias. Nossa van “ferveu” e ficamos horas parados na estrada próxima a São Francisco.

Sem camisa, tento resolver alguma coisa no motor (como se entendesse de mecânica). Já Piu Pereira observa do lado oposto com Picuruta Salazar ao meio (ainda cheio de cabelo) soltando alguma gracinha que era costume. Essa viagem havia sido cômica, afinal, com a presença de Picuruta sempre era.

O santista era o piloto da barca e uma das nossas diversões de moleque era mudar a sintonia do rádio por meio de um dispositivo na traseira da Van. Picuruta sintonizava a estação e nós mudávamos em seguida. Demorou para ele notar nossa astúcia e as risadas eram muitas. Só pra não deixar passar, lembro do “Gato” (apelido do Picuruta) surfando em Steamer Lane apenas de short-john. Temperatura a 5ºC, todo mundo de 4/3 mm e o maluco com pernas e braços de fora. Coragem!

Foto 3 Este outdoor na parede de uma loja de conveniências na Pine Street, em Manly Beach, Austrália, não existe mais. Na pintura, o tetracampeão mundial Mark Richards. Nunca imaginávamos que alguém pudesse bater seu recorde, nem mesmo o próprio Kelly Slater (acho que já li sobre isso, nem ele acreditava).

Naquela época, e durante ainda muito tempo, a Coca-Cola investia pesado no surf. Eram os famosos Cokes Classics, que de Manly depois passou para North Narrabeen. O “catoquinho” abaixo do Mark sou eu, tentando imitar o estilo “gaivota ferida”.

Foto 4 Ainda na Austrália, Gold Coast, Kirra Point. Em outra oportunidade posto uma foto melhor do pico em seus bons tempos. Mas, nesta, é apenas para averiguarem que a espuma batia no estacionamento, contornava a curva. Perdeu-se Kirra, ganhou-se Superbanks.

Foto 5 Quiver de sete pranchas que me acompanhava em meu início no tour. Todas com quilhas fixas. Nos dias de hoje, que trambolho! Viva os plugs de encaixe! Quanta facilidade para as viagens! O bom da época era que não ficávamos indecisos no quesito cair com qual modelo de quilha.  Já os danos eram maiores, muitas vezes chegavam quebradas aos destinos, mesmo sendo bem embaladas. Na época, eu era bastante adepto das canaletas. Cinco das sete pranchas deste quiver tinham os “6 cilindros”.

Foto 6 Palanque do Quiksilver Pro montado no reef de Grajagan no ano de 95 (trabalheira para os nativos). Começava ali o dream tour da ASP. O evento foi um marco, tudo que precisávamos para alavancar o surf na época. 

Foto 7 Time brasileiro presente em G-Land. Carlos Burle e Pedro Muller venceram uma votação mundial e foram os wild-cards. Coisa inédita! Ninguém acreditou! Acho que o Jojó e o Renan Rocha foram os melhores dos nossos e ficaram na quinta posição. O careca venceu. Surfando “muuiiiiito!”.

Foto 8 Teahupoo clássico! Esta foi a terceira edição do evento e primeira sendo WCT. Era o ano de 99 e a primeira edição havia sido em 97. Em 98 foi o ano do primeiro grande mar no pico quando o australiano Koby Alberton, em resultado controvertido, venceu o havaiano Conan Hayes. Até então, não acreditávamos que ondas como aquelas poderiam existir. Bom, Teahupoo até hoje segue com surpresas. Que o diga o WT do ano passado e a sessão histórica de tow-in.

Foto 9 Cloudbreak limpo! E o tour dos sonhos ia sendo reforçado. No canal, o Quiksilver Crossing atracado dando um charme especial. Acho que também se tratava do ano de 1999.

Foto 10 Apesar dos 12 anos passados, a foto me parece recente. Parece que foi outro dia que estávamos em Porto de Galinhas para o desfile do Mundial da ISA. Diz a lenda que quando um país sedia os jogos, os resultados são excelentes. Esperamos que na Copa 2014 e no Rio 2016 sejam também desta forma. De fato, o Brasil aqui foi campeão por times em resultado inédito. Já Fabio Silva, que aparece da esquerda para a direita, seguido por Armando Daltro, eu e Rafael Becker, sagrou-se campeão também da categoria principal.

Foto 11 Nas duas semanas de ISA na Baía de Maracaípe, fortes chuvas marcaram presença. Houve alagamentos e rodovias interditadas. No entanto, boas marolas prevaleceram durante todo o evento. Aqui, uma série com a brisa do terral marcava uma manhã de disputas preliminares.

Foto 12 No ISA de 2000, o Hawaii ficou com o vice-campeonato. O time era forte e Joel Centeio, para nossa contrariedade, venceu Marcondes Rocha e Bernardo Pigmeu na Júnior. Geralmente, os times levam “mascotes”, tal como no mundial de Porto Rico em 88, Neco Padaratz foi pelo Brasil e Shane Dorian pelos havaianos. Em Maracaípe, John John já poderia ter ido pegar experiência.

Bom, não tardou, esta foto é datada de agosto de 2002, durante a perna europeia do WQS. Bem pequeninos, John John “Juvenal” e John John “Juvenal Júnior” aparecem na praia de Lacanau. O futuro chega rapidamente, o “galeguin” já é o líder do Men World Ranking na soma dos oito resultados no momento. Medina segue na segunda posição, seguido de Adriano de Souza na terceira. Ambos ainda sem a soma de todos os resultados. A briga promete ser muito boa e a torcida é claro, Brasil!

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.