O fim das esquerdas da Prainha

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#No início dos anos 70 existiu um projeto de saneamento para a cidade de Santos que previa o lançamento do esgoto no mar, com a tubulação coberta por areia e pedras.

Com isso, a bancada do local mudou, e para melhor. Esquerdas e direitas longas e muito manobráveis surgiram no local, inaugurando o hoje famoso Quebra-Mar de Santos. Os talentos locais não demoraram a aparecer e logo o Brasil começou ouvir nomes como Almir, Lequinho e Picuruta Salazar.

O trio de irmãos acompanhou de perto o nascimento de um dos picos mais famosos e constantes da região. ?Quando entrava o swell rolavam altas ondas, direitas longas e uma esquerda que cruzava a ponta do pier e terminava numa prainha?, lembra Picuruta, revelando como surgiu o nome da famosa esquerda da Prainha de Santos.

#Porém, recentemente foi feito um aterro no local de mais ou menos 30 metros dentro do mar. A idéia não incluía prejudicar as ondas, mas não foi o que ocorreu. Picuruta Salazar afirma que o projeto foi mal elaborado e acabou com as ondas na Prainha, além de não ter havido nenhuma consulta com os surfistas locais.

?A realidade é uma só: acabaram com as ondas da Prainha, jogaram pedras dentro do mar na ponta do emissário e não consultaram pessoas que conheciam a bancada do local como nós, surfistas que estamos aqui há mais de 20 anos?, diz indignado Picuruta.

Almir tem boas lembranças das esquerdas que surfou na Prainha nas décadas de 80 e 90. ?Aqui rolava até tubo. Cheguei a pegar esquerdas longas que formavam paredes alucinantes?, conta o shaper Almir Salazar.

#?Somente com um projeto em que os surfistas participem dando suas opiniões, ou talvez no decorrer dos anos com a própria natureza, a antiga bancada pode voltar?, acredita Picuruta.

Ao contrário de seu irmão, Almir acredita que será muito difícil o pico voltar a quebrar como antigamente. ?Com esse prolongamento do Quebra-Mar sem um estudo específico da bancada, não acredito que as esquerdas da Prainha voltem a funcionar?, lamenta Almir.

Rumores sobre novos projetos no local são ouvidos o tempo todo, como o acervo da história do maior jogador de futebol de todos os tempos, o Museu Pelé. Mas e o surf? Será que as autoridades irão repensar o projeto que praticamente acabou com as ondas da Prainha? #Os surfistas esperam ansiosamente por uma resposta…