Phil Rajzman

Foco de campeão mundial

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Phil Rajzman ergue a taça de campeão mundial em 2016, na China. Foto: WSL / Bennett.

 

Atual campeão mundial de Longboard, o brasileiro Phil Rajzman prepara-se mais do que nunca para buscar seu terceiro título em um trabalho de muito foco, treinos, disciplina e superação, depois de ter sofrido uma séria contusão e ter rompido a musculatura do bíceps durante a primeira etapa do Circuito Mundial no início do ano, em Papua Nova Guiné.

 

Ainda assim conseguiu ficar com a nona colocação no evento e sabe que terá um duro trabalho para correr atrás do prejuízo, mas isto não é suficiente para intimidar um dos melhores longboarders que o mundo já viu em ação, conhecido por sua explosão dentro da água e radicalidade extrema, sem deixar os princípios do estilo clássico de lado também.

 

Ao contrário do que vimos nas últimas temporadas, e do ano anterior em que o troféu da temporada da WSL foi decidido em apenas uma etapa, neste ano teremos uma segunda em Taiwan, que já era tradicional na divisão de acesso e agora ganha status de “primeira divisão” no Longboard Championship Tour (LCT), o que ainda traz chances reais ao brasileiro de buscar mais uma vitória, como fez em seu primeiro título mundial, em 2007.

 

Recentemente, no final de julho, Phil mostrou que está se recuperando melhor do que nunca e que o trabalho sério está dando resultados. Em condições pesadas e adversas do mar na Playa El Elio, em ondas com mais de 2 metros, ele colocou seu preparo físico à prova para encarar a arrebentação e a força das ondas em um mar como este, de longboard e no ritmo intenso da competição. Como se não bastasse, ainda venceu o Huanchaco Longboard Pro, com direito a nota 10 na decisão, vitória que lhe rendeu o título Sul-Americano.

 

Trocamos uma ideia com Phil. Confira a seguir.

 

Phil, o que você achou de este ano termos duas etapas para decidir o campeão mundial da temporada 2017?

 

Nos últimos anos tivemos diversas mudanças na quantidade de etapas do Circuito Mundial de Longboard da WSL. Acho muito importante ter aumentado novamente e agora termos duas etapas para definir o campeão mundial da temporada. Acredito que a tendência é que nossa modalidade se fortaleça cada vez mais.

 

Quanto mais etapas a WSL fizer, mais nosso esporte se profissionalizará e mais fácil ficará de se encontrar atletas com constância maior de resultados. Como dependemos muito de fatores da natureza, em um evento só fica mais difícil de encontrar um equilíbrio, porque cada atleta se beneficia em uma condição diferente do mar.

 

Às vezes as ondas estão maiores, outras menores, às vezes mais cheias e outras mais buraco.
Então com mais etapas fica mais estimulante, pois o campeão vai ser aquele que tiver a melhor combinação de resultados e não mais depender da vitória em apenas um evento.

 

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Phil Rajzman exibe sua habilidade fora do comum nos tubos de Pipeline, Havaí. Foto: Gordinho.

 

O que aconteceu exatamente na primeira etapa em Papua Nova Guiné? Como você acabou se machucando?

 

Na primeira etapa de Papua Nova Guiné, eu acabei me lesionando durante os treinos, no próprio evento. Eu rompi o bíceps, mas mesmo assim continuei na competição, passei mais uma bateria e acabou que fui pra fase de três competidores. Esta quarta fase no longboard é diferente da pranchinha, em que ninguém perde. No long, os dois primeiros passam e o terceiro é eliminado.

 

No caso, como eu estava com o bíceps rompido, não estava conseguindo remar direito e não consegui disputar as ondas com o Harley Ingleby e o Antonie Delpero. Eles acabaram pegando as melhores e eu não consegui pegar nenhuma boa o suficiente para passar essa fase.

 

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Phil Rajzman competiu machucado em Papua Nova Guiné no início do ano. Foto: WSL / Hain.

 

E como está sendo a recuperação?

 

Voltei pro Brasil e tive que ficar dois meses parado, fazendo fisioterapia e todo o processo de recuperação. Na sequência voltei a treinar, e com apenas um mês de treino já fui competir a etapa do Peru, que era válida pelo título Sul-Americano também. As condições estavam extremas e consegui ganhar o campeonato.
 
Foi um evento em que eu precisei buscar muito a questão da superação e provavelmente foi o maior desafio físico da minha carreira, porque o mar estava grande 8 a 10 pés, tinha muita corrente e a água estava super gelada. Optei por competir sem a roupa de borracha, para diminuir o peso e a resistência.
 
Enfim, consegui me superar e acabei vencendo o campeonato e o resultado foi graças a um trabalho em equipe com o fisioterapeuta Patricki Vilão, a Quiroprata Elisa Dallegrave e Ortomolecular Dra. Andrea Scherer do @integrativo eles vem sendo fundamentais neste trabalho de recuperação e manutenção da minha saúde.
 
Quando voltei pra casa, minha mulher me perguntou qual tinha sido minha maior lição. Então, pensei e disse a ela que minha maior lição foi entender que a mente domina o corpo, porque eu ainda não estava preparado 100% fisicamente para essa competição, mas ganhei força com o trabalho mental. Colocando os objetivos e a questão da superação acima da parte física, mentalizando e afirmando coisas positivas.

 

Aproveitamos o evento com o melhores do longboard Sul Americanos para Iniciar as gravações para terceira temporada do programa 9 Pés, que vai estrear em 2018 no Canal OFF.

 

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Phil Rajzman se joga nas ondas peruanas e fatura o título Sul-Americano de 2017. Foto: Renato Moreno / Olas Norte.

 

Quantas temporadas do programa vocês já gravaram pro Canal OFF?

 

Iniciamos as gravações da terceira temporada de 9 Pés lá no Peru. Desta vez, o diretor Rafael Mellin do Grupo Sal vai mostrar também um pouco das competições. A temporada começou muito positiva com a vitória de dois Brasileiros no evento, a minha e a da Atalanta Batista, que tirou nota 10 na final conquistando o tricampeonato sul-americano da carreira.

 

E como estão os preparativos para Taiwan?

 

Estou muito confiante e muito focado para a etapa de Taiwan, que é a etapa decisiva. Com a nona colocação na primeira etapa, dependo de uma combinação de resultados mas ainda tenho chances de levar o título mundial de 2017, vou pra lá buscar a vitória com foco total na busca por mais um título mundial.

 

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Phil Rajzman também investiu no estilo clássico para vencer no ano passado na China. Foto: WSL / Hain.

 

Sempre vejo grande quantidade de longboarders nos line-ups por aí. Como você acha que está a presença deste esporte hoje pelo mundo afora?

 

Recentemente tive acesso a uma pesquisa de um empresário na Califórnia, que revela que a cada 10 pranchas vendidas no mundo, oito são longboards, então acreditamos que se o longboard tiver um pouco mais de investimento e atenção, assim como a pranchinha tem, o potencial deste esporte explodir é muito grande.

 

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Pódio do Huanchaco Repalsa Longboard Pro 2017, em Playa El Elio, Peru. Foto: Renato Moreno / Olas Norte.

 

Aliás, tem um empresário na Califórnia promovendo um novo evento, né?

 

Em junho recebi uma ligação que me deixou amarradão. Um investidor norte-americano decidiu realizar algumas etapas reunindo os 16 melhores surfistas de longboard da atualidade. Isso é fantástico para a gente! Aceitei de bate-pronto a convocação, e já estou pilhado para a primeira etapa. Será de 25 de setembro a 06 de outubro em Malibu na Califórnia. Além de mim e Rodrigo Sphaier na profissional, a Chloé Calmon e a Atalanta Batista irão competir na categoria Profissional Feminina, e o Caio Teixeira na categoria Log, voltada para o estilo clássico. O evento se chama Surf Relik.
 
Esse investidor tem know-how de marketing, é um mega empresário e apaixonado por longboard. Não tenho a menor dúvida de que essa novidade fará muito bem para todos do meio, além de ser uma clara demonstração do crescimento da modalidade.

 

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Phil Rajzman em 2007, na celebração do seu primeiro título mundial. Foto: Arquivo Pessoal.