Espêice Fia

Me, myself and I

0

Sou apenas um surfista que, entre muitos, em determinado momento da vida ou carreira teve a oportunidade de ter um espaço para escrever em uma publicação.

Esse espaço já “foram alguns”, seja nas principais revistas e sites de surf do país. Mas estou sempre indo e voltando, pois poucos colunistas têm o dom de se manter eternos como Fred D’Orey e Ricardo Bocão, como também atualmente Júlio Adler, entre outros, que mesmo não tendo uma carreira surfisticamente falando, se solidificaram com o passar dos anos.

No caso desse espaço aqui no Waves, não tenho regra alguma, aliás, a regra é publicar o que for fluindo. Não existe demagogia, panela, política ou qualquer outro termo que venha atrair comentários indignados. Pode muitas vezes parecer diferente, mas a maioria das pessoas não sabem como funcionam as coisas.

Às vezes falo sobre algum tema, ou retrato uma session de surf aqui, outra ali e às vezes as pessoas cobram algo. Seja um nome que não foi mencionado, uma foto que não foi publicada. Mas claro, todos tem o lado da razão e não sou eu que as tirarei. A única coisa é que às vezes os fatos são diferentes. Esquecimento de um nome ou até mesmo falta de conhecimento. Uma foto que saiu do foco ou definitivamente não tinha o mínimo de qualidade pra ser publicada e, é claro, não passa na mesa de edição da redação.

É isso que muitas vezes explico pra turma. Claro que tem de tudo, mas na maioria das vezes, tudo rola em torno do levar ao público o melhor material. Simplificando, meu trabalho é divulgar o surf. Adoro falar sobre ele, divulgar ele e as pessoas que o têm como esporte, seja na profissão ou por puro lazer. Mas o espaço aqui é esse, “fluindo”. Role o que tiver de rolar.

Mas, falando de espaço, muita gente reclama da falta dele. Eu já reclamei também, não tenha dúvida. Mas hoje em dia, a internet está aí, tudo ficou globalizado e quem quiser espaço não precisa esperar por ninguém, pode muito bem no mínimo criar e fazer o seu próprio. Não há nada de tão difícil em criar uma home page, blog, face… Aprendi com a vivência e é o que procuro repassar.

Outro dia estava em casa, era cedo, e o dia estava bonito e ensolarado. Matutando e contactando pessoas para trabalhar, decidi produzir eu mesmo um material de divulgação depois que nenhum de meus contatos deu certo naquele dia. O fotógrafo estava ocupado com uma coisa aqui, o videomaker tinha outra coisa para fazer ali, e foi isso o que fiz: botei a roupa de borracha, tasquei a Go Pro no bico de minha prancha e parti por surf. 

Aliás, mais uma vez mencionando a tal camerazinha. Ô bichinha funcional da “gota serena!”. Tão boa quanto a aparição da internet no caso da auto-divulgação. Com um pouco de paciência, é só ler o manual e partir pra ação.

 

Se não quiser ter perrengue em uma caída legal, o aconselhável é que aproveite um dia ruim de surf para aprender a trabalhar com o material, pois com certeza vai existir uma pequena ralação. Ter um produto 100 % logo de início é um pouco difícil. Seja um acerto no ângulo da câmera em relação à pessoa, o apertar o botão de gravação e, é claro, conseguir gravar por um bom tempo sem embaçar a lente.

Aliás, este é um inconveniente que a Go Pro tem. Geralmente fico desligando e ligando a câmera para que a mesma não esquente e não embace rápido com o choque de temperaturas. Não é o ideal, pois desta forma acaba-se sempre perdendo alguma ação.

 

A turma vem descobrindo truques, uns cobrem a caixa com metal tape, outros colocam algodão, passam detergente na lente e alguns já me deram um toque sobre um produto para tirar a umidade. Guarda-se a caixa dentro de um recipiente fechado com esse produto. Infelizmente não lembro agora o nome, mas, com certeza, algum internauta vai postar o comentário com a indicação. O legal desse espaço é isso, pois sempre tem alguém que complementa a informação ou compartilha alguma ideia.

 

Voltando à session, procurei encher umas linguicinhas com uma tomada aqui, outra ali, uns visuais e, depois das imagens adquiridas, a edição. Essa parte me toma mais tempo e exige mais da minha paciência, pois gosto muito mais de capturar o material do que editar. Se tiver dúvidas sobre os programas de edições, joga no Google que está cheio de tutorial ensinando. Eu não tenho paciência pra procurar nem ver os ensinamentos todos, mas sei que ali tem tudo. Aprendo mais mesmo é fuçando.

As ondas neste dia estavam em torno de 1 metro, fechando um pouco, porém a câmera próxima deu um ótimo resultado. Aliás, o fato da gravação ser dentro da água já cria outra perspectiva, o visual é magnífico. Se botar em câmera lenta então…

Neste dia busquei fazer o vídeo e algumas fotos. Infelizmente acabei perdendo a melhor onda surfada. Devia ter mesmo era gravado em vídeo, pois depois teria feito fotos da filmagem. A real é que ao mudar a função pra foto sequencial, acabei não apertando direito o botão. Na adrenalina em ligar a câmera e dar o REC, não me liguei no sinal sonoro. Logo constatei que não havia feito a coisa certa. Tudo dá um certo trabalho e muitas vezes o cara acaba nem curtindo tanto a sessão, pois a preocupação com a gravação acaba deixando a coisa um pouco tensa.

Mas nada como ver depois o material capturado. Se ficou ruim, não desista, tente outra vez. Mas, se ficou bom, pura alegria e é só postar. Seja enviando aqui pro Waves ou jogando em qualquer segmento interativo. Alguns exemplos de self-production que lembro ter visto aqui no Waves foram sessions de Adriano de Souza, Caio Ibelli e Thomas Hermes.

Já vi alguns muito legais de surfistas desconhecidos, mas é aquela coisa, se não saiu aqui no mínimo bota no “livro-focinho” (Facebook) que corre o mundo.

Abraços e boa session.

 

Foto de capa Arquivo Pessoal

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.