North Shore

Explosão de ondas em Avalanche

0

Segunda-feira, na hora do meu almoço recebo uma ligação do surfista Luiz Jardini, me intimando a ir fotografar: “tow in em Avalanche, a primeira bomba do ano!”, exclamou.

 

Avalanche fica no outside reef de Haleiwa, North Shore havaiano. Eu nem estava checando as previsões de swell, já que há duas semanas estourei meu joelho em Rock Point – e ainda está muito mal.

 

Mas pensei que aquela poderia ser uma boa oportunidade de fazer boas fotos, não tenho caixa estanque e consegueria uma emprestada com ele. Combinamos tudo e às 5 da manhã do dia seguinte nos encontramos no Haleiwa Harbour. Ele me intimou: “E aí vai surfar?”.

 

“Vou, ou não vou?”, pensava e repensava, já que havia oito anos que não descia uma  onda de tow in. Decidi levar minha prancha.

 

Cheguei lá e o Luiz estava a postos com um pirralinho casca-grossa que também ia. Era o Moacir Freitas, conheço o moleque desde que era quase de colo, foi capa da Fluir ano passado. Com 13 anos, Moacir encheu os olhos da galera e surfou verdadeiras bombas em Avalanche com a experiência de um veterano.

 

Uma coisa irreal, eu com 13 anos jogava futebol de botão, bola de gude. Ver uma criança com uma atitude tão profissional, me deixou chocado. Ele é o futuro das ondas grandes. Depois de ver este show, pedi ao Luiz para ser puxado. Mal cheguei ao outside e a galera começou a estranhar um cara sentado de bodyboard no jet-ski. 

 

As séries demoravam e já começava a ficar crowd, com quatro duplas de tow in na água. Deu para pegar algumas ondas, a cada uma que entrava me sentia na cena do surfista Mike Parson no filme Billabong Odissey (guardadas as devidas proporções). O drop não terminava e a onda não parava de armar.

 

A velocidade, o medo de embicar, controlar meus pés, manter uma linha e fugir do lip era coisa mais do que suficiente para me fazer não sentir medo. E nem dava tempo, Luiz foi um mestre no quesito me colocar no lugar certo na hora exata.

 

Depois da quinta onda eu não tinha mais braço para ser puxado, aí veio uma ideia que não aconselho a ninguem. Inspirado nos vídeos do Brian Cooley, Luiz me deu a ideia de fazer o seguinte: ele aceleraria o jet o máximo que desse, eu ficaria sentado atrás e simplesmente pularia do jet para a onda. “Vamos”, respondi em um ato repentino de pura coragem e não tentando pensar muito nas possibilidades.

 

Veio a primeira, um cara ficou muito atrás e desistiu. Não deu outra, é essa. Ele acelerou e a onda armou bem do meu lado, ele disse: “Pula!”.

 

Foi uma experiencia única fazer algo deste jeito, sem pensar e sem saber o que daria. Foi bem doido. Não sou um big rider, muito menos um profissional, sou um surfista bodyboarder normal, sou do povão. Nessa hora vi que de gênio e louco todo mundo tem um pouco.

 

Pulei, o impacto foi muito desagradável e a primeira impressão que tive é que iria voltar com o lip. Nesta hora, o colete salva-vidas pode até te salvar, mas também atrapalha demais, sambava entre mim e o bodyboard. A prancha deu uma freada, e a onda já estava meio em pé. A partir daí foi só ladeira abaixo, surfei até o canal e os outros mal acreditavam em um bodyboard naquela onda.

 

Um cara chegou a afirmar que eu estava doido, mas peguei mais duas assim e terminei minha aventura por aí.

 

Tony, pai do Moacir, pegou altas também e junto com o Luis dropavam as ondas mais para dentro do pico o possível. Finalizamos e fomos para Harbour, aí me lembrei do joelho, que agora está dez vezes pior e me rendera uma visita ao medico ainda esta semana. Vou feliz da vida.


Para obter mais informações sobre o trabalho do fotógrafo Luís Cláudio Duda, envie mensagem para [email protected].

 

Leia mais

 

Confira novo Podcast