Espêice Fia

Noronha para masters

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O Circuito Master da CBS quase sempre tem rolado em ondas insatisfatórias, mas no último fim de semana, a Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha, recebeu uma turma inoxidável.

A expectativa era alta, mas infelizmente as boas ondas só apareceram um dia depois de o evento ter sido promovido. Na prática o surf prometia, mas muitas baterias aconteceram em condições difíceis, com na maioria das vezes os surfistas fazendo uma ou duas manobras. Quando este número aumentava, era sinal de nota excelente. Que o diga Jojó de Olivença. Encaixado ao extremo, levou as categorias Grand Master (40 a 45 anos) e Kahuna (45 a 50 anos).

Além do baiano, o morador de Itajaí, Mickey Hoffman, venceu a Grand Kahuna e Pedro Lima, tal como na primeira etapa em Maracaípe e em grande fase, foi campeão na Master.

Esta etapa distribuiu premiação em dinheiro e foi um bom atrativo para os que participavam. Mesmo em nosso Havaí, poucos legends esticaram até Noronha. Presença notada de Ricardo Tatuí, que, aliás, não perdeu a competitividade. Na terceira fase da Kahuna, disputou ferozmente uma onda com Jojó e ambos acabaram penalizados com dupla interferência. O pico era para os dois lados, e o que poderia ser uma confraternização para ambos, custou a penalidade.

Bom para o catarinense Junior Maciel, que além de ter surfado bem, maximizou suas chances de avançar em meio ao disputado confronto. O vice-campeão em Maracaípe, Fabrício Junior, entregou também a possibilidade de vitória quando interferiu na onda de um de seus oponentes, deixando Pedro Lima livre pra ampliar a soma total de 2000 pontos no ranking. 

Entre os surfistas locais, destaque para o power surf de Caia Souza, finalista na Grand Master, ficando com a quarta colocação. Mesmo nas marolas, quando o “negão” soltava o pé, o lip “chega corria com medo”.

A Marands mais uma vez abraçou o evento na ilha e o resultado final deixou os proprietários felizes, a ponto do cancelamento dos voos de volta no domingo – devido a chuvas torrenciais – não frustrá-los em perder a segunda-feira de trabalho.

E quem não partiu no domingo se deu bem, pois na segunda-feira as ondas deram o ar da graça, com cerca de 1 metro e meio nas séries e algumas maiores. Na hora em que parti para arrumar minhas tralhas, elas já vinham quebrando da laje. A torcida para mais um dia de chuva era grande, mas o Sol raiou e os voos extras foram chegando para acomodar a turma do dia anterior. Mar perfeito e linhas entrando: este era o visual da aeronave sobrevoando o arquipélago na despedida.

Tive a impressão de que esta temporada não foi das melhores. Poucos swells grandes e ventos fortes atrapalharam, mas uma vez na ilha, sempre rola um surf nesta época do ano, e os que puderam estar presentes no evento torcem para que outras edições ali aconteçam.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.