Bruno Tessari

Papo com o filmmaker

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Bruno Tessari, filmmaker, surfista e metaleiro. Foto: Marcelo Araújo.

 

Quem assiste às séries de surfe na TV certamente conhece o nome Bruno Tessari. Criado nas ondas com a talentosa turma de Balneário Camboriú (SC), Tessari construiu nos últimos anos uma sólida carreira filmando e editando diversas produções do Grupo Sal para o Canal Off – como as séries “Diário das Ilhas”, “Brazilian Storm”, “Hidrodinâmica” e “9 Pés” -, além de realizar também trabalhos de publicidade para marcas como Red Bull e Nike.

 

Com seu jeito simples, fala mansa e humor afiado, somado ao seu talento por trás das lentes, Tessari conquistou a amizade e a confiança dos principais surfistas profissionais do Brasil, e, nos últimos anos, vem produzindo uma série de perfis com esses atletas.

 

O resultado desse trabalho se revela em curta-metragens que invariavelmente reúnem alta qualidade de fotografia com ótimas trilhas sonoras – fruto do seu conhecimento e paixão pela música.

Em meio às constantes viagens e gravações, ele concedeu entrevista a Luciano Burin:

 

Como você desenvolveu a sua relação com o surfe e as artes, e como enxerga a ligação entre estas atividades?

 

Meu trabalho está diretamente relacionado ao surfe. Comecei quando tínhamos aquela vontade de se ver surfando, então, na época, eu, Pablo Aguiar, Mickey Bernardoni e Alan Fendrich vivíamos indo à praia com uma handcam e tripé dos mais simples possíveis, só para quebrar o galho mesmo. Era pura curtição. Com o tempo comecei a filmar os campeonatos locais, depois vieram os atletas e as marcas.

 

Seus projetos mais recentes giram em torno de curtas que trazem perfis individuais de surfistas profissionais. Conte um pouco sobre a produção destes trabalhos, a sua abordagem pessoal, o processo criativo e o grau de envolvimento dos surfistas na escolha do conteúdo.

 

Sim, os trabalhos que mais gosto de fazer são os curtas. Curto vivenciar e contar a história desses caras. Alguns têm muito conteúdo fora do surfe, muita história pra chegar até onde chegaram.

Tento passar ao menos uns 20 dias com o personagem, isso direto, sem pausa, assim consigo prestar atenção nos detalhes, manias e hobbies, aí fica mais fácil tudo acontecer, para o cara se soltar e esquecer que ali tem uma câmera.

A trilha sonora pra mim é 50% do filme, sempre fui muito ligado à música, tive banda por muitos anos e até hoje faço som todos os dias, então tento ver a pegada do atleta e fazer o som encaixar com seu estilo.

 

Como você enxerga a evolução das séries de TV e do material web ligado ao surfe que vem sendo produzido no Brasil e no mundo? O que te chama atenção em termos positivos e negativos?

 

Hoje, acho que a única emissora que está pagando pelas produções no Brasil é o Off, então não tem muito pra onde correr – se tratando de TV. A web cresceu muito. Acho que esses “Netflix da vida” podem ser uma boa saída. O surfe cresceu muito por aqui, mas quem está ganhando dinheiro mesmo é o Medina (risos).

 

Cite algumas das suas principais inspirações no universo das artes – dentro e fora do surfe.

No surfe, o Taylor Steele, desde que assisti ao Momentum 1, não deixei nenhum de seus filmes passarem em branco. Hoje, tem o Joe G, que faz filmes bem legais também. Fora do surfe tem os diretores de fotografia César Charlone e Matthew Libatique, que fizeram a fotografia de alguns dos filmes que mais gosto.

 

Se você tivesse uma verba ilimitada para produzir algum trabalho artístico ligado ao surfe, o que faria?

 

Com certeza chamaria alguns amigos filmmakers pra aproveitar isso junto, e tentaria explorar alguma onda nunca filmada e colocaria ao menos uns 10 dos melhores surfistas. Ao final da produção, todos os filmmakers teriam direito a um mês só surfando sem carregar uma pelican (risos).

Acho que contrataria alguém do tipo Metallica pra produzir a trilha, você falou verba ilimitada! (risos). Ah, detalhe, eu peguei onda com eles em Sunset. Fui obrigado a tietar na água.

Matéria originalmente publicada no blog Surf & Cult.