Espêice Fia

Hawaii em disparada

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Entre um swell e outro, nada como um passeio para comprinhas junto com os “fios”. Foto: Arquivo Pessoal.

Quando se trata do Hawaii, o mês parece voar. Passa muito rápido! Já em minha casa em Floripa, acompanho agora pelo “Uêivis” o desenrolar da temporada.

 

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Em minha última semana no North Shore, fui pego de surpresa por uma forte virose junto com outros surfistas como William Cardoso e Thiago e Léo Guimarães.

Na ocasião, havíamos aproveitado um dia de flat para ir até a “town” (nome em inglês de cidade). E um dos nossos estava adoentado. Dito e feito, sobrou para quem estava com o organismo mais fraco.

Não que nos alimentamos mal, mas às vezes os “bichinhos” pegam… Éramos uns nove dentro de uma van com os vidros fechados, ar-condicionado ligado e “sonzera” nas alturas.

Comédia. Ao descermos no shopping Ala Moana, não parava de sair nego de dentro da ambulância (nossa van era branca). Estes passeios em dias não muito proveitosos para o surf serviam para dar também uma desopilada, são legais.

A galera se diverte, principalmente com um monte de moleques zoadores. As compras são de todos os tipos, pois nesta época de final do ano haja presentes para esposa, filhos, familiares, amigos, namoradas etc…

Mas a turma gosta também é de comprar brinquedinhos para si próprio. Nego entra no shopping e não sai da loja da Macintosh, que aliás vive entupida. Impressionante! A loja de bonés Lids também é sempre movimentada e a molecada passa pelo menos uma hora lá.

Tem “chapeleta” de tudo quanto é jeito. Desde o estilo Justin Timberlake até o finado Michael Jackson, passando por Chêz, Fidel’s style e finalizando com os de carteiro e peões de obra de 20 anos atrás – que agora estão na moda né?

Na town vale uma passadinha no Swap Meet, ao lado do Aloha Stadium. Lá rola uma feira livre com tudo quanto é coisa típica e tralha em geral, incluindo “garage sale” (bazar com vários cacarecos), onde achei uma “tabla véia” dos anos 70.

Valeu a compra, saí de lá doido para surfar com a bichinha. Mas, como peguei uma virose, acabou não dando tempo, pois quis aproveitar o swell com outras pranchas do quiver que ainda não havia usado.

Não cheguei a ver ao vivo a fase inicial do Pipe Masters, mas nada como a internet para nos fazer estar presente e torcer pelos brasileiros que estavam na degola.

 

Ufa, agora são mais três classificados para a próxima temporada. Acompanhei um pouco a expectativa de Alejo Muniz que, com um pé no WT, teve de esperar o desenrolar da primeira fase de Pipe para enfim gritar: “tô dentro!”. Mas do que merecido, o cara vem surfando brilhantemente e vai ter carreira sólida entre as “cobras criadas”.

Complicadinho este novo sistema que nego criou. Heitor Alves havia ganhado quatro etapas dos WQS, tava dentro, mas segundo o matemático “Osvaldo” de Souza, tinha 99,9% de chances…

A internet também me salvou quando vi Raoni vencer Sunset de pertinho, pois naquela ventania não queria piorar da gripe. Foi legal também ter acompanhado a excelente transmissão com replays e tudo mais, já que da praia só mesmo com um belo de um binóculo para ver as sutilezas das manobras da galera.

Fiquei todo arrepiado ao ver Raoni no tudo ou nada em sua última onda. Duas batidas girando no lip contra uma onda não finalizada decentemente por Julian Wilson. 

Tudo bem que tava super hiper raso, mas “Vitóriazássa”. Os gringos não paravam de elogiar Raoni. E eu de quebra ainda ia pegando carona, pois nego relatava minha vitória em 91, no tempo que os “bichos falavam”…

Foi um jejum grande, mas outros chegaram bem próximos. Como Léo Neves, por exemplo, que merecia o caneco três anos antes. Mesmo baleado, ainda deu pra pegar um Laniakea clássico.

 

Paredes verdes de até 2 metros com algumas maiores. Crowd da “bexiga”, mas sobrando onda também. Mestre Curren tava lá com seu filho mais novo, um “katitinha” de uns 10 anos… Moleque tava embalado, puxou o papito.

Quando o swell e o vento Nordeste encarnam no North Shore, este demora muito para mudar. São muitos “knots” que deixam as ondas voltadas para a direita. Formam-se vários point breaks e Ehukai fica demais.

O “cabra” pega uma onda lá, passa por Pipe, Backdoor e sai lá na “baixa da égua”, já em Off-The-Wall. Rocky Rights também fica uma pista, para a felicidade dos regulares e também dos goofy-footers, pois as curvas de costas para a onda em alta velocidade ficam bonitas.

A temporada que vinha boa, agora deu uma trégua. Pipe paralisado e torcida para que as condições mudem. La Niña, minha filha, dê uma forcinha aí “pros” meninos!

Aloha, Fia.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.