Espêice Fia

De Jampa para Floripa

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Com poucas ondas em minha passagem pela Paraíba na semana retrasada, presenciei uma verdadeira “ondulação” de tartarugas.

Enquanto observava uma molecada matando barata para ganhar velocidade nas marolas do Intermares, avistei um flamenguista cavando um buraco na beira da praia. De longe achei que o cara tentava plantar um pé de coco, mas logo me toquei que se tratava de Valdi Silva, proprietário do Bar do Surfista e integrante do Projeto Guajiru, que luta pela preservação das tartaruguinhas na região.

Apenas naquela “série” foram umas 160 tartarugas de uma só vez e para um grande público que formou-se em pouco tempo. No surf por ali, alguns talentos seguem revelados, como é o caso de José Francisco, o “Fininho”. Naquele final de tarde ainda tentei um força barra com uma fish 5’4” quadriquilha, mas o surf foi mesmo para relembrar os velhos tempos, pois estava realmente difícil.

No dia seguinte, depois de despertar às 4 horas da matina, dei aquela esticada até a praia Bela com os amigos Alexandre Calcinha e Alexandre Palitot. A session foi ainda gravada e fotografada por Sergio Aguiar. Acidentado no passado, Sergio teve uma perna e um braço amputados. Mas não tem tempo ruim para o cara, sempre com um sorriso no rosto, ele prova que quem reclama da vida está é de bucho cheio.

Com sua perna postiça, Sergio desce o barranco e fica horas clicando. Por sua fisionomia, percebia-se que estava muito amarradão. Em meio ao surfari, vi algumas tomadas de um vídeo que a turma preparava para enviar ao programa Caldeirão do Huck e tentam pleitear um equipamento atualizado para que Sergio siga seu trabalho.

Para completar, um rolé na “Johnny People City” (João Pessoa), passeio rente ao casario antigo na cidade baixa. Saudades da terrinha!

De Jampa para Floripa. Mais uma vez o campeonato Pro Junior na praia do Campeche. Show de Ítalo Ferreira e Krystian Kymerson. Ondas quase flat durante o período do evento e maral de Sul na final, porém com condições surfáveis e principalmente ótimas para os aéreos. Vantagem para quem era goofy nas rápidas esquerdas. Nunca vi tanta facilidade em completar os giros aéreos. Era como se fosse um simples “cortar” para qualquer ser normal.

Final de semana seguinte e começo de feriadão bombando. Foi a vez de Barra do Sul, Norte do estado, receber o Brasileiro Universitário. As ondas no sábado estavam clássicas. Nunca tinha visto Barra do Sul assim, com vários tubos e paredes lisas. Verdade que estava um pouco difícil de se posicionar no mar, mas quando a turma se encontrava, boas notas apareciam.

Baterias disputadas, atletas de Norte a Sul do Brasil e show de surf em várias categorias. Destaque para a Open, que integra aqueles atletas que almejavam uma carreira competitiva no mundo e na hora “H”, acabaram optando pela segurança dos estudos.

André Mói, catarinense da Univali, “moeu” a categoria. Na minha terra eu diria que o cabra estava virado num “mói” de coentro, pois eram tubos nas eliminatórias e alguns aéreos giratórios. O potiguar André Fagundes ficou em segundo. Na categoria Feminino, só três atletas compareceram nesta etapa e na sequência ficaram Raphaela Bahia (CE) , Gabriela Silveira (RN) e Luana Pini (SC).

Na “Formados”, cujo o nome da categoria me chamou atenção: Master Degree (onde os caras arrumaram este?), Phelipe Maia e André Fagundes saíram campeão e vice respectivamente. Na Estudantil, o potiguar Jackson Rodrigues surpreendeu ao vencer a segunda prova consecutiva, já que na primeira etapa, em Baía Formosa, havia levantado o caneco. Fernando Paulino, de Santa Catarina, ficou com o vice.

E o que fui fazer em um evento de surf universitário? Seria pleitear uma categoria formados em “Surfologia”? Não, brincadeirinha, na verdade meu filho mais velho Igor, que cursa Ciências Sociais na UFSC, foi tentar defender a liderança no ranking da categoria Free Surf, em que participam os “calouros”. Saiu de lá na frente com o segundo lugar, pois Johnny Ferreira foi o grande campeão. 

Depois do encerramento da prova, uma aconchegante entrega de prêmios com a saída do sol, já que a primeira friaca do ano havia “aperriado” os meninos no sábado e naquela manhã de domingo.

E já ia me esquecendo, desfile da garota universitária levou os “surfers boys” ao delírio. Cada uma mais bela que a outra. Fiquei gravando, mas a patroa Elka ficou de jurada. Ops! Tranquilo, era meu segundo trabalho. Olhem o Rái Êite 100 tripé no Woohoo em breve!

Ao final da terceira e última etapa que será no Ceará, no meio do mês de maio, serão conhecidos os grandes campeões de 2012. Já? Tão cedo? E tem carro zero na Open e motos nas demais categorias. Rapaz, o negócio está bom, melhor que os circuitos amadores. “Hômi”,vamos botar uma categoria Surfologia! Irão chover formados!

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.