Coluna do Doc

Cuidados com a ingestão de água

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O bairro de Paúba, em São Sebastião, litoral norte paulista, é um dos locais afetados pela água mal tratada. Foto: Renato Gimenez.
A ingestão de água durante o dia é um hábito muito saudável e auxilia diversas funções do nosso organismo. Para quem pratica esportes, essa prática é ainda mais importante, pois mantém o corpo hidratado, melhora o desempenho e evita lesões.

 

Porém, não basta se preocupar apenas em beber água, como também com o tipo de água que está se bebendo. Quem freqüenta o litoral norte de São Paulo está no meio de uma guerra de informações entre a Secretaria Estadual da Saúde e a Sabesp.

 

A primeira, através do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano no Litoral Norte, divulgou o seguinte relatório:

 

“O resultado da performance do tratamento é péssimo nos bairros de Maresias e Paúba, na Costa Sul de São Sebastião, e Itamambuca, em Ubatuba. Em Maresias, as análises mostraram água turva, cloro em níveis reduzidos em 27% das amostras e bactérias em cinco das oito medições mensais. Paúba apresentou baixo nível de cloro em 17% das amostras e bactérias em excesso em quatro das nove análises mensais. No bairro Itamambuca foram constatados excesso de bactérias em sete das 12 medições mensais e falta de cloro em 26% das amostras”.

 

Em outros bairros da região há resultados de processos bons e com restrições, ainda com situações inadequadas, como nível de cloro abaixo do exigido, excesso de bactérias e turbidez na água. O sistema Barra do Una/ Sahy, em São Sebastião, por exemplo, apresentou boa performance de tratamento, embora excesso de bactérias em quatro das sete amostras mensais.

 

Boiçucanga, também em São Sebastião, aparece com número de coliformes acima do padrão em 17% das amostras e com a classificação de tratamento inadequado, mas resultado bom. Os bairros Vermelha do Sul e Maranduba, em Ubatuba, também aparecem com tratamento inadequado, mas resultado regular e bom, respectivamente.


Faltou cloro na água fornecida na praia Vermelha do Sul em 24% das amostras. No Maranduba, excesso de bactérias em cinco das 12 amostras e também falta de cloro em 27% das amostras.

 

A Sabesp, por sua vez, contesta o laudo. José Ricardo Manckel Amadei, superintendente da Unidade de Negócios da Sabesp, reconhece que o relatório da Secretária de Estado da Saúde apontou anomalias na água.

 

“Mas fizemos a verificação nos pontos de todas as amostras e todas deram resultado negativo, ou seja, 100% potável”, afirma Amadei.

 

Quem sofre com isso são os moradores e freqüentadores da região, pois diversas doenças podem ser transmitidas pela água. Conheça mais detalhes sobre cada uma delas:

 

Cólera (Víbrio cholera)

 

Sinais e sintomas: Diarréia abundante, vômitos ocasionais, rápida desidratação, acidose, câimbras musculares e colapso respiratório.

 

Amebíase (Entamoeba histolytica)

 

Sinais e sintomas: Diarréia aguda e sanguinolenta acompanhada de febre e/ou calafrios.

 

Gastro-enterite viral (Rota vírus)

 

Sinais e sintomas: Diarréia e vômitos que levam à desidratação grave.

 

Hepatite – Vírus de Hepatite A (infecciosa)

 

Sinais e Sintomas: Febre, mal-estar geral, falta de apetite, icterícia.

 

Desinteria bacilar (Bactéria shigella)

 

Sinais e Sintomas: Fezes com sangue e pus, vômitos e cólicas.

 

Recomendações:

 

– Se você tem casa na região, mantenha as caixas d’água sempre limpas (higienizadas pelo menos uma vez ao ano).
– Tenha dois filtros, um de parede (aquele que se instala na saída da água) e outro comum de barro, lembrado de higienizá-los constantemente.
– Se você vai esporadicamente à região, prefira tomar água mineral.
– Nunca tome água da torneira
– Procure um médico sempre que tiver alguma diarréia.
– Nunca tome remédio para “cortar”a diarréia.